Saúde

Para psicólogas, adolescentes precisam de atenção dos pais e também da escola

16/05/2017 - 14:56  

Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
Seminário sobre o jogo Baleia Azul. Psicóloga, Marisa Lobo
A psicóloga Marisa Lobo, que atende jovens envolvidos com grupos temáticos na Internet

Psicólogas presentes ao seminário lembraram que a adolescência é um período de muitas dificuldades e que diversos fatores, de forma bem complexa, podem levar um jovem a sentir o desejo de “sumir”. Alguns casos envolvem ainda transtornos mentais (90%), como depressão, ou até tentativas anteriores de suicídio.

“É um período de passagem, de crise, de transformação. O adolescente está na busca da pertença, para sentir que faz parte. Ele precisa ser ouvido, acolhido, direcionado”, afirmou a terapeuta familiar Elisabete Comparini.

A psicóloga Marisa Lobo disse estar atendendo neste momento a 14 crianças e adolescentes que se envolveram com o “Baleia Azul”. São jovens, segundo ela, que sofrem bullying na escola, querem aceitação dos colegas e até manter a popularidade entre os amigos, além daqueles que enfrentam problemas em casa, como a separação dos pais ou cobranças em demasiado.

Aos pais, a psicóloga recomendou que escutem mais seus filhos e demonstrem afeto. “Vivemos a geração do menor digital abandonado. Crianças e adolescentes estão crescendo sob os cuidados da internet, sem a presença dos pais em suas vidas. Temos, nessa cultura vigente, a família como algo dispensável”, observou.

Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
Seminário sobre o jogo Baleia Azul. Repres.da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio-ABEPS, Fernanda Benquerer
A psiquiatra Fernanda Benquerer também recomendou a realização, nas escolas, de trabalhos de prevenção ao suicídio

Papel das escolas
Para Marisa Lobo, a prevenção do suicídio deveria ser trabalhada também na escola de forma contínua. A recomendação é a mesma da psiquiatra Fernanda Benquerer, que representou a Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (Abeps).

Segundo Fernanda Benquerer, a prevenção do suicídio deve ser trabalhada nas escolas, que podem identificar estudantes em risco e encaminhá-los a tratamento. Para isso, todo um trabalho deve ser feito também com os profissionais da educação.

A mídia, na avaliação da psiquiatra, também pode ser um risco para quem apresenta vulnerabilidade a comportamento suicida. Por isso, os casos de suicídio não devem ser alardeados ou glamourizados. O tema, ao contrário, deve ser abordado de forma responsável e com indicação de onde buscar ajuda.

Reportagem - Noéli Nobre
Edição - Ralph Machado

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.