Direitos Humanos

Nova lei pode facilitar acesso a informações do período da ditadura

Pela nova lei, a regra é a liberação das informações. E o sigilo, a exceção

16/08/2012 - 10:48  

Arquivo/ Leonardo Prado
Luiza Erundina
Erundina acredita que a nova lei vai facilitar investigações sobre violações aos direitos humanos.

A Lei de Acesso à Informação Pública (12.527/11) prevê que as informações sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticadas por agente público ou a mando de autoridade pública não poderão sofrer nenhum tipo de restrição.

Algumas informações podem ter o acesso negado, como aquelas consideradas imprescindíveis à segurança do Estado, que coloquem em risco a defesa e a soberania do País, ou que ofereçam risco à vida, à segurança ou à saúde da população. Também podem ser negadas informações que possam pôr em risco a estabilidade financeira, econômica ou monetária do Brasil.

Para a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), a lei também será importante para ajudar a esclarecer fatos que ocorreram durante a ditadura militar. “Os fatos sobre aquele período de exceção, que desrespeitavam os direitos humanos, estão sendo descobertos a partir de arquivos que já existiam, que já estavam lá, mas que eram inacessíveis ao cidadão e à imprensa.”

O especialista Augusto Miranda, da ONG Transparência Brasil,  concorda com Erundina. "Há também esse benefício complementar de acesso a informações históricas, de como o Estado se comportou [durante determinado período].”

A Lei de Acesso à Informação ainda determina que o tratamento dos dados pessoais deve ser feito de forma transparente e com respeito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas. Além disso, deve ser garantido o respeito às liberdades e garantias individuais.

Documentos históricos
Adolfo Furtado, funcionário do Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados, informa que, muito antes de a Lei de Acesso à Informação entrar em vigor, a Casa já vinha fazendo um trabalho de desclassificação de documentos históricos.

"Grande parte [desses documentos] relacionados à ditadura militar já foi desclassificada e está disponível para qualquer pessoa interessada em pesquisar o que aconteceu naquela época.  É um trabalho longo. Temos aproximadamente 9 quilômetros de papel nos nossos arquivos. Para digitalizar e colocar [esses documentos] à disposição da sociedade, leva algum tempo”, explica.

Reportagem – Jaciene Alves
Edição – Natalia Doederlein

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