Direitos Humanos

Presidente da Câmara recebe lideranças indígenas, que entregam pauta de reivindicações

“Não aceitamos mineração nas terras indígenas, não queremos madeireiros nas terras indígenas”, disse o cacique Raoni, líder da etnia caiapó

26/04/2017 - 15:52  

Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Presidente Rodrigo Maia recebe lideranças indígenas
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com lideranças indígenas

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, recebeu 12 lideranças indígenas nesta quarta-feira (26). O grupo foi escolhido entre os representantes de cem etnias que estão acampados em Brasília, para a Mobilização Nacional Indígena.

As lideranças apresentaram uma pauta de reinvindicações e criticaram a violência contra a população indígena. Ontem, em manifestação diante do Congresso, indígenas pediram o arquivamento de propostas legislativas que alteram regras para terras indígenas.

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), que participou da reunião, afirmou que foi assumido um compromisso com o presidente Rodrigo Maia de que os indígenas serão ouvidos em todas as propostas em tramitação na Câmara que afetam os seus interesses.

“Isso é uma conquista muito importante. Se qualquer matéria caminhar para ser votada nesta Casa, que afete os povos indígenas, vamos lembrar o compromisso dele e pedir que os povos indígenas sejam ouvidos. O cacique Raoni reclamou com o presidente de um tratamento indevido que vem sendo dado aos povos indígenas como se não merecessem respeito”, disse Molon.

Em entrevista após o encontro, o cacique Raoni, líder da etnia caiapó, afirmou que deseja paz entre as populações indígenas e não indígenas. “Não queremos que haja inimizade entre índios e não índios. Hoje fui recebido pelo presidente da Casa e conversamos. Não aceitamos mineração nas terras indígenas, não queremos madeireiros nas terras indígenas, não aceitamos isso”, disse.

Manifestação
Na terça-feira (25), os indígenas chegaram a fechar a Esplanada dos Ministérios. Com arcos e flechas e facões, depositaram caixões de papel no gramado e no espelho d'água do Congresso. Alguns tentaram entrar na Câmara, mas foram impedidos pela Polícia Legislativa e pela Polícia Militar do Distrito Federal, que usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Quatro indígenas foram presos.

O deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA) criticou o conflito. “Tentamos marcar uma audiência para um debate cordato e não foi possível, o conflito ocorreu. É lastimável que populações indígenas, crianças, mulheres grávidas fiquem correndo de bombas”, disse.

O deputado Valtenir Pereira (PMDB-MT) também protestou. “O que observamos é que houve uma ação da polícia em cima da população indígena e houve uma reação. Ontem estive em um acampamento e, conversando com lideranças, foram apresentadas balas de borracha que acertaram vários indígenas”, afirmou.

Ao longo desta semana, cerca de 2.000 indígenas permanecerão em um acampamento ao lado do Teatro Nacional, no centro de Brasília, onde realizam debates sobre iniciativas que, segundo as lideranças, podem violar direitos garantidos na Constituição. Também estão previstos protestos e atividades culturais. As lideranças pretendem ainda se reunir com ministros do governo Michel Temer e protocolar as reivindicações junto ao Supremo Tribunal Federal.

Reportagem - Luiz Gustavo Xavier
Edição - Ralph Machado

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