Meio ambiente e energia

Fórum alternativo denuncia tentativa de privatização da água

13/12/2017 - 17:02  

O recém-lançado Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama) denunciou ontem (12) na Câmara dos Deputados “a tentativa das grandes corporações de transformar a água em mercadoria, privatizando as reservas e fontes naturais” em detrimento das populações pobres.

“Os gestores constituem uma arquitetura de privatização das águas. Eles querem apresentar falsas soluções de mercado para a crise hídrica, mas nós não vamos aceitar”, disse Mayana Teixeira, representante do Fama em audiência pública promovida pela Comissão de Legislação Participativa.

O Fama foi lançado para se contrapor ao 8º Fórum Mundial da Água (FMA), que será realizado em Brasília em março do ano que vem. Os idealizadores do Fama consideram o Fórum Mundial ilegítimo, por isso promovem debates alternativos.

O FMA é realizado a cada três anos pelo Conselho Mundial da Água. Em Brasília, a organização conta com a participação do governo do Distrito Federal. O evento também envolverá a sociedade civil, empresas e instituições científicas em discussões sobre oferta e preservação de recursos hídricos. O público esperado é de cerca de 40 mil pessoas.

Bem comum
O deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) ressaltou a importância do Fama. “O Fórum Mundial da Água congrega os interesses coorporativos em torno de um assunto que é de direito humano, enquanto o Fama luta pela valorização do que é um bem comum. Lutaremos pelos bens comuns”, declarou.

Os deputados Leonardo Monteiro (PT-MG) e Zé Augusto Nalin (PMDB-RJ) destacaram a necessidade de se valorizar as nascentes. “Precisamos encontrar um meio de resolver a crise hídrica sem conflitos. Esse debate é um alerta para a sociedade”, comentou Zé Augusto.

Desperdício
O representante das Assembleias Populares de Água na audiência pública, Thiago Ávila, criticou o desperdício na captação e na distribuição de água e eximiu a população de culpa. “Em Brasília, o desperdício da Caesb é enorme, e o consumo urbano acaba sendo apenas de 10%. Não podemos aceitar que o governo culpe a população por não escovar os dentes com um copinho de água”, argumentou.

Osvaldo Rosa, integrante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), acrescentou que a vigilância do cidadão deve ser constante. “Ficamos vendo as grandes empresas negociando a nossa água, e elas sequer aparecem aqui para se pronunciar. A água é de todos. Como vou comprar algo que já é meu? Não tem lógica”, sustentou.

Representantes de órgãos governamentais foram convidados para a audiência na Câmara, mas não compareceram.

Reportagem – Carolina Rabelo
Edição – Marcelo Oliveira

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