Educação, cultura e esportes

Frente parlamentar defende valorização do futebol feminino no Brasil

19/01/2017 - 20:58  

Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados
Reunião Ordinária. Dep. Jose Stédile (PSB - RS)
Jose Stédile: futebol feminino precisa de patrocínio público para reduzir o amadorismo

A Frente Parlamentar em Defesa do Futebol Feminino quer garantir investimento, estrutura profissional e competições tecnicamente fortes que evitem a saída das atletas brasileiras rumo a clubes do exterior.

A frente é coordenada pelo deputado Jose Stédile (PSB-RS), que é autor da proposta (PL 5307/13) que destina à modalidade pelo menos 5% do total de patrocínio público aplicado ao futebol. Assim, seria garantida ao futebol feminino uma cota do investimento que as estatais – como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Correios e outros – costumam aplicar no futebol masculino.

Stédile acredita que a destinação desse valor ajudará a promover campeonatos femininos nacional, estaduais e regionais e a reduzir o amadorismo e as dificuldades financeiras da modalidade.

"Poucas pessoas sabem que o futebol feminino é o segundo esporte nacional com maior número de atletas no Brasil. Só que praticamente não recebe recursos e apoio do governo federal. Essas meninas que disputaram as Olimpíadas são heroínas da nação: por meio do esforço pessoal, construíram uma grande equipe, mas ainda muito insuficiente por falta de investimentos. Está na hora de as grandes empresas estatais reconhecerem o futebol feminino. Hoje, as atletas que se destacam vão jogar bola no exterior", disse Stédile.

O Projeto de Lei 5307 já foi aprovado na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados e ainda vai passar pela análise das comissões do Esporte; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Apoio empresarial
Além do apoio parlamentar, os defensores da modalidade buscam a ajuda do setor privado. Em todo o País, apenas dois clubes grandes – Santos e Flamengo – mantêm atletas com contrato e carteira assinada.

Com o apoio de empresários, a Associação Gaúcha de Futebol Feminino começou a aplicar, neste ano, um plano de valorização baseado na formação de uma seleção permanente, na qualificação de categorias de base e adulto e na implantação de dez centros de treinamento no estado.

O presidente da associação, Carlos Alberto de Souza, disse que há dificuldade para formar uma seleção permanente pelo fato de as mulheres terem uma rotina diferente: “a maioria trabalha, muitas estudam e são de diferentes regiões do estado”.

Souza afirmou que o futebol feminino deveria ter clubes independentes do masculino para poderem se viabilizar financeiramente a partir de uma diretoria, além de um mercado com patrocinadores independentes e uma entidade nacional específica. Ele ressaltou que, atualmente, também não há escolinhas específicas de futebol feminino, como acontece no masculino.

Campeonato brasileiro
Para este ano, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou mudanças no formato, número de participantes, duração e premiação do campeonato brasileiro de futebol feminino. Pela primeira vez, a competição será dividida em séries A1 e A2, cada uma com 16 clubes. Portanto, haverá acesso e descenso.

O campeão da série A1 receberá R$ 120 mil, bem abaixo dos R$ 17 milhões pagos ao Palmeiras, campeão do Brasileirão masculino de 2016. No entanto, a CBF vai custear os gastos das atletas com hospedagem, alimentação e passagens aéreas ou de ônibus.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Pierre Triboli

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