Política e Administração Pública

Para institutos, pesquisas apontaram tendências

26/10/2012 - 09:40  

Os dois maiores institutos de pesquisa do País, Datafolha e Ibope, argumentam que não se deve comparar o resultado da eleição com pesquisas que não sejam de boca de urna, porque é no dia da votação que os indecisos definem seu voto. "Os eleitores têm decidido cada vez mais tarde seu voto", afirma a diretora do Ibope, Márcia Cavallari.

"Como não dá para comparar os resultados, também não é possível dizer que (o instituto) errou. Um instituto de pesquisa acerta quando mostra toda a história da eleição e acompanha as tendências do início ao fim do pleito. Isso o Datafolha fez", acrescenta o diretor do instituto, paulista, Mauro Paulino.

A diretora do Ibope destaca que os institutos trabalham com amostras: é entrevistada uma parte da população, que representa a totalidade dos eleitores. E como as pesquisas usam probabilidade, "é impossível querer que seja infalível, acerte 100%".

"Quando uma pesquisa não tem a precisão que outra tem é porque algum processo está acontecendo no local: os eleitores estão tomando decisões de última hora. Muito comumente isso é associado a uma conduta de má fé (por parte do instituto), quando na verdade estamos falando de uma coisa puramente técnica. Estamos medindo a opinião das pessoas, que é volúvel", aponta Márcia Cavallari.

A diretora afirma, porém, que alguns aspectos das pesquisas devem ser discutidos, "inclusive o uso que muitos políticos fazem das pesquisas, usando as pesquisas como instrumento de campanha".

Sobre o projeto de lei que aumenta a multa para quem divulga pesquisas fraudulentas (PL 96/11), o diretor do Datafolha afirma que a multa não pode ser estabelecida de acordo com a comparação do resultado da eleição com as pesquisas de intenção de voto. Se isso ocorrer, diz ele, “vai inviabilizar a realização de pesquisas eleitorais".

Mauro Paulino também discorda da necessidade de criar uma CPI para investigar os institutos de pesquisa. "Não há nada mais fiscalizado no Brasil do que as pesquisas eleitorais. Já há uma lei muito rigorosa que obriga os institutos a registrarem dados detalhados de seus trabalhos cinco dias antes da divulgação. Esses dados ficam à disposição dos partidos políticos, que frequentemente os fiscalizam. Já é um trabalho bastando auditado", defende.

Reportagem – Ginny Morais
Edição – Daniella Cronemberger

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