Meio ambiente e energia

Gestor descarta racionamento como alternativa para combater crise hídrica

Medidas emergenciais adotadas pela Sabesp possibilitaram uma economia de 56% na quantidade de água produzida pelo sistema Cantareira.

12/08/2015 - 23:49  

Luiz Alves / Câmara dos Deputados
Reunião Ordinária e Audiência Pública. Coordenador da Unidade de Gerenciamento de Programas de Mananciais (UGP), Ricardo Guilherme Araújo
Ricardo Araújo: a situação da crise hídrica em São Paulo está controlada, mas o governo precisa se prevenir e evitar que crises dessa intensidade ocorram no futuro.

Em audiência pública promovida pela Comissão Especial da Crise Hídrica no Brasil, o coordenador da Unidade de Gerenciamento de Programas de Mananciais do Estado de São Paulo, Ricardo Guilherme Araújo, afirmou que o racionamento não é a melhor alternativa para se combater a falta de água no estado paulista.

Segundo informou, algumas medidas emergenciais adotadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), como a implantação de um programa de bônus ao consumidor que economizar água, a transferência de água entre sistemas, a realização de obras para utilização de volumes mortos e a criação de um programa de controle de perdas, possibilitaram, até o momento, uma economia de 56% na quantidade de água produzida pelo sistema Cantareira.

Ricardo Araújo diz que a situação da crise hídrica, no estado de São Paulo, está controlada, mas ele ressalta a necessidade de tanto o governo federal quanto governos estaduais passarem a ter uma atenção maior a respeito do assunto. "O governo precisa modificar sua agenda de problemas, no sentido de se prevenir e se preparar para crises dessa intensidade que possam se replicar no futuro.”

Prevenção
O coordenador admite que a crise foi muito intensa, sem precedente histórico conhecido, no caso da região metropolitana de São Paulo e das cidades vizinhas. “Mas ela poderá ocorrer novamente. Então, precisamos reforçar os esquemas de segurança hídrica, os sistemas de abastecimento de água, para que assim possamos evitar problemas maiores no futuro".

A superintendente de Segurança Hídrica do Estado do Rio de Janeiro, Rosa Maria Formiga Johnsson, também afirmou que o seu estado tem conseguido lidar com os problemas da crise hídrica, mas ela deixou claro, durante a audiência pública, que a forma como esses recursos são geridos no Brasil ainda é equivocada.

Projetos em tramitação
O presidente da comissão especial, deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), entende que os estados da Região Sudeste têm se esforçado para contornar os problemas relacionados à falta de água, e ressalta o papel da Comissão, da Câmara e do Congresso nesse processo. "Nós temos quase 50 projetos de lei tramitando na Câmara e no Senado, inclusive três PECs, que tratam das questões hídricas. Nosso objetivo é aglutinar isso tudo em um único projeto e transformar isso numa bandeira da Câmara e do Congresso Nacional, como forma de contribuição do Parlamento para o Brasil na questão hídrica".

Uso racional
O diretor da área de hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), Ney Maranhão, também compareceu a audiência pública, e afirmou que o País precisa administrar melhor a demanda e a disponibilidade de água. Ele comemora que o cidadão, pelo menos, adquiriu uma consciência sobre a importância do uso racional da água.

Reportagem - Pedro Campos
Edição - Regina Céli Assumpção

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