Educação, cultura e esportes

Relator vai manter transmissão de lutas marciais pela TV

Deputado Fábio Faria pode sugerir restrições de horários para exibição das lutas.

26/05/2010 - 23:11  

O relator do Projeto de Lei 5534/09, que proíbe a transmissão de lutas marciais violentas e não olímpicas pelas emissoras de televisão do País, deputado Fábio Faria (PMN-RN), adiantou nesta quarta-feira que irá apresentar um substitutivoEspécie de emenda que altera a proposta em seu conjunto, substancial ou formalmente. Recebe esse nome porque substitui o projeto. O substitutivo é apresentado pelo relator e tem preferência na votação, mas pode ser rejeitado em favor do projeto original.   ao texto original, do deputado José Mentor (PT-SP). "Cogito estabelecer restrições de horários e faixas etárias, mas jamais vedar as exibições", explicou, durante audiência pública da Comissão de Turismo e Desporto que discutiu o tema.

De acordo com Faria, existe ainda muito preconceito contra modalidades como o Mixed Martial Arts (MMA), que reúne técnicas e golpes de diversas artes marciais (inclusive as olímpicas judô, boxe e tae-kwon-do). Ele destacou que o MMA é praticado por atletas profissionais e possui normas claras. "Não se pode confundir a luta, que é um esporte regulamentado, com brigas de rua", disse.

Conforme o lutador de MMA Artur Mariano, as regras do esporte visam a preservar a integridade física dos atletas. "Entre outros pontos, são proibidos golpes na nuca e na clavícula. Além disso, se o oponente estiver sangrando o combate não continua", exemplificou.

Mau exemplo
José Mentor, no entanto, apresentou um vídeo com cenas violentas de competições de MMA, boxe tailandês e muay thai e disse que a exibição pela TV dessas lutas incentiva comportamentos agressivos de crianças e adolescentes. "Pela lógica do lucro, quanto mais sangue melhor", apontou.

O argumento do autor da proposta foi compartilhado pelo diretor do colégio Marista Champagnat, o educador Joaquim Oliveira. Segundo ele, não se pode delegar apenas aos pais a missão de evitar que os filhos assistam a cenas violentas.

Retrocesso
Já o diretor de esportes da RedeTV, Terence Mattar, classificou como um "retrocesso" ao desenvolvimento do desporto nacional a tentativa de barrar as transmissões. De acordo com ele, a decisão do canal de exibir na TV aberta, desde o ano passado, lutas do Ultimate Fighting Championship (UFC) — principal campeonato de MMA no mundo — surgiu de uma demanda do próprio público.

Mattar ressaltou que a RedeTV exibe as disputas aos sábados, sempre após as 23 horas — horário destinado a programas para maiores de 18 anos, conforme a classificação indicativa. De acordo com ele, durante as lutas narradores e comentaristas da emissora têm o cuidado de desvincular o esporte do culto à violência urbana. "Termos como 'porrada' são proibidos", exemplificou.

Para o deputado Walter Feldman (PSDB-SP), também contrário ao projeto, é preciso compreender que todo esporte de contato envolve, em maior ou menor grau, atos violentos. "Por isso, existem as regras para coibir os excessos", completou. Ele descartou a relação entre artes marciais e comportamentos agressivos: "O Japão era para ser o país mais violento de todos, pois lá o esporte número um é o sumô."

Valores positivos
O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), praticante de jiu-jítsu, argumentou que as artes marciais transmitem valores positivos, como autocontrole e disciplina. Ele disse também que a exibição das lutas impulsiona a geração de empregos. "Profissionais como árbitros, treinadores e médicos ganham com a popularização do esporte", afirmou.

Reportagem - Marcelo Oliveira
Edição – Maria Clarice Dias

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