Economia

Ministro diz que mudanças previstas em MPs são estruturais e não integram ajuste fiscal

09/04/2015 - 16:14  

O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse nesta quinta-feira (9) que as medidas provisórias (MPs) 664/14 e 665/14 não devem ser vistas como medidas de ajuste, e sim como mudanças estruturais nos programas sociais, como forma de adequá-los à nova realidade econômica e social do País. Barbosa participou da audiência pública conjunta realizada pelas comissões mistas que discutem as dois textos, que dificultaram o acesso a benefícios previdenciários e trabalhistas.

Entenda o que mudou nos benefícios

"Não estamos colocando essas medidas como parte do ajuste fiscal porque ele é temporário. Essas medidas são permanentes. Mas, neste momento, elas ajudam o governo, e muito, a recuperar o superavit primário, a recuperar o equilíbrio das contas públicas", declarou o ministro após ser questionado por deputados e senadores.

O governo estima que as mudanças vão reduzir as despesas obrigatórias em cerca de 0,3% ao ano – R$ 18 bilhões em 2015.

Segundo Barbosa, quando as regras que são alteradas pelas MPs foram criadas, o Brasil vivia uma realidade distinta. Ele citou entre as mudanças ocorridas em anos recentes os aumentos do salário mínimo - que é o valor de referência dos benefícios sociais - e da formalização do emprego, que afetam diretamente os gastos com seguro-desemprego, além da expectativa de vida da população, com impacto sobre despesas com pensão.

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Audiência pública da Comissão Mista sobre a MP 664/14, que estabelece novas regras para concessão de auxílio-doença e pensão por morte. Dep. Betinho Gomes (PSDB-PE)
Para o deputado Betinho Gomes, governo mudou o discurso

De acordo com o ministro, os gastos com o seguro-desemprego sobem 17% ao ano. "Isso não é sustentável no longo prazo", sustentou. Ele disse ainda que as mudanças propostas nas MPs vão liberar recursos para outros programas sociais.

Discurso mudado
Para o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), a declaração do ministro mostra que o governo mudou de discurso, pois até então o que se afirmava era que as MPs faziam parte do esforço fiscal para reequilibrar as contas públicas.

Gomes questionou o ministro sobre o uso das medidas provisórias como forma de alterar os benefícios sociais. Para ele, se as mudanças são estruturais, então não precisariam ter vindo ao Congresso Nacional na forma de MP, que tem validade imediata. "O governo podia ter mandando por meio de projeto de lei. Aí, sim, teríamos tempo para discutir de forma aprofundada, com mais tranquilidade", argumentou.

Reportagem – Janary Júnior
Edição – Marcelo Oliveira

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