Grupo vai avaliar denúncias de abuso sexual nas categorias de base do futebol
09/04/2014 - 22:23
A deputada Flávia Morais (PDT-GO) formará com outros deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual um grupo de trabalho para analisar denúncias de abuso sexual de adolescentes nas categorias de base dos clubes de futebol.
O anúncio foi feito durante audiência pública promovida pela Comissão de Esporte nesta quarta-feira (9), que também discutiu o papel do agente de futebol na contratação dos jovens em várias regiões do Brasil.
Preso por maltratar adolescentes
O assunto ganhou repercussão quando a imprensa noticiou que um homem havia sido preso, em São Bernardo do Campo, interior de São Paulo, acusado de abusar e maltratar 31 adolescentes menores de idade, contratados para jogar em clubes de futebol paulista.
O agente atua como intermediador das negociações entre atletas e clubes. Sua contratação, ainda não regulamentado em lei, pode ser feita diretamente pelo jogador de futebol maior de idade ou por seus empresários.
No caso de menores, o agente pode pedir uma procuração assinada pelos pais. Porém, falsos olheiros recrutam jovens para outros fins, com a promessa de se tornarem grandes jogadores.
O presidente da Associação Brasileira de Agentes de Futebol, Jorge Moraes, diz que não cabe à entidade fiscalizar esses casos. "Não compete à associação. Em todos os casos que nós tomamos conhecimento, não tinha nenhum agente FIFA envolvido. Isso aí são pessoas que vão para cidades bem do interior e ficam falando que têm penetração em grandes clubes e vendem sonhos e mentiras. Todo mundo acredita e eles acabam tomando dinheiro e pedindo R$ 2, 3 mil. Agora, não tem nenhum agente envolvido nisso. Eu não tenho conhecimento."
Tráfico de pessoas
Já a deputada Flávia Moraes falou que muitos menores preferem não contar para as famílias. "Quando um jovem tem um sonho, muitas vezes ele vai no limite. Muitas vezes, quando ele é encontrado em condições subumanas pela fiscalização, pelo Ministério do Trabalho, pelo Conselho Tutelar ou outro órgão competente, ele se recusa a ir e acha que ainda está bem ali, por que ele está tão perto do seu sonho.”
A deputada acrescentou que o adolescente tem dificuldade de voltar para sua cidade e dizer que não conseguiu, que fracassou. “É isso que muitas vezes alimenta essa dependência e essa humilhação, essa condição de exploração em que ele se encontram."
Segundo pesquisa do Ministério da Justiça, uma nova modalidade de tráfico de pessoas foi identificada no Brasil. Os menores seriam contratados para jogar lá fora e acabariam sendo explorados pelos clubes, em condições subumanas de alimentação e moradia. Pelos dados apurados, cerca de 475 jovens brasileiros foram identificados nesta situação.
Da Redação – RCA
Colaboração – Lidyane Barros
