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Deputada e debatedor discordam em relação à Escola sem Partido

30/05/2017 - 23:22  

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Audiência Pública e Reunião Ordinária
O professor Orley José disse que livros didáticos induzem crianças a simpatia por movimentos sociais 

Os livros didáticos da primeira etapa do ensino fundamental trazem doutrinações políticas e religiosas para as crianças.

A afirmação foi feita pelo professor da Rede Pública Municipal de Goiânia (GO), Orley José, na comissão especial que analisa o Projeto de Lei da Escola sem Partido (PL 7180/14), nesta terça-feira (30).

Segundo Orley, os livros destinados a crianças de 6 a 10 anos de idade estão repletos de textos induzindo a simpatia por movimentos sociais, como o dos Sem-Terra. Ele também afirmou que os livros privilegiam ideologias políticas de esquerda.

As obras foram adotadas pelo Programa Nacional do Livro Didático para o triênio de 2016 a 2018 e são utilizadas pela rede pública de todo o País e por algumas escolas particulares.

O professor, que também é doutorando em ciências da religião, afirmou ainda que, apesar de concordar com o ensino da cultura africana nas escolas, não concorda com a forma como é feita.

"É um ensino que não leva em consideração a multiplicidade étnica do continente africano e nem a multiplicidade cultural do próprio negro brasileiro. É um ensino que se dedica prioritariamente ao candomblé e à umbanda”, disse.

Segundo Orley José, o problema não é nem o fato dessas religiões estarem sendo ensinadas, mas o pretexto de serem elemento cultural. “Porque outras religiões, como o cristianismo, por exemplo, são suprimidas, não têm essa mesma vantagem."

Direito à informação
Já a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AC) afirmou que não vê doutrinação nas escolas. Ela disse que os jovens têm direito à informação e que a comissão especial está defendendo um discurso conservador e discriminatório.

"A escola é um ambiente fundamentalmente de liberdade, no qual os alunos devem se sentir cidadãos. E eu não vejo, sinceramente, essa politização. Na verdade, o que estão querendo fazer é criminalizar a atividade docente, porque não vejo como um professor possa trabalhar bem em um ambiente onde não tenha o direito de expor sua opinião. A esquerda tem, a direita também. E aí todos nós podemos conviver muito bem, respeitando a opinião de quem pensa diferente."

Os deputados Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) e Lincoln Portela (PRB-MG) criticaram a fala da deputada. Segundo Portela, "a esquerda brasileira usa, há anos, as escolas para doutrinar crianças e adolescentes e, por isso, é necessária uma ação para reverter o quadro".

Unesco
O relator do projeto, deputado Flavinho (PSB-SP), reclamou da ausência de um representante da Unesco nos debates. A instituição já se manifestou, por meio da imprensa, contrária ao projeto, mas cancelou pela segunda vez sua participação nos debates.

Reportagem - Mônica Thaty
Edição - Rosalva Nunes

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