Direitos Humanos

CPI do Tráfico de Pessoas pedirá prorrogação dos trabalhos por 60 dias

03/07/2012 - 16:39  

Arquivo/ Gustavo Lima
Flávia Morais
Flávia Morais, relatora da CPI, argumenta que a prorrogação irá melhorar o relatório final.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas vai encaminhar ao presidente da Câmara, Marco Maia, pedido de prorrogação dos trabalhos por mais 60 dias. A ampliação do prazo foi aprovada pela comissão, mas ainda depende de validação pelo Plenário da Câmara.

Em princípio, os trabalhos na CPI encerram-se em 14 de agosto. Mas, segundo a relatora das investigações, deputada Flávia Morais (PDT-GO), a abrangência dos casos envolvendo tráfico de pessoas no País merece mais aprofundamento. “Quanto mais pudermos aprofundar causas, efeitos e propostas de solução, estaremos contribuindo. Já que a CPI está em andamento, com equipe mobilizada, acredito que a prorrogação é muito oportuna para que possamos apresentar o melhor relatório possível”, argumentou.

31 bilhões de dólares
Em audiência pública na CPI nesta terça-feira, o professor de Direito do UniCeub e da UDF Hédel de Andrade Torres explicou que o tráfico de pessoas está relacionado, em geral, ao trabalho escravo, à exploração sexual ou ao mercado ilegal de órgãos humanos. O professor destacou que, conforme as Nações Unidas, o tráfico de pessoas movimenta mais de 31 bilhões de dólares por ano.

Torres é autor de uma pesquisa sobre as rotas do tráfico internacional de mulheres para fins sexuais em Goiás. De acordo com o estudioso, o “biótipo” das goianas e a localização geográfica do estado, no centro do País, têm feito da região alvo dos traficantes de pessoas. “Realizei entrevistas com mulheres vítimas do tráfico e o cenário é desolador. Muitas mulheres, quando conseguem retornar ao Brasil, retornam doentes, em quadro psicológico bastante precário. Muitas morrem, inclusive. E há relatos de pessoas que voltam com problemas mentais, como casos de esquizofrenia”, relatou.

Segundo o professor, dados da Procuradoria da República em Goiás indicam que os municípios de Minaçu, Uruaçu, Anápolis, Silvânia e São Miguel do Passa Quatro são os de maior incidência de tráfico de mulheres para exploração sexual no estado. De acordo com Hédel Torres, as vítimas são encaminhadas, principalmente, para Espanha, Portugal, Holanda e Alemanha.

Escravidão
A exploração sexual é apenas um dos exemplos de violência contra as vítimas do tráfico de pessoas. A CPI também analisa denúncias de que, atraídos por uma carreira de modelo no exterior, brasileiros estariam sendo forçados a trabalhar em condições análogas à de escravidão.

A comissão também aprovou requerimento para que Ludimila Ferreira Verri, da Agência André Ferreira Models, seja ouvida sobre sua ida à Índia para trabalhar como modelo fotográfico e de passarela. Segundo o autor do requerimento, deputado Paulo Freire (PR-SP), Ludimila pediu ajuda ao consulado brasileiro após ser submetida a condições análogas à de escravidão.

Reportagem - Ana Raquel Macedo/Rádio Câmara
Edição – Maria Clarice Dias

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