Política e Administração Pública

Distritos eleitorais e sistema majoritário marcam debate sobre reforma política

05/03/2015 - 18:32  

Lucio Bernardo Jr. - Câmara dos Deputados
Palestra sobre as PECs nº 344/13 e apensadas (PEC 345/13 e 352/13). Dep. Esperidião Amin (PP-SC)
Esperidião Amin: voto distrital barateia campanhas e aproxima o eleitor dos candidatos eleitos.

Propostas de mudanças no sistema para eleição de deputados federais dominaram, na Câmara dos Deputados, a reunião desta quinta-feira (5) da comissão especial da reforma política (PECs 344/13, 352/13 e outras).

O deputado Esperidião Amin (PP-SC) defendeu que cada estado seja considerado um distrito, em um sistema majoritário, no qual os candidatos mais votados seriam eleitos. Nas unidades maiores da Federação, como São Paulo e Minas Gerais, poderiam ser criados subdistritos.

“Manter a eleição por todo o estado é manter uma eleição cara. Queremos reduzir o abuso do poder econômico”, justificou. Segundo Amin, o chamado sistema "distritão”, além de baratear as campanhas, aproximaria o eleitor do eleito.

Já o relator, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), voltou a apontar o voto distrital misto como sistema ideal. Pela proposta, metade dos deputados seria eleita pelo sistema majoritário distrital (em que cada estado é dividido em distritos, e os candidatos com o maior número de votos em cada distrito são eleitos) e metade pelo sistema proporcional, da forma como é hoje, mas com lista fechada de candidatos (em que o eleitor vota no partido, e não no candidato).

Também favorável à divisão em distritos, o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) sugeriu, porém, que se mantenha o sistema proporcional em lista aberta, “Todas as regiões estariam representadas e o candidato não precisaria ter votos em todo o estado, apenas naquela região determinada”, explicou. Com relação às sobras das vagas no Parlamento, entrariam os candidatos mais votados.

Manutenção
Por sua vez, o deputado Padre João (PT-MG) afirmou que a circunscrição eleitoral fragiliza a democracia. “Tenho compromissos temáticos: reforma agrária, atingidos por barragens, defesa dos profissionais da educação. Meu compromisso não é geográfico”.

Para ele, o ideal é que as regras do atual sistema proporcional sejam mantidas. Hoje, os votos de todas as regiões do estado são somados, permitindo, na avaliação do parlamentar, que minorias sub-representadas consigam eleger, ao menos, um candidato no seu estado.

Financiamento
O financiamento de campanhas foi outro tema abordado na reunião. O deputado Henrique Fontana (PT-RS) se disse favorável ao financiamento público, com a possibilidade de doação privada de cidadãos, com valores limitados.

Gustavo Lima - Câmara dos Deputados
Discussão da proposta (PEC 457/05) que amplia de 70 para 75 anos a aposentadoria compulsória dos magistrados de tribunais superiores e do Supremo Tribunal Federal (STF). Dep. Henrique Fontana (PT-SP)
Para Henrique Fontana, não basta reduzir circunscrições, é preciso estabelecer teto para as campanhas.

“É preciso estabelecer um teto de gastos, de forma que aquele que desrespeitar as regras seja fortemente punido”, sustentou Fontana. Segundo ele, reduzir a área geográfica de campanha não resolve de vez o problema, pois, sem limite, pode-se fazer uma campanha caríssima nessa circunscrição menor.

O deputado José Fogaça (PMDB-RS) também defendeu a redução dos valores das campanhas eleitorais. “A lei deve determinar o limite, seja ele individual ou do custo total”, comentou.

Fogaça é favorável à redução das circunscrições eleitorais para baratear as campanhas. “Além disso, o parlamentar estaria mais próximo de seu eleitor”, ressaltou.

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Marcelo Oliveira

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