Saúde

Especialistas em saúde defendem criação do Dia Nacional dos Celíacos

Intenção é dar visibilidade para o problema de intolerância ao glúten, que atinge dois milhões de pessoas no País

29/08/2017 - 13:21  

Antonio Costa/AENPr
Agropecuária - plantações - trigo grãos
O glúten é uma proteína encontrada em cereais como trigo, cevada e centeio

Especialistas da área de saúde defenderam, nesta terça-feira (29), a criação do “Dia Nacional dos Celíacos”. Eles participaram de audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família sobre o assunto. Os celíacos são pessoas com intolerância ao glúten – proteína encontrada no trigo, na cevada e no centeio.

A doença celíaca acomete pessoas geneticamente pré-dispostas, mas é ativada pela ingestão do glúten, provocando inflamação no intestino e má absorção de nutrientes.

Na Câmara dos Deputados, já tramita o Projeto de Lei 6666/16, da Comissão de Legislação Participativa, que institui o “Dia Nacional da Pessoa com Doença Celíaca”, a ser celebrado em 20 de maio de cada ano. Nesse dia, já é celebrado o “Dia Internacional dos Celíacos”, mas a data não foi oficializada no Brasil.

O diretor do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Hishan Mohamed, destacou que existem dois milhões de pessoas com o problema no País. Mohamed apoia a criação do Dia Nacional dos Celíacos para dar visibilidade ao problema e ainda para possibilitar o diagnóstico precoce. Segundo ele, as campanhas educativas são primordiais.

Tratamento no SUS
Zaíra Maria Salerno, representante do Conselho Nacional de Saúde, defendeu não apenas a aprovação do projeto de lei que cria o Dia Nacional dos Celíacos, como a implementação do protocolo da doença no Sistema Único de Saúde (SUS), para que as pessoas possam ser diagnosticas e tratadas na rede pública.

Diretora do Departamento Atenção Especializada e Temática do Ministério da Saúde, Maria Inês Gadelha salientou que já existe um protocolo para a doença no SUS, desde 2009, mas faltaria a efetiva implantação por estados e municípios. “Temos que divulgar o protocolo e melhorar a qualidade da informação não só da população como dos médicos”, disse. Coordenadora-geral de Alimentos do ministério, Michelle Lessa informou que o órgão já trabalha na divulgação do protocolo para os profissionais da Atenção Básica da Saúde.

Já a presidente da Federação das Associações de Celíacos do Brasil, Cleoneide Pinheiro, defendeu a criação de uma política nacional de apoio aos portadores de doença celíaca. A medida está prevista no PL 6166/16, do deputado Ságuas Moraes (PT-MT). Relator do projeto, que tramita em conjunto com outras 11 propostas sobre o tema, o deputado Mandetta (DEM-MS), afirmou que a ideia é condensar as propostas em um só texto.

Problemas enfrentados
A presidente da Associação de Celíacos do Brasil (Acelbra), Elda Galvão, salientou que o único tratamento disponível para a doença é uma dieta isenta de glúten por toda a vida. De acordo com a palestrante, estima-se que 1% da população mundial tenha a doença celíaca. Mas esse número pode estar subestimado, já que há dificuldade de se ter acesso ao diagnóstico.

Galvão disse que, na infância, há muitas crianças com dor e distensão abdominal, dificuldade de ganho de peso e de crescimento ou problema de pele, por exemplo, sem saber que têm a doença. “Muitas vezes o diagnóstico leva até 10 anos, após a manifestação dos primeiros sintomas”, afirmou. A presidente da Acelbra chamou atenção ainda para o “preço exorbitante” praticado no mercado para alimentos sem glúten.

Rótulo de alimentos
A nutricionista Priscila Farage salientou que o glúten está presente em quase todos os alimentos industrializados que a população consome. Segundo ela, faltam opções sem glúten não apenas em restaurantes e bares, como em cantinas escolares, hospitais e hotéis.

Farage criticou ainda a falta de regulamentação da lei que tornou obrigatória a identificação dos alimentos com glúten nas embalagens ou rótulos (Lei 10.674/03). Segundo ela, os fabricantes de alimentos são obrigados apenas a informar se há glúten na composição do alimento, mas isso não garante que o alimento não passou por processo de contaminação. Ela apontou a ausência de sistema de controle e de vigilância para avaliar esse processo.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Sandra Crespo

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