Educação, cultura e esportes

Formação de atletas divide opiniões na comissão especial do Proforte

19/02/2014 - 21:37  

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Audiência pública para discutir o fortalecimento do esporte das categorias de base em todas as modalidades, para a formação de novos atletas. Ao centro, dep. Afonso Hamm (PP-RS)
Hamm (C) propôs criar um fundo formador de atletas de todas as modalidades esportivas com recursos de uma futura loteria instantânea, tipo raspadinha.

A apresentação de propostas para a formação de atletas dividiu opiniões dos parlamentares que participaram nesta quarta-feira (19) da audiência pública da comissão especial que analisa o Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos (Proforte – PL 6753/13).

O projeto original abre a possibilidade de que 90% das dívidas dos clubes esportivos com a União sejam pagas por meio da concessão de bolsas a atletas e de investimento em infraestrutura.

Nova loteria
O deputado Afonso Hamm (PP-RS) apresentou mais uma sugestão de fonte de recursos para ajudar a cobrir essas dívidas e, ao mesmo tempo, reestruturar as categorias de base dos clubes. Trata-se da criação de um fundo formador de atletas de todas as modalidades esportivas, com recursos vindos, inicialmente, da arrecadação de 10% de uma futura loteria instantânea, tipo raspadinha.

"Nós estamos buscando um recurso não de governo para sanear a dívida dos clubes. A ideia do Proforte é buscar recursos de novas receitas e, no caso, de novas loterias, a exemplo da raspadinha. O fundo formador deve ter várias fontes." Segundo Hamm, esse fundo também poderá receber, depois, recursos de outras fontes, como direito de imagem, por exemplo.

Bolsas para atletas
Outros parlamentares, porém, não admitem a possibilidade de conversão de parte das dívidas dos clubes em bolsas para atletas.

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Audiência pública para discutir o fortalecimento do esporte das categorias de base em todas as modalidades, para a formação de novos atletas. Dep. Rodrigo Maia (DEM-RJ)
Maia: o Estado brasileiro não tem que colaborar com a formação de atleta de clube, tem de formar o atleta na escola e não para ser profissional.

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi contundente ao criticar a má administração dos clubes, principalmente os de futebol. "O Estado brasileiro não tem que colaborar com a formação de atleta de nenhum clube. O Estado tem que formar o atleta na escola e não para ser profissional, mas para ter saúde principalmente. Esta é a função do Estado: formar o cidadão para o futuro".

Iniciação esportiva
A comissão especial do Proforte ouviu, nesta quarta-feira, dirigentes e treinadores que trabalham na iniciação esportiva de crianças e jovens. Eles relataram um conjunto de problemas que atrapalham a descoberta de novos talentos e atrasam a formação de atletas no País.

Entre eles estão o baixo investimento devido ao endividamento dos clubes, as escolas públicas sem o devido espaço e tempo para a prática esportiva dos alunos, o processo de urbanização que tem acabado com os tradicionais "campinhos de rua" e até o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que proíbe o trabalho de menores de 14 anos, salvo na condição de aprendiz.

O secretário Nacional do Futebol e Defesa dos Direitos dos Torcedores do Ministério do Esporte, Toninho Nascimento, admitiu a "dívida histórica" do Estado brasileiro com o esporte e a educação e lembrou que, enquanto se busca uma solução definitiva, o governo federal tem tentado minimizar o problema por meio de programas, como o Segundo Tempo, que usa o contraturno escolar para democratizar o acesso de crianças e jovens ao esporte.

Afonso Hamm lembrou que é autor do artigo da Lei Geral da Copa que garante o investimento de parte dos lucros da Fifa na construção de centros de treinamento de atletas de futebol no Brasil. Segundo Toninho Nascimento, a previsão da Fifa é que, a título de legado da Copa, o Brasil receba cerca de 120 milhões de dólares (aproximadamente R$ 250 milhões) para investimentos em futebol feminino e na formação de atleta.

Banco Central
A comissão especial aprovou requerimento em que convida o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para esclarecer, em audiência pública, os débitos reais e oficiais dos clubes de futebol junto à instituição.

Reportagem - José Carlos Oliveira
Edição – Regina Céli Assumpção

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