Direitos Humanos

Ações contra exploração sexual de crianças se intensificam para Copa

25/05/2011 - 17:47  

As ações dos governos federais e estaduais e das empresas do mercado de turismo para o combate ao turismo sexual estão sendo intensificadas com a proximidade da Copa do Mundo de 2014. No Seminário sobre Políticas Públicas de Combate à Exploração Sexual Infantil e ao Turismo Sexual, o ministro do Turismo, Pedro Novais, informou que, enquanto em 2005, os gastos com o programa de combate à exploração sexual da criança e do adolescente eram de cerca de R$ 200 mil, em 2010, esses gastos giraram em torno de R$ 8,3 milhões. “O programa continua em 2011”, assegurou, no evento promovido nesta quarta-feira pelas comissões de Turismo e Desporto; e de Direitos Humanos e Minorias.

Para combater o turismo sexual, o ministério foca em ações de conscientização e de capacitação profissional para jovens que querem ingressar no mercado de turismo. Em 2010, segundo Novais, 1,7 mil jovens em cinco estados (Ceará, Pernambuco, Paraíba, Santa Catarina e São Paulo) participaram do Projeto Inclusão Social com Capacitação Profissional. “Mais da metade deles já estão empregados”, acrescentou. O programa do Executivo inclui ainda a conscientização de turistas em países como Alemanha, Moçambique, Inglaterra, Espanha e Portugal, entre outros.

A secretária nacional de Políticas de Turismo do Ministério do Turismo, Ana Isabel Mesquita, destacou a necessidade de dar maior visibilidade ao problema. “O turismo sexual é crime”, ressaltou. Segundo ela, o ministério já realizou 178 seminários sobre o assunto junto à cadeia produtiva do turismo, e distribuiu quatro milhões de peças publicitárias incentivando a denúncia do crime. “Queremos colocar um exército na rua para a proteção da criança e do adolescente. A sociedade tem o papel de denunciar esse crime”, destacou.

Por sua vez, a secretária-executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual, Karina Figueiredo, enalteceu a importância de o País se preparar para coibir o turismo sexual na Copa de 2014 já na fase de preparativos para o evento. “Temos de sensibilizar os trabalhadores das empresas, principalmente nos canteiros de obras”, sustentou. Karina lembrou ainda que o espaço do futebol é essencialmente masculino: “É importante que se emplaque um gol contra a violência e a exploração de crianças e adolescentes nesse ambiente. A questão é sobretudo cultural. Em função de uma cultura machista, no Brasil é aceito que se explore sexualmente meninas”.

Trabalhadores
O diretor-executivo da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade, Geraldo Gonçalves Filho, afirmou que a entidade está promovendo palestras no País sobre o assunto, a fim de conscientizar todos os trabalhadores do setor (incluindo hotéis, bares, restaurantes e guias) sobre o problema. “Estamos cumprindo nossa parcela de responsabilidade social”, declarou. “Precisamos tirar do papel as nossas leis”, completou, lembrando que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei 8.069/90) já protege o público infantojuvenil contra o problema.

O diretor-geral da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, César Augusto Gonçalves, informou que, até o final de 2013, 60 mil trabalhadores de hotéis terão sido qualificados para a Copa do Mundo, o que inclui o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes. De acordo com o presidente da Companhia Paraense de Turismo (Paratur), Adenauer Góes, 30% dos casos de exploração sexual são feitos em ambientes hoteleiros.

Já o diretor de marketing da Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emprotur), Caio Magno Alves de Souza, sugeriu que seja inserido, no edital de licitação para obras para a Copa, o pré-requisito de conscientização dos trabalhadores em relação ao turismo sexual. “É importante que as empresas se comprometam contratualmente com a sensibilização de seus empregados para a questão”, desatacou. Ele informou que o Rio Grande do Norte foi pioneiro na confecção de um código de conduta para os trabalhadores em turismo, em 2001. De acordo com Alinne Frazão Barbosa, representante da Secretaria de Turismo de Pernambuco, o estado também conta com código de conduta ética. Lá as sensibilizações envolvem não apenas trabalhadores dos hotéis, como também taxistas e alunos de instituições de ensino dos cursos de Turismo, Hotelaria e Gastronomia.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Marcelo Oliveira

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