Política e Administração Pública

Oposição lança campanha para criar CPMI da Corrupção

17/08/2011 - 18:54  

Valter Campanato/ABr
Deputados e senadores lançam o portal da CPI da Corrupção, no Salão Verde da Câmara
No Salão Verde da Câmara, parlamentares lançam campanha pela criação da CPMI.

A oposição (PSDB, DEM, PPS e PSOL) lançou nesta quarta-feira (17), no Congresso, uma campanha para colher assinaturas de deputados e senadores com o objetivo de criar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apure as recentes denúncias de corrupção no governo federal. Junto com a campanha, foi lançado um site, onde consta a lista dos parlamentares que assinam o requerimento de criação da CPMI.

O líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), reconhece que será difícil coletar o número de assinaturas para a instalação – são necessários 171 deputados e 27 senadores –, principalmente na Câmara, onde o governo tem ampla maioria. Ele disse, porém, que o papel da oposição é sensibilizar os parlamentares para a importância da investigação.

“Vamos atrás de todos os partidos da base. Quem quer investigar e não concorda com o erro, assina a CPI. Vamos mostrar que o Congresso Nacional está cumprindo o seu papel”, disse Magalhães Neto. O site lançado pela oposição mostrava, às 18 horas desta quarta, a assinatura de 93 deputados e 19 senadores.

O site traz ainda um link para que o cidadão assine uma “petição pública” em defesa da criação da CPMI. No primeiro dia de campanha, cerca de 1,4 mil pessoas deixaram seu apoio.

Para o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), o site vai gerar uma pressão da sociedade sobre os parlamentares. “É uma maneira criativa e democrática de se buscar apoio da sociedade. Esta não é uma CPI da oposição, mas da população”, afirmou. Os dois líderes defenderam ainda o afastamento de ministros que tiveram o nome associado a supostas irregularidades.

Calúnias
No lado do governo, a tentativa de criação da CPMI foi criticada. O líder do PT, Paulo Teixeira (SP), disse que o objetivo da proposta é “somente criar um espaço político para fazer calúnias”. “Há dez anos, não poderíamos dizer que a Polícia Federal faria uma operação independente, que o Ministério Público tivesse tanta autonomia e que a Justiça agiria totalmente sem constrangimentos. Dessa forma, fica claro que não há qualquer obstrução à investigação que justifique o surgimento de uma CPI”, argumentou.

O líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP), disse que a oposição procura apenas “uma forma de aparecer no jornal”. Vaccarezza afirmou que a Polícia Federal já está investigando as denúncias apresentadas contra ministros, ex-ministros e assessores do governo. “A oposição quer criar um fato político porque não tem fato concreto. O governo está indo bem e investigando todas as coisas”, afirmou.

Instituições
Para o presidente da Câmara, Marco Maia, não há clima para criação de uma CPMI. Ele destacou que o governo tem maioria folgada na Câmara, o que dificultará a obtenção do número de assinaturas necessárias. Apesar de afirmar que o movimento da oposição é legítimo, ele destacou que a melhor resposta à sociedade é fortalecer as instituições que investigam casos de corrupção.

“A resposta do sistema político para a sociedade é dar força e ajudar as instituições legalmente constituídas para a investigação de casos de corrupção, como é a Polícia Federal, o Ministério Público, a CGU [Controladoria Geral da União], o próprio TCU [Tribunal de Contas da União], que é um órgão ligado ao Congresso. Essas instituições estão trabalhando de forma articulada e investigando”, afirmou Maia.

Reportagem - Janary Júnior
Edição - Daniella Cronemberger

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