Educação, cultura e esportes

Burocracia atrapalha funcionamento dos circos no País, diz associação

08/12/2011 - 16:31  

Beto Oliveira
Audiência Pública tema: concessão de alvarás para a instalação de circos nas cidades brasileiras. (REQ. 102/11, Tiririca)
Tiririca espera fortalecer a discussão sobre os circos no Congresso.

As dificuldades enfrentadas pelos circos para conseguir alvarás de funcionamento foram apontadas em audiência pública da Comissão de Educação e Cultura nesta quinta-feira. As prefeituras, hoje, exigem no mínimo 18 documentos para conceder um alvará.

Além disso, segundo o presidente da Associação Brasileira de Circos, Camilo Torres, as administrações municipais pedem até 40 dias de antecedência para pedidos de documentação para a montagem do circo em terreno público ou particular. “O circo é muito nômade, em duas semanas tem muita alteração, muito dinamismo”, ressaltou.

O diretor do circo Broadway, Robert, contou por exemplo que, recentemente, seu circo atrasou três semanas por causa de uma balsa quebrada na Amazônia. “É uma região que não tem estradas, andamos por terra. Fizemos uma viagem de Marabá a Altamira por 500 km de estrada de chão e visitando cidades como Itaituba, Santarém, Parintins, indo até Manaus. Lugares que só o circo consegue chegar como atividade cultural. Havia 12 anos que Itaituba não recebia um circo”, contou.

Investimento
Neste ano, o investimento do governo federal nos circos chegaram a R$ 4,5 milhões. O Prêmio Carequinha de Estímulo ao Circo, da Funarte, premia circos, companhias, empresas, trupes, grupos ou artistas circenses de todo o Brasil, oferecendo recursos financeiros a projetos de artes circenses. A ação é realizada pela Fundação Nacional de Artes, em parceria com a Associação Cultural Funarte e a Petrobras.

A informalidade em relação aos circos no Brasil foi outro ponto criticado pelos representantes do setor. Segundo a União Brasileira de Circos (UCBI), o Brasil tem 3 mil circos. A vice-presidente da entidade, Marlene Querubin, porém, defende a realização de um censo. “O circo não entra no censo. Estamos pedindo ao Ministério das Cidades, ao IBGE, ao Ministério da Cultura para saber quantos somos. Já chegamos, pelos números extraoficiais, a 10 mil circos”, informou.

O deputado Tiririca (PR-SP), que propôs o debate, disse esperar que a audiência pública traga o tema para o Congresso. Segundo ele, os parlamentares vão se sensibilizar com a questão dos circos porque “um palhaço foi o mais votado no País e isso tem causado muita repercussão.

“Então eles vão pegar carona e dar espaço para a gente, eu tenho certeza que vamos fazer acontecer”, disse. Tiririca trabalhou em circo desde os 8 anos de idade, já foi dono de um, e afirma que já passou por todas as dificuldades, principalmente o preconceito contra os trabalhadores da área.

Reportagem - Luiz Cláudio Canuto
Edição – Maria Clarice Dias

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