Política e Administração Pública

Campanha do TSE pela participação da mulher na política é lançada no Congresso

19/03/2014 - 15:31  

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Sessão do Congresso destinada ao lançamento da campanha institucional
Marco Aurélio Mello: baixa participação feminina na política causa perplexidade.

O Brasil ocupa apenas o 156º lugar do mundo em um ranking de 188 países das nações com maior participação da mulher na política. “É algo que nos causa perplexidade, envergonha a todos”, disse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, durante o lançamento da campanha “Mulher na Política”, em sessão solene nesta quarta-feira (19) no Plenário do Senado.

A campanha, que conta com spots de rádio e televisão, foi transmitida em primeira mão na presença da quase totalidade da bancada feminina da Câmara, de senadoras, da ministra da Secretaria das Mulheres, Eleonora Menicucci, e das procuradoras da mulher na Câmara e no Senado. A iniciativa do TSE pretende incentivar a maior participação feminina nos espaços de poder.

Em uma sociedade que tem maioria feminina e na qual o nível de escolarização das mulheres é superior ao dos homens, menos de 10% das prefeituras são dirigidas por mulheres; 12% das vereadoras são mulheres; e apenas dois estados têm uma mulher à frente do governo, o que corresponde a 7%. Oito por cento da composição da Câmara é de mulheres (46 dentre 513); enquanto no Senado, 10 integrantes são mulheres, correspondendo a 12% da totalidade de 81 representantes. Esses foram alguns dados destacados durante a sessão solene.

Sub-representação
O presidente do Senado, Renan Calheiros, declarou que esta sub-representação se deve ao fato de que muitos partidos somente inscrevem mulheres em suas chapas para cumprir a cota eleitoral, sem investir em suas campanhas. A procuradora da mulher no Senado, senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM), reforçou o raciocínio, afirmando que muitas “laranjas” fazem a composição das chapas, o que tem levado o Ministério Público a entrar com ações.

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Sessão do Congresso destinada ao lançamento da campanha institucional
Jô Moraes: momento simbólico para dar mais voz às mulheres. 

A ministra Eleonora Menicucci lembrou que deve vir dos partidos a sensibilidade e a compreensão da necessidade de se cumprir a legislação que determina que 30% das vagas nas chapas sejam ocupadas por mulheres. “Parabenizo todas as parlamentares que aqui estão por terem se candidato. Ao se candidatarem, elas estão dizendo que a divisão do trabalho baseada no patriarcado será mudada”, apontou.

A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) afirmou que “esse é um momento simbólico, em que nossas conquistas legais saem da fria letra da lei e dos frios gabinetes e vêm para a nossa voz”.

Mudança cultural
No mesmo caminho, Graziotin ressaltou que a carga cultural que a sociedade traz contra a mulher tem que ser mudada: “´Ela é boa para cuidar da casa, mas não para mandar’, raciocinam”. A parlamentar citou a presidente do Chile, Michele Bachelet, primeira mulher a presidir a ONU Mulher, segundo a qual “quando uma mulher entra na política, muda a mulher, mas quando várias mulheres entram na política, muda a política”.

Para ilustrar a possibilidade de um futuro de maior participação da mulher, Eleonora Menicucci contou a história de uma menina de sete anos que se encontrou com a presidente Dilma Rousseff e lhe perguntou: “Presidenta, eu posso querer ser presidenta?”. “Não só pode como deve”, teria respondido a presidente.

Reportagem – Mariana Monteiro
Edição – Marcelo Oliveira

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