Segurança

Psol vai defender CPI para investigar milícias

O deputado Marcelo Freixo fez o anúncio durante entrevista coletiva em que falou sobre a prisão dos assassinos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes

12/03/2019 - 14:02  

Najara Araujo/Câmara dos Deputados
Coletida de imprensa sobre o caso Marielle Franco. Dep. Marcelo Freixo (PSOL - RJ)
Marcelo Freixo, durante a entrevista coletiva da bancada do Psol

O deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ), que era amigo pessoal e ex-chefe da vereadora assassinada Marielle Franco, disse em entrevista coletiva na Câmara dos Deputados que seu partido irá propor nos próximos dias uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a ação de milícias – grupos armados que defendem interesses particulares e visam lucro e poder – em todo o País.

Na avaliação de Freixo, a prisão, nesta terça-feira (12), de dois suspeitos de terem cometido o assassinato de Marielle e de seu motorista Anderson Gomes, que dirigia o carro em que ela estava, não encerra o caso.

Ele sustenta que mais importante do que saber quem matou Marielle é descobrir se há mandantes do crime e se eles têm ligação com milícias que atuam no Rio de Janeiro. “Se nós não descobrimos a razão, a motivação da morte da Marielle, a gente não tem democracia nesse País. Não é porque Marielle era de esquerda, não é porque Marielle era do PSol. É porque há um grupo político no Rio de Janeiro, no século 21, capaz de matar como forma de fazer política. Isso é inaceitável”, disse Freixo.

Crime e política
Freixo lembrou que Marielle Franco começou na política em 2006, quando integrou a equipe de campanha que o elegeu deputado estadual no Rio de Janeiro, passando a assessorá-lo por 10 anos. “Em 2008, quando eu fiz a [Comissão Parlamentar de Inquérito] CPI das Milícias, Marielle trabalhava comigo. E a CPI conclui dizendo que crime, polícia e política não se separam no Rio de Janeiro”, disse Freixo, cobrando a investigação da participação de milícias no assassinato da vereadora.

Segundo ele, a CPI acabou levando à prisão de muitos investigados, mas as milícias não deixaram de existir porque continuam ajudando a eleger políticos. “Não é aceitável que as pessoas, até hoje, façam política negociando com o crime. Isso deve ser cobrado independente de ter ou não vínculo com a [morte da] Marielle”, concluiu Freixo.

Citando o caso do Rio de Janeiro, Freixo afirma que o crime dá lucro político. “A gente tem que pagar com a vida da Marielle o preço da insegurança e do conluio político de tantos anos na segurança pública de vários governos”, disse.

O deputado, que há 10 anos é acompanhado por seguranças por ter sofrido ameaças de morte, disse ainda que só se sentirá mais seguro com a elucidação dos mandantes do crime de Marielle. “Nós não vamos ficar seguros se a gente aumentar em dois, três, quatro o número de seguranças. Vai nos deixar mais seguros saber que grupo político está por trás da morte de Marielle. Quem foi capaz de fazer isso”, finalizou.

Ouça esta reportagem na Rádio Câmara

Os suspeitos de matar a vereadora carioca Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018, que foram presos nesta terça-feira (12) são o policial militar reformado Ronnie Lessa, 48 anos, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos. As investigações apontam que Ronnie fez os disparos contra a vereadora e Élcio dirigiu o carro usado para levar o executor.

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Roberto Seabra

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.