Economia

Oposição e sindicalistas anunciam mobilização contra pacote de privatizações do governo Temer

13/09/2017 - 20:08   •   Atualizado em 13/09/2017 - 20:14

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre as privatizações propostas pelo Governo Federal
Manifestantes querem barrar o pacote anunciado pelo governo, que inclui privatizações de estradas, portos e aeroportos

Líderes de oposição, coordenadores de frentes parlamentares e 26 entidades de trabalhadores anunciaram mobilização nacional contra o pacote de privatização do governo Michel Temer. Eles se reuniram, nesta quarta-feira (13), em audiência pública da Comissão de Legislação Participativa, que lotou o Auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados.

Estão previstos indicativos de greve geral, manifestações de rua e ações legislativas a partir de outubro. A meta é barrar a privatização de 59 empreendimentos, anunciada em agosto, com a expectativa de arrecadação de R$ 40 bilhões para os cofres públicos. Do pacote, constam estradas, portos e aeroportos. Mas o principal alvo dos protestos é a possível venda da Eletrobrás e da Casa da Moeda.

Um dos organizadores da audiência, o líder do Psol, deputado Glauber Braga (RJ), anunciou a mobilização nacional: "Aqui, de hoje, sai um manifesto. A gente pretende sair com uma campanha nacional 'Eu não vendo o meu País'. Além disso, quando eles colocarem a proposta de privatização em votação, no Plenário da Câmara, eu acho que a gente tem que ter a posição clara de não deixar votar".

"Governo sem pudor"
Líder da Minoria, o deputado José Guimarães (PT-CE) confirmou a resistência no Congresso Nacional. "Quanto às medidas provisórias ou projetos de lei com urgência constitucional, nós, líderes da oposição, faremos de tudo para barrar essa sanha. É um governo que perdeu todo o pudor".

O coordenador da Frente Parlamentar em Defesa das Centrais Elétricas do São Francisco (Chesf), deputado Danilo Cabral (PSB-PE), classificou a privatização da Eletrobrás de "perversa e danosa" para o Nordeste. "Nós estamos entregando a chave da caixa d'água do Nordeste para que o privado possa tomar conta. E atrás disso, o sucateamento de uma política de desenvolvimento regional de 70 anos de história que a Chesf tem", criticou.

O 1° vice-presidente da Comissão de Legislação Participativa, deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), fez discurso em defesa da soberania nacional. "O programa de entrega das estatais é de traição nacional", disse.

Mobilizações nas ruas
Todos os líderes de oposição, no entanto, afirmaram que as ações no Congresso só terão chance de êxito se forem respaldadas por mobilizações nas ruas. Representante da Central de Trabalhadores do Brasil, Paulo Vinícius foi um dos líderes sindicais a defender uma greve geral.

Alex Ferreira/Agência Câmara
Manifestantes Casa da Moeda
Servidores da Casa da Moeda do Brasil forçaram a entrada no prédio principal da Câmara e foram contidos pela Polícia Legislativa

"Não há outra possibilidade de impedir o processo de privatização e de impedir a retirada de nossos direitos trabalhistas – com a reforma que vai entrar em vigor a partir do dia 12 de novembro –, se a gente não construir uma nova greve geral neste País e que coloque abaixo esse governo", disse o sindicalista.

Ocupações
Já o coordenador nacional do Movimento dos Sem-Terra, Alexandre Conceição, falou em ocupações contra o que ele chama de "desmonte do patrimônio público".

Também participaram da audiência pública os representantes da União Nacional dos Estudantes, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e de frentes parlamentares, como as de Defesa da Soberania Nacional e da Chesf.

Nenhum governista compareceu ao evento. Mas, em relação à Chesf, por exemplo, parlamentares governistas, como o deputado Júlio César (PSD-PI) e coordenador da bancada do Nordeste, já se manifestaram contra a proposta em outros eventos na Câmara.

Invasão
Servidores da Casa da Moeda formavam o grupo mais numeroso na audiência pública. "Não à privatização. A Casa da Moeda é do Brasil!", gritavam. Depois do ato, manifestantes forçaram a entrada no prédio principal da Câmara e foram contidos pela Polícia Legislativa.

Em Plenário, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que o incidente será investigado.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Newton Araújo

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