Cidades e transportes

Transportadores de cargas defendem reforma da Previdência em debate na Câmara

Caminhoneiros e representantes do setor acreditam que a reforma pode permitir a retomada de investimentos

22/05/2019 - 13:23  

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
XIX Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas.
Caminhoneiros defenderam ainda o preço mínimo do frete e criticaram o custo do óleo diesel

Representantes do transporte rodoviário de cargas defenderam nesta quarta-feira (22), na Câmara dos Deputados, a aprovação da reforma da Previdência (PEC 6/19) como instrumento para o reequilíbrio das contas públicas e para a retomada do crescimento econômico do País.

Vice-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Flávio Benatti disse que a reforma é essencial para retomada dos investimentos privados. “À medida que você tem crescimento econômico, você faz com que a lei da oferta e da procura prevaleça no setor”, disse Benatti, durante o 19º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, promovido pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara.

“Se o Brasil crescer, muitas das discussões que temos aqui hoje, como baixo valor do frete e custos de operação inviáveis, ficarão no passado”, acrescentou ele, ao defender ainda aprovação da reforma tributária.

Preço do frete
Favorável à reforma pelas mesmas razões, o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, aproveitou o seminário para defender a Lei do Piso Mínimo do Frete (13.703/18).

Segundo ele, diversos benefícios conquistados pela categoria, como o vale pedágio e a isenção do pagamento do eixo suspenso, acabaram criando uma distorção no mercado ao favorecer empresas transportadoras, que aumentaram suas frotas e desequilibraram a oferta de serviços no setor.

“Nunca os caminhoneiros autônomos tentaram tomar para si o mercado das empresas, mas notamos que está havendo um ataque frontal à lei do piso mínimo”, criticou. “Na verdade, o que para uns é tabelamento de preço, para o caminhoneiro representa o preço da sua dignidade”, finalizou.

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, que também participou do seminário, disse que o sistema previdenciário atual é insustentável e comprime os orçamentos da União, de estados e de municípios, limitando os investimentos. “A reestruturação do sistema vai trazer previsibilidade e segurança jurídica, para que possamos voltar a crescer e a dar os passos subsequentes”, disse Marinho, referindo-se à reforma tributária.

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
XIX Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas. Dep. Gonzaga Patriota (PSB-PE)
Gonzaga Patriota ressaltou ainda a importância dos caminhoneiros no transporte de todo tipo de carga ao redor do País 

Importância logística
Para o deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), que propôs o seminário, o transporte rodoviário de cargas merece mais respeito do governo pela importância logística. “Ontem fez um ano da ‘paradinha’ de caminhoneiros autônomos. Eu já disse que se todos os transportadores de cargas paralisarem as atividades, o Brasil para”, observou Patriota, lembrando a greve que paralisou o País por 11 dias em maio de 2018.

“Não vejo deste governo e nem vi dos anteriores o devido respeito pela categoria dos transportadores de carga”, lamentou.

Por sua vez, o deputado Bosco Costa destacou que o preço do óleo diesel é parte significativa do custo operacional do caminhoneiro. “O maior gargalo do transporte rodoviário é o preço do óleo diesel. Um caminhoneiro que sai da Bahia e vai até Sorriso, no Mato Grosso, carregar milho até Pernambuco, fica com apenas R$ 7 mil reais, porque R$ 13 mil são gastos com diesel”, calculou Costa, que era caminhoneiro desde os 18 anos.

Daniel Cunha, da XP Investimentos, que também participou do seminário, ressaltou que o setor de infraestrutura de transportes carece de parcerias com investidores. Ele estima que a reforma da Previdência pode aumentar a confiança dos investidores, abrindo margem para a injeção de R$ 150 bilhões no setor de transportes nos próximos anos.

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Reportagem – Murilo Souza
Edição – Natalia Doederlein

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