Política e Administração Pública

Petrobras fez um bom negócio ao adquirir Pasadena, diz Gabrielli

20/05/2014 - 18:16  

A Petrobras fez um bom negócio ao adquirir a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, na avaliação do ex-presidente da empresa Sérgio Gabrielli, ouvido nesta terça-feira (20), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras no Senado. O depoimento é parecido com o que ele disse à bancada do PT na Câmara, no início de abril.

Ele também isentou a presidente Dilma Rousseff, então presidente do conselho de administração da estatal, de qualquer responsabilidade individual pelo fechamento do contrato. De acordo com Gabrielli, a decisão pela compra da refinaria foi tomada em conjunto pelos membros do conselho de administração, em atendimento à estratégia da empresa à época de buscar refino no exterior.

"Não considero a presidente responsável pela compra de Pasadena. A responsabilidade é da diretoria da Petrobras e do conselho de administração, porque a decisão passou por todos os procedimentos internos. Então essa é a questão-chave. É um processo de decisão que não é individualizado. Foi um processo coletivo", afirmou.

US$ 1,24 bilhão
O ex-presidente da estatal informou que Pasadena custou 1,24 bilhão de dólares. Do montante, US$ 554 milhões foram pagos pela refinaria, cuja capacidade de processamento é de 100 mil barris diários.

Segundo Sérgio Gabrielli, a Petrobras decidiu pelo negócio por causa da boa localização da refinaria, na entrada do Golfo do México, e a interligação com as redes de gasoduto e oleoduto. O preço também seria atraente.

Gabrielli afirmou que em 2008 – dois anos após o negócio – a crise financeira mundial e a descoberta de novas jazidas de petróleo nos Estados Unidos reverteram as vantagens financeiras da compra e houve dificuldades até 2012. Ele afirmou, porém, que a situação mudou novamente no ano passado.

"A partir de 2013, ela volta a ser um bom negócio. Em 2014 ela é uma empresa lucrativa. Por quê? Porque tem petróleo disponível no Texas a preço barato, leve e que pode ser processado em Pasadena. Pasadena pode, portanto, vender derivados no mercado americano com margem em torno de US$ 30 a US$ 40 por barril", afirma.

Especulação
O ex-presidente da Petrobras disse também que as cláusulas do contrato entre a Petrobras e a Astra Oil para a aquisição de Pasadena foram adequadas e de acordo com o perfil de negócios de grande porte. Gabrielli também chamou atenção para o que ele considera uma "campanha para prejudicar a Petrobras". Segundo ele, há especuladores e também políticos brasileiros interessados em diminuir o poder da empresa, especialmente após a descoberta do pré-sal.

"Já existem vazamentos do WikiLeaks que mostram conversas entre políticos brasileiros e diplomatas americanos colocando de forma clara que a prioridade é desmontar a lei que garante a Petrobras como operadora única do pré-sal brasileiro. São vazamentos, não sei se verdadeiros ou não, mas que mostram conversas entre certos políticos brasileiros e embaixadores e diplomatas americanos", disse.

Na saída do depoimento, Gabrielli acusou especificamente a oposição de querer destruir a Petrobras. Ele disse que, se for preciso, comparecerá também à CPI mista da Petrobras, que pode iniciar os trabalhos nesta semana, mas não sabe o que terá a acrescentar.

"A CPI pode se transformar simplesmente em um espetáculo. A oposição quer criar um espetáculo. Acho extremamente perigoso. Acho condenável o comportamento da oposição. Está querendo destruir uma empresa sólida, bem administrada e com perspectiva de crescimento. Tentam dizer que a empresa está em uma crise que não existe. Há muita ficção nas ações da oposição", afirma.

CPI 'chapa-branca'
Nenhum senador da oposição participou da audiência com Sérgio Gabrielli. Dois indicados, Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Wilder Morais (DEM-GO), já haviam pedido a retirada de seus nomes dos membros da CPI. Já o senador Cyro Miranda (PSDB-GO), que ainda integra a comissão formalmente, anunciou pela sua conta no Twitter ter percebido que a CPI do Senado é "chapa-branca e com cartas marcadas" e por isso resolveu não mais participar das reuniões. “Vou concentrar meus esforços na CPI mista”, afirmou.

O relator da comissão parlamentar de inquérito, José Pimentel (PT-CE), classificou a posição dos opositores de desrespeito. "O que nós fizemos na instalação desta CPI foi cumprir uma decisão do STF, que é resultado de um mandado de segurança encabeçado pelo senador Aécio Neves [PSDB-MG] pedindo a instalação desta CPI."

Da Redação - NA
Com informações da Agência Senado

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