Cidades e transportes

Infraestrutura foi ampliada, mas ainda é considerada insuficiente

22/09/2011 - 08:25  

Apesar de precária se comparada à de países desenvolvidos, a infraestrutura cicloviária brasileira tem apresentado avanços nos últimos anos. Segundo levantamento feito em 2007 pelo Ministério das Cidades, que considerou municípios com mais de 60 mil habitantes, existiam cerca 2.500 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas no País. Dados atualizados, mas ainda extraoficiais, dão conta de que, atualmente, esse número teria praticamente duplicado, chegando a cerca de 4.500 quilômetros.

Atualmente, a cidade brasileira com a maior infraestrutura no setor é o Rio de Janeiro, com cerca de 160 quilômetros de ciclovias. O governo do Rio adotou o projeto Rio Capital da Bicicleta, que tem como meta dobrar a malha até 2012 e concentrá-la onde ela se faz mais necessária, que é a zona oeste.

Para o coordenador do Programa Bicicleta Brasil na Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana (Semob), Cláudio Silva, a infraestrutura atual ainda é insuficiente.

Como exemplos de cidades que implementaram projetos com resultados positivos no setor, ele destaca Sorocaba (SP), Rio de Janeiro, Aracajú (SE), Teresina (PI) e Joinville (SC) – esta última conhecida como a cidade das bicicletas, pelo fato de onde aproximadamente 10% da população utilizar esse meio de transporte. Em 2009, Joinville contava com 67 quilômetros de ciclovias. Outros 83 quilômetros estão constam de projetos já elaborados.

Curtas distâncias
O principal tipo de deslocamento que poderia ser mais bem aproveitado com o uso das bicicletas é o de curtas distâncias. “Estudos comprovam que o uso da bicicleta é o meio de transporte mais eficiente para distâncias de até 5 quilômetros”, disse Silva. Em relação a deslocamentos mais longos, ele ressalta a necessidade de integrar o uso das bicicletas com outros meios de transporte, como ônibus e metrô. “Em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, já é possível carregar a bicicleta nos metrôs”, afirmou.

Em relação às atividades desenvolvidas ao longo dos quatro anos de existência do Programa Bicicleta Brasil no âmbito do Ministério das Cidades, ele afirmou que basicamente os esforços se concentraram em mobilização e incentivo. “Existem programas específicos em municípios que se transformaram em realidade graças ao Bicicleta Brasil”, disse. Silva concorda com a ideia de que, ao conferir caráter de lei ao programa, como prevê o PL 6474/09, além do apoio técnico-institucional, será possível principalmente contar com fontes para investimentos no setor.

“O fato de o projeto prever fontes de recursos para financiar projetos de infraestrutura cicloviária é um grande avanço em comparação ao que temos hoje, pois existe uma demanda muito grande por esse tipo de obra e quase sempre os municípios não tem capacidade de implementá-las”, observou.

Segundo a Associação Brasileira de Consultores de Engenharia, o custo médio para a construção de cada  quilômetro de rodovia é de R$ 800 mil. Conforme Silva, no caso de sistemas cicloviários, os valores seriam bem mais baixos: R$ 200 mil por quilômentro no caso de ciclovias (porque envolve passeios, calçadas e outros componentes de mobiliário urbano) e cerca de R$ 60 mil no caso de ciclofaixas.

Reportagem – Murilo Souza
Edição - Wilson Silveira

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.