Educação, cultura e esportes

Debatedores defendem aplicação do Revalida para fortalecer atendimento médico

O exame Revalida foi instituído em 2011 para padronizar o processo de revalidação dos diplomas de medicina emitidos por instituições estrangeiras de ensino superior

12/07/2016 - 20:30  

Antonio Araújo/Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre o estado atual da demanda por Revalidação de Diplomas de Medicina
Audiência da Comissão de Educação debateu revalidação de diplomas de médicos formados no exterior

Participantes de audiência pública da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados defenderam nesta terça-feira (12) a valorização do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Estrangeiros (Revalida) para fortalecer o atendimento médico no Brasil.

O representante da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Henry de Holanda Campos, destacou que 83% dos médicos diplomados na Bolívia foram aprovados no último exame e estariam aptos para exercer a medicina no País. Ele também afirmou que, no total dos que prestaram o Revalida, cerca de 40% foram aprovados.

O presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética, Raul Canal, afirmou que não se pode questionar a qualidade dos médicos formados no exterior se não se aferir a qualidade dos médicos formados no Brasil. “Em anos anteriores, mais de 60% dos alunos médicos formados em São Paulo não passaram na prova do Cremesp [Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo]”, destacou.

Canal salientou que os critérios de controle de qualidade para exercício de medicina na Bolívia são mais rigorosos do que aqui.

A presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Fini, afirmou que o Revalida é feito com zelo, cuidado e rigor metodológico e que conta com grande representatividade das entidades médicas.

Mais Médicos
Representante do Conselho Federal de Medicina na audiência, Jeancarlos Fernandes Calvalcante criticou a contratação de médicos no âmbito do programa Mais Médicos sem que sejam submetidos ao Revalida. “Ninguém em sã consciência é contra um projeto que leva médicos aonde não tem médicos. Os estrangeiros são bem vindos ao território nacional, mas é preciso que eles façam o Revalida. É preciso que se submetam a um filtro de qualidade”, afirmou.

O deputado Ságuas Moraes (PT-MT) criticou o preconceito das entidades médicas brasileiras com os países da América Latina que fazem parte do Mais Médicos, mas reconheceu a importância do Revalida. Segundo ele, o fato de trazer médicos que não precisem fazer a avaliação é emergencial e temporário.

“Não ter o Revalida deveria ser temporário. Acredito que, daqui a algum tempo, todos os médicos que venha para cá ou mesmo brasileiros formados no exterior façam o Revalida”, afirmou o parlamentar.

Qualidade
O reitor da Universidade Tecnico Privada do Cosmo, na Bolívia, Hernán Garcia Arce, afirmou que o sistema educacional da Bolívia é de qualidade e que o país tem compromisso constante pela qualidade do ensino.

“Temos que admitir que a globalização tem facetas que repercutem na educação superior e que todos estão trocando experiências educativas. Temos recebido quantidade grande de estudantes brasileiros, e a experiência é enriquecedora”, destacou o professor.

O deputado Mandetta (DEM-MS) criticou a importação de médicos estrangeiros e disse que isso acaba “mediocrizando a medicina”.

Na avaliação do presidente da comissão, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), o processo anterior ao Revalida era “extremamente diversificado e, até mesmo, contraditório nos seus processos internos e nos seus resultados, quando executados pelas universidades federais”. A audiência desta terça-feira foi realizada a pedido de Faria de Sá.

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Pierre Triboli

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.