Educação, cultura e esportes

Para debatedores, País está preparado para combater doping nas olimpíadas

28/04/2015 - 18:48  

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre o doping no esporte brasileiro; estudos e medidas de controle antidoping; educação, fiscalização, exames e laboratórios além de alternativas legislativas e controle governamental. Instituto de Química da Universidade do Rio de Janeiro - IQ/UFRJ, Francisco Radler de Aquino
Radler: espero que a estrutura para as olimpíadas se estenda a todas as modalidades em todo o País e não só nos grandes eventos.

Participantes da audiência pública da Comissão de Esportes afirmaram, nesta terça-feira (28), que o Brasil está preparado para combater os casos de doping nos jogos olímpicos e paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

De acordo com o coordenador do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Francisco Radler de Aquino Neto, a sofisticação dos fraudadores de sistemas antidopagens exigiu uma evolução tecnológica, que só foi possível com investimentos do governo federal. “O laboratório da UFRJ está recuperando a acreditação diante a Agência Mundial Antidopagem (Wada), para ser um dos 32 laboratórios no mundo para o controle de dopagem”, explicou.

Radler informou quem no dia 13 de maio o Wada vai dar o parecer sobre a acreditação do laboratório da UFRJ. “Sei que nossa estrutura está adequada para os jogos olímpicos e espero que isso se estenda a todas as modalidades em todo o País e não só nos grandes eventos”, garantiu.

Investimentos
O professor afirmou que isso só foi possível devido aos investimentos que permitiram a construção de novas instalações, a contratação de pessoal qualificado e concursado e parcerias com outros laboratórios olímpicos ao redor do mundo, como Londres, Moscou e Sydney. “Todos os laboratórios têm a mesma competência e um sistema padrão, apesar de atletas buscarem novas formas de burlar o sistema. É importante o reconhecimento das práticas de outros países como modelo a seguir e garantir a transferência de know-how”, disse.

Ética
O secretário Nacional da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) do Ministério do Esporte, Marco Aurélio Klein, disse que o doping está ligado a uma questão ética e à fraude na prática esportiva. Ele explicou que a ABCD regulamenta todas as normas antidopagem e representa o braço da Wada no País.

O secretário citou exemplo do caso em que um atleta do botafogo foi suspenso pela Fifa por doping quando atuava na Arábia Saudita no ano passado. “A Fifa reconheceu a extensão da punição em todos os países que fazem parte do Wada”, disse.

Plano estratégico
Segundo ele, ABCD estabeleceu um plano estratégico para os jogos olímpicos e todos os demais eventos esportivos e modalidades que ocorrem no País. De acordo com Klein, o plano estratégico da ABCD é focado em cinco pontos: informação, educação, prevenção, inteligência e ação. “A informação permite preparar programas e ações de educação para atletas, suas equipes técnicas e famílias, obtendo com isso a prevenção contra a dopagem. A inteligência aponta as ações necessárias ao combate a quaisquer esquemas de dopagem”, disse Klein.

Além disso, segundo o secretário da ABCD, o País estabeleceu um objetivo de que não haja nenhum caso de doping entre atletas brasileiros. Klein também defendeu a tipificação do doping como crime. “Na Alemanha, há vários projetos que tipificam o doping como crime por representar fraude no esporte”, citou.

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre o doping no esporte brasileiro; estudos e medidas de controle antidoping; educação, fiscalização, exames e laboratórios além de alternativas legislativas e controle governamental. Dep. Arnaldo Jordy (PPS - PA)
Jordy quer debater a criminalização do doping no esporte.

Legislação
O deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), que propôs o debate, afirmou que o controle antidoping deve ser fortalecido e disse que espera que esse controle seja recorrente no esporte brasileiro.

Segundo o parlamentar, a Câmara poderia estabelecer, por exemplo, uma legislação mais rigorosa de combate ao doping e, talvez, seguir o exemplo alemão de discutir a criminalização do doping na prática esportiva.

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Regina Céli Assumpção

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