Direitos Humanos

Pesquisa aponta que 20% dos gays do País sofrem agressões

22/05/2007 - 23:17  

Cerca de quatro milhões de pessoas, o que corresponde a 20% dos gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (GLBT) do Brasil, já sofreram agressão física por causa da orientação sexual. Os dados são de pesquisa realizada em paradas do orgulho GLBT de São Paulo, Natal, Porto Alegre e Manaus. Eles foram apresentados hoje por Mariana Tavares, assessora do programa Brasil sem Homofobia da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, durante o 4º Seminário Nacional GLBT - Compromisso com o Respeito e a Igualdade, promovido pelas comissões de Direitos Humanos e Minorias; de Legislação Participativa; e de Seguridade Social e Família.

A pesquisa também revelou que 63% da população recenseada já sofreram discriminação e 39% foram vítimas de agressão verbal. São Paulo foi a cidade com maior índice de discriminação, enquanto Porto Alegre apresentou a menor incidência. O levantamento constatou ainda que a maioria dos agressores é de pessoas desconhecidas das vítimas, mas em segundo lugar aparecem familiares e amigos.

Ainda de acordo com os dados do Brasil sem Homofobia, o índice de desinformação sobre seus direitos e a desmobilização da população GLBT permanecem muito altos. Dos entrevistados, 77% não participam de nenhum movimento social e 68% não lembram de nenhuma lei ou projeto de lei que os beneficie. Além disso, 78% dos entrevistados desconhecem o programa Brasil sem Homofobia.

O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT), Toni Reis, acrescentou que a cada dois dias um homossexual é barbaramente assassinado no País. Como exemplo, ele citou o caso de um vereador de Coqueiro Seco (AL) que, após assumir ser bissexual, teve os genitais cortados e foi executado. "Muita gente ainda acha que somos pecadores, criminosos ou doentes, que precisamos de tratamento psicológico para sermos curados", afirmou.

Reis ressaltou, porém, que essa prática "é puro charlatanismo". A Resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia proíbe o tratamento da homossexualidade e os profissionais que insistirem nesse caminho podem até ter os diplomas cassados.

Rede frágil
A deputada Fátima Bezerra (PT-RN) disse que, embora seja fundamental a existência do programa Brasil sem Homofobia, a rede de proteção à população GLBT ainda é muito frágil. "Não podemos perder de vista que o Estado tem que assumir o seu papel. Devemos ter uma rede de assistência espalhada por todo o País", afirmou.

Para Mariana Tavares, o Executivo tem feito sua parte. "O governo trabalhou na criação desse programa e tem feito um trabalho de valorização e de efetivação do Brasil sem Homofobia para que ele aconteça em todos os estados brasileiros", enfatizou.

O deputado Eduardo Valverde (PT-RO) também elogiou o programa, mas ressaltou a necessidade de parcerias com estados e municípios. Valverde cobrou das organizações não-governamentais que lutam pelos direitos da população GLBT uma presença mais efetiva no Congresso. "Não apenas para pedir verbas, mas também como forma de ajudar a combater o preconceito velado que ainda está na cabeça de muitos congressistas", salientou.

Na avaliação da deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), as mulheres têm de apoiar a luta do movimento GLBT porque também são vítimas preferenciais de preconceito. A parlamentar acredita que isso ocorre porque "ainda há uma conduta implícita na estrutura pública e familiar que estimula, reconhece e ainda acha bonita a discriminação".

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Reportagem - Maria Neves e Paulo Roberto Miranda
Edição - Marcos Rossi

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