Política e Administração Pública

Cerca de 30 mil pessoas ocuparam a Esplanada em novo dia de manifestação

Marcha começou sem violência, mas policiais precisaram reprimir invasão do Palácio Itamaraty.

20/06/2013 - 22:41  

Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados
Concentração de manifestantes na Esplanada dos Ministérios
Manifestantes percorreram a Esplanada dos Ministérios em direção ao Congresso Nacional.

Cerca de 30 mil pessoas tomaram a Esplanada dos Ministérios e chegaram ao gramado do Congresso Nacional nesse novo dia de manifestação, que já é a maior marcha realizada na capital desde que foi iniciada a onda de protestos na última semana. Os protestos em Brasília fazem parte de uma série de manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas de 126 cidades nesta quinta-feira (20).

Além das bandeiras já levantadas em protestos anteriores – mais recursos para educação e saúde, menos corrupção e a rejeição da PEC 37/11, que retira poderes de investigação do Ministério Público – os manifestantes protestaram contra dois projetos votados pelo Congresso nesta semana: o do ato médico, aprovado pelo Senado; e o que permite o tratamento de homossexualidade, aprovado pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

Outra novidade é que a manifestação teve participação de organizações. O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Purificação de Água e Esgotos do Distrito Federal (Sindágua), por exemplo, levou cartazes cobrando a melhoria dos transportes públicos.

Itamaraty
O momento mais tenso do protesto foi a tentativa de invasão do Palácio Itamaraty, quando alguns manifestantes tocaram fogo no início da rampa que dá acesso ao prédio. A polícia recorreu a spray de pimenta para dispersar a multidão. A contagem inicial indica que 20 vidros do Itamaraty foram quebrados.

Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
Concentração de manifestantes na Esplanada dos Ministérios
Clima mais tenso ocorreu durante tentativa de invasão do Palácio Itamaraty.

Depois do confronto, a manifestação perdeu número. Muitos foram embora e outros voltaram para o gramado do Congresso. A maioria dos manifestantes pacíficos tentou dissuadir os invasores, gritando “sem violência” e exigindo que os “vândalos” mostrassem a cara, já que muitos deles estão usando máscaras.

Cinegrafista da TV Câmara relata tensão em frente ao Itamaraty

Alguns manifestantes hostilizaram profissionais da imprensa que cobriam o protesto. Uma bandeira contra a Rede Globo foi levantada por manifestantes, que gritavam “mídia fascista, sensacionalista” para os repórteres de televisão.

Policiamento
O policiamento na Esplanada foi reforçado nesta quinta-feira. A expectativa é de que cerca de 7 mil policiais tenham acompanhado os protestos, além de bombeiros, da tropa de choque e das polícias da Câmara e do Senado.

A Câmara montou um gabinete de crise para gerenciar a manifestação e tomou ações preventivas no caso de invasão, como evacuar o prédio e retirar objetos em exposição no Salão Verde.

O grupo de crise é composto de integrantes da Diretoria-Geral, Polícia Legislativa, Departamento Técnico, Departamento Médico, além de bombeiros. Promotores e defensores ficaram de plantão para atender às pessoas que foram detidas nos confrontos.

Carol Siqueira
Manifestação - Marcha Acorda Brasília
Cartaz contra projeto que permite o tratamento da homossexualidade.

Um posto de atendimento de feridos foi montado em um dos estacionamentos da Casa. Pelo menos 3 policiais e 31 manifestantes ficaram feridos no protesto.

Mediação
O 1º vice-presidente da Câmara, deputado Andre Vargas (PT-PR), iria receber três manifestantes, que chegaram a entrar no Congresso para mediar o diálogo, mas se deslegitimaram pelo fato de não representar uma parcela significativa do grupo.

Questionado qual seria o perfil que teria legitimidade para representar os manifestantes, Andre Vargas disse que não poderia definir esse perfil por considerar “o formato dos protestos muito difuso por abranger diversos segmentos da sociedade mobilizados pelas redes sociais”.

Por causa da manifestação, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, antecipou seu retorno ao Brasil. Ele estava em missão oficial na Rússia, juntamente com diversos líderes partidários.

Da Reportagem
Edição – Pierre Triboli

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