Política e Administração Pública

Senadores responsabilizam governo Dilma pela crise econômica do País

Em seus discursos os parlamentares também afirmaram que não poderiam fechar os olhos às denúncias de corrupção no governo. Senadores aliados ao governo voltaram a afirmar que o processo de impeachment é um golpe institucional contra a democracia

12/05/2016 - 08:02  

Ao todo, 68 senadores, além do relator Antonio Anastasia, discursaram durante a sessão plenário do Senado que admitiu o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Poucos parlamentares entraram nos detalhes da denúncia (pedaladas fiscais e abertura de crédito suplementar sem autorização legislativa), mas diversos deles atrelaram a crise econômica à gestão fiscal do governo Dilma.

Marcos Oliveira/Agência Senado
Política - Impeachment  - Votação admissibilidade no Plenário do Senado 12.05.16
Debates no Plenário duraram mais de 20 horas, a votação, no entanto, foi eletrônica e demorou menos de 5 minutos

“É proibido comprometer o orçamento mais do que o autorizado pelo Poder Legislativo”, disse a senadora Lúcia Vânia (PSB-GO). Ela afirmou que existem “razões de sobra” para investigar os indícios de irregularidades apontados pela denúncia.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) responsabilizou a presidente pela crise econômica e disse que manobras como as pedaladas estão na raiz da crise fiscal. “A responsabilidade pela execução das finanças públicas é absolutamente intransferível”, disse. “Essa é uma marca dos governos populistas: sempre agem com irresponsabilidade fiscal”.

Outros parlamentares comentaram que os senadores também não poderiam fechar os olhos às denúncias de corrupção no governo. “O voto deve ser técnico, mas também político”, disse Wilder Morais (PP-GO).

Golpe
Assim como o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, senadores aliados ao governo enfatizaram que o processo de impeachment é um golpe institucional contra a democracia. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse que faltam fundamentos jurídicos para a condenação da presidente por crime de responsabilidade e mais uma vez chamou de golpe o processo de afastamento, arquitetado, segundo ela, por políticos do PSDB.

“Caso este Plenário aprove a instauração do processo, estaremos diante de uma das maiores afrontas perpetradas à Constituição brasileira; um verdadeiro golpe parlamentar destinado a atender a interesses pouco republicanos”, disse.

A senadora Regina Sousa (PT-PI) afirmou que a conspiração contra o governo começou a tomar forma três meses após a posse de Dilma. “Logo, logo vai ficar claro quem vai pagar o pato. Os negros, indígenas, mulheres, população LGBT, religiões de matriz africana, política de cotas, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e Luz para Todos. Aguardem”, disse Regina.

Ao declarar seu voto contrário à abertura do processo contra a presidente Dilma, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou que o impeachment está sendo usado como “uma espécie de referendo revogatório ou recall parlamentar”, instrumentos que não existem na legislação brasileira. Requião disse que o impeachment “depende de um crime de responsabilidade”, algo que a presidente Dilma nunca praticou, em sua opinião.

Reportagem – Janary Júnior e Noéli Nobre
Edição - Natalia Doederlein

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