Trabalho, Previdência e Assistência

Relator da Previdência apresenta complementação de voto nesta quinta

A comissão especial que analisa a reforma encerrou a discussão da proposta e começa a analisar requerimentos de adiamento da votação, que fazem parte da estratégia de obstrução da oposição

26/06/2019 - 18:53  

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Reunião Ordinária para discussão e votação do parecer do relator, dep. Samuel Moreira (PSDB/SP
Marcelo Ramos (E) prevê que votação será na semana que vem caso todos os requerimentos de adiamento sejam rejeitados

Com o fim da discussão da reforma da Previdência (PEC 6/19), ficou marcada para quinta-feira (26), a apresentação da complementação de voto do relator da proposta, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). Ele antecipou que não fará mudanças significativas em seu parecer.

O presidente da comissão especial, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), informou que após a apresentação, os deputados votarão requerimentos de adiamento da votação, que fazem parte da estratégia de obstrução da oposição. Caso todos sejam derrubados, Ramos marcará a reunião para iniciar a votação da reforma.

"Se nenhum dos requerimentos de adiamento de votação for aprovado, eu acho que vai ficar claro a possibilidade de votar no início da semana que vem. Se um deles for aprovado, nós temos que esperar o número de sessões do Plenário previstas no requerimento de adiamento", disse.

Discussão
A discussão do parecer à reforma da Previdência foi encerrada nesta quarta-feira (26), depois de quatro dias e mais de 30 horas de debate. 127 deputados mais os líderes partidários discursaram sobre a proposta. Muitos pediram mudanças no parecer.

Samuel Moreira afirmou, entretanto, que seu voto complementar deve ter cerca de 5 páginas. Ele informou que deve manter, por exemplo, as regras de transição para quem já está trabalhando e as regras de cálculo dos benefícios.

"A estrutura toda da reforma, que é a regra de cálculo, regra de pensão, regra de acúmulo de pensão, regra do próprio cálculo do benefício será mantida. É uma reforma do sistema como um todo. E essa estrutura de idade mínima também se mantem".

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Reunião ordinária para continuação da discussão e votação do parecer do relator, dep. Samuel Moreira (PSDB/SP). Dep. Alessandro Molon (PSB-RJ)
Para Molon, cálculo das aposentadorias e pensões, regra de redução de pensões e tempo mínimo de contribuição para homens são os três aspectos mais graves para a oposição

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) destacou justamente alguns desses itens como os mais preocupantes para a oposição. "O cálculo das aposentadorias e pensões, a regra para redução de pensões, e também o tempo mínimo de contribuição para homens. São os três aspectos mais graves no nosso entendimento".

BNDES
Samuel Moreira também disse que já foram feitos muitos esforços para melhorar a situação de policiais e professores na reforma. Mas sinalizou alguma alteração no dispositivo que reduz repasses do PIS/PASEP para o BNDES, muito criticado pela oposição.

O deputado Tadeu Alencar (PSB-PE), por exemplo, disse que o BNDES gasta apenas 1% do PIB em empréstimos para que as empresas façam investimentos, enquanto bancos semelhantes da China e Alemanha gastam mais de 10%.

Desigualdades
Durante a discussão, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) argumentou que o sistema previdenciário atual reduz as desigualdades. "A idade onde a desigualdade social é menor, é na velhice por conta da Previdência Social. A Previdência Social é o maior programa de distribuição de renda em uma sociedade desigual".

Já o deputado Paulo Azi (DEM-BA) afirmou que não é fácil votar a reforma, mas que isso é necessário. "A diminuição de taxa de natalidade e o aumento da expectativa média de vida do brasileiro provocou um descompasso entre os recursos que ingressam no sistema e aqueles que são utilizados para pagamento das pensões e aposentadorias".

Regime geral x regime próprio
Para Nelson Pellegrino (PT-BA), o relator deveria separar a situação dos servidores públicos da situação dos trabalhadores em geral. "No regime próprio, você tem estabilidade do servidor. Se você colocar a idade, ele vai até a idade. Porque tem estabilidade. No caso do regime geral, o trabalhador não tem estabilidade. E com a reforma trabalhista, o nível de precarização é muito grande".

Outras propostas
Apesar de apoiar a reforma, o deputado Geninho Zuliani (DEM-SP) disse que o governo tem que apresentar outras propostas para garantir o desenvolvimento do País. "Não pode ser um governo de uma agenda só. Qual vai ser a agenda do governo federal para o segundo semestre? Qual a agenda para o ano que vem? E para o terceiro ano? E para o quarto ano?", indagou.

Destaques

Até às 18 horas dessa quarta-feira, 46 destaques à reforma já haviam sido apresentados por partidos e deputados. 12 deles, que são de partidos, têm que ser votados separadamente. Esses destaques buscam alterações no texto e vão ser votados após a votação do substitutivo do relator.

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Reportagem – Sílvia Mugnatto
Edição – Geórgia Moraes

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