Financiamento de fundos setoriais de direitos humanos causa polêmica na votação de MP
10/12/2018 - 23:09 • Atualizado em 11/12/2018 - 00:59
A permissão para que sejam criados fundos para financiar projetos relacionados aos direitos humanos, com dedução de imposto de renda, foi o maior ponto de embate da Medida Provisória 851/18.
A medida provisória permite a criação de fundos administrados por instituições privadas sem fins lucrativos para financiar projetos e atividades nas áreas de educação, ciência, tecnologia, pesquisa, inovação, cultura, saúde, meio ambiente, assistência social, desporto, segurança pública, direitos humanos e demais finalidades de interesse público.
O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) criticou a aplicação da regra para financiar políticas de direitos humanos. “A ideia é boa, mas foi ampliada na comissão mista para que seja usada, além da pesquisa e inovação, também em direitos humanos e outras políticas”, criticou.
Para Hildo Rocha, os gastos dos fundos devem obedecer às regras de contratação da Lei de Licitações.
Já a relatora da MP, deputada Bruna Furlan (PSDB-SP), destacou que o texto foi alterado na comissão mista por acordo e defendeu a aplicação em direitos humanos. “Vamos fazer uma homenagem aos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e deixar o relatório como está, feito por um acordo entre todos os partidos”, disse.
A autorização para que os empresários deduzam de impostos as doações aos fundos patrimoniais chegou a ser objeto de destaque, mas foi rejeitado. O deputado Delegado Waldir (PSL-GO) disse que a proposta seria uma espécie de ampliação da Lei Rouanet. “Amplia o leque de possibilidades de deduções e, amanhã, veremos a cara desta Casa destacada negativamente na imprensa”, disse.
Já o deputado Esperidião Amin (PP-SC) afirmou que o presidente Michel Temer vai vetar o dispositivo. “Nós todos sabemos que vamos votar sim agora, mas que o presidente Michel Temer vai vetar. Esse é o acordo”, declarou.
Financiamento da educação
Ex-ministro da Ciência e Tecnologia, o deputado Celso Pansera (PT-RJ) disse que a MP cria mais um mecanismo de financiamento da ciência, tecnologia e assistência social. “Se essa lei já estivesse em vigor, poderíamos ter um fundo para sustentar o Museu Nacional, que pegou fogo, e teríamos escapado desta grande tragédia”, disse.
Ele lembrou que os fundos patrimoniais são muito utilizados como financiamento na Europa e nos Estados Unidos. “A pessoa que fizer uma doação vai ver o seu dinheiro financiando permanentemente aquela instituição”, disse.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) destacou que a intenção é usar apenas o lucro dos fundos patrimoniais para viabilizar uma fonte estável de financiamento das universidades, hospitais e centros de pesquisa. “Hoje, as doações feitas no Brasil são utilizadas e não viram fontes de rendimento. Agora, o recurso do fundo patrimonial será investido, e o resultado da aplicação vai financiar os centros de pesquisa e as universidades de uma forma perene”, declarou.
A deputada Bruna Furlan também comemorou a votação da proposta. “Esse projeto é importante para a filantropia educacional. Ao aprovar um projeto deste porte, pretendemos melhorar o mundo que nos circunda”, disse.
Reportagem – Carol Siqueira
Edição – Pierre Triboli