Meio ambiente e energia

Debatedores divergem sobre condições de dromedários usados em turismo no RN

O presidente da CPI dos Maus-Tratos dos Animais, deputado Ricardo Izar, disse que o caso dos dromedários do Rio Grande do Norte foi um dos fatores determinantes para a abertura da comissão de inquérito

10/09/2015 - 18:24  

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre a exploração de dromedários visando o turismo nas praias do Rio Grande do Norte. Sócia-proprietário da empresa Dromedunas, Cleide Batista Gomes
Responsável pela empresa Dromedunas, Cleide Gomes diz que os animais são bem tratados com ração adequada, tomam as vacinas necessárias e têm até plano de saúde
A exploração de dromedários visando o turismo nas praias do Rio Grande do Norte foi discutida na CPI dos Maus-Tratos a Animais. O fato ficou conhecido mundo afora depois que um jovem recolheu 55 mil assinaturas em uma petição online contra o uso dos animais em passeios pelas dunas de Genipabu.

Fábio Chaves, responsável pela petição online, explica que o objetivo é desencorajar esse tipo de turismo: "O que eu fiz foi uma petição online para conscientizar as pessoas para não irem lá para esse passeio. Até incentivo, é uma terra linda, mas com esses animais explorados não é um bom passeio turístico".

O governo do Rio Grande do Norte diz nunca ter recebido qualquer denúncia de maus-tratos, mas que agora vai ficar atento. Segundo o representante da Secretaria de Recursos Hídricos, Carlos Nobre, foi celebrado um Termo de Ajuste de Conduta, com participação do Ministério Público Federal, entre a empresa que explora os passeios e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente.

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre a exploração de dromedários visando o turismo nas praias do Rio Grande do Norte. Dep. Ricardo Izar (PSD-SP)
Ricardo Izar: ideia é investigar também casos de tráfico de animais silvestres, atropelamentos nas estradas e animais exóticos abandonados por circos

"O objeto desse Termo de Ajuste de Conduta é permitir que naquela área de proteção ambiental, Genipabu, os estábulos dos animais fossem realocados e que a empresa responsável pela exploração desse serviço realizasse uma recuperação de área de mangue, equivalente a três vezes a área ocupada pelos estábulos, além de realizar um permanente monitoramento dessa área de recuperação", explica Carlos Nobre.

R$ 50 mil
Em atividade desde 1998, a empresa Dromedunas traz os animais da ilha espanhola de Tenerife ao preço de R$ 50 mil. Atualmente são 19 dromedários que, segundo a sócia da empresa, Cleide Gomes, não sofrem qualquer tipo de maus-tratos.

Cleide diz que os animais são bem tratados com ração adequada, tomam as vacinas necessárias e têm até plano de saúde: "O que eu tenho a dizer é que sinto muito, lamento muito pela ausência de informação das pessoas que fizeram a denúncia. Na verdade, uma única pessoa puxou uma lista e as outras foram entrando emocionalmente, caminhando na vibe da pessoa e assinaram, mas muitas nunca foram lá. Então, várias e várias pessoas assinaram sem ir lá. Eu fico triste, eu sinto muito. O pré-julgamento hoje é algo inerente ao ser humano, mas é lamentável."

Segundo lembrou o presidente da CPI, deputado Ricardo Izar (PSD-SP), o caso dos dromedários do Rio Grande do Norte foi um dos fatores determinantes para a abertura da CPI dos Maus-Tratos dos Animais. Ele destaca que a ideia é investigar também casos de tráfico de animais silvestres, atropelamentos nas estradas e animais exóticos abandonados por circos. "É importante que a CPI amplie o leque e não fique só em cão e gato, que é o que todo mundo discute mais porque tem em casa."

De acordo com o relator da CPI, deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), a empresa vai enviar à comissão documentos para comprovar a regularidade da importação dos dromedários.

Leão com aids
Logo após a audiência desta quinta, integrantes da CPI que investiga maus-tratos a animais estiveram no Zoológico de Brasília para verificar as condições do leão dengo, que vive confinado há pelo menos 4 anos.

Segundo o presidente da CPI, deputado Ricardo Izar, a intenção do colegiado é viabilizar a transferência do leão para um santuário no interior de São Paulo. "Eu não sou técnico para falar, mas é um leão que está mais velho, tem aids felina, é um animal que precisa de cuidado diferenciado. Desde que chegou ao zoológico, ele vive isolado. Ele nunca foi para exposição. Então, se ele pode ficar em um lugar melhor para ter uma aposentadoria digna, digamos assim, para que ficar confinado neste lugar, não é?", observou.

Um perito da Polícia Federal deve concluir em três dias um laudo sobre as condições do leão dengo. De acordo com o deputado Ricardo Izar, a CPI vai esperar o laudo pericial para saber se há ou não a necessidade da transferência do animal.

Izar observou ainda que o vice-governador do Distrito Federal, Renato Santana da Silva, já havia dado a autorização, mas a Secretaria do Meio Ambiente está atrasando a transferência.

Relatório
Os próximos passos da comissão incluem, por exemplo, investigações sobre um urso polar importado para ficar em um aquário no Brasil e o caso dos botos usados como isca na Amazônia. Tripoli avalia que o relatório final deverá ser votado em cerca de dois meses.

Reportagem – Idhelene Macedo
Edição – Newton Araújo

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