Ciência, tecnologia e Comunicações

Relator cobra melhoria no atendimento das empresas de telefonia

25/08/2015 - 23:20  

Lucio Bernardo Junior / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre os aspectos da Lei de Proteção de Dados Pessoais. Dep. Jorge Tadeu Mudalem (DEM-SP)
Mudalen: pelos estudos de entidades de defesa do consumidor, o setor de telecom perde apenas para o de saúde e o financeiro no número de reclamações.

O relator da comissão especial da Câmara dos Deputados sobre telecomunicações Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP), refutou a informação sobre melhoria no atendimento no setor.

De acordo com o gerente sênior de Assuntos Regulatórios da Nextel, Luciano José Ferreira, em média, a empresa leva 18 minutos para solucionar problemas do cliente.

O parlamentar relatou que ele próprio teria gasto mais de 2 horas para solicitar mudança para o plano 4G à operadora. Ele falou que as reclamações tem aumentado em cerca de 25%. “Pelos estudos de entidades de defesa do consumidor, o setor de telecom perde apenas para o de saúde e o financeiro no número de reclamações.”

A comissão discutiu nesta terça-feira, em audiência pública com executivos de empresas de telefonia, a qualidade dos serviços do setor. O colegiado analisa o Projeto de Lei 6789/13, que altera, entre outras, a Lei Geral de Telecomunicações (9.472/97), criando novas regras para o setor.

Já o diretor de Relações Institucionais da Vivo, Enylson Flávio Camolesi, admitiu: “Por mais que digamos: ‘estamos bem’, nunca estamos satisfeitos com isso”. O executivo ressaltou que os indicadores melhoraram de 2014 a 2015, em razão de investimentos na expansão de rede. Ainda assim, existem problemas específicos, como o furto e o vandalismo de cabos, “que geram efeitos desastrosos para usuários na qualidade final” – 36 mil só na rede Vivo em 2014 com prejuízo a mais de 2 milhões de clientes.

Acesso no interior

O diretor de Relações Institucionais da OI, Marcos Augusto Coelho, ressaltou as melhorias e lembrou que hoje cada brasileiro tem à disposição 1,5 serviços de telecomunicação. Mas reconheceu que o acesso aos serviços precisam ser interiorizados. “Muita gente ainda e muitas regiões precisam ter acesso, para isso precisamos de fonte de recursos que hoje não estão disponíveis no Brasil”, disse.

Marcos Coelho considera que, para interiorizar o serviço não basta aumentar o número de antenas, são “necessários investimentos na transmissão”. Ele citou o exemplo do Pará: “Nós temos reclamações de regiões que ficam a 600 km da sede municipal, para alcança-los é preciso investir três vezes mais do que na sede”. “A geração de caixa do setor é sempre inferior à demanda pelo investimento.”

Em sua opinião, persistem problemas estruturais e regulatórios, além da competição com uma série de aplicativos e da internet – “o que demanda de recursos de tecnologia no País”.

Bens reversíveis
O deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS), que preside o colegiado, solicitou explicações sobre a situação dos bens reversíveis, “se alguma empresa vendeu esses bens e incorporou aos seus ativos”.

Esses bens eram de propriedade da antiga Telebrás (Telecomunicações Brasileiras S. A) e foram cedidos às operadoras sob fiscalização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), após a privatização do setor. A propriedade sobre esses bens deve ser revertida ao estado até 2025 – quando expiram os contratos de concessão firmados entre as firmas e o estado.

Em resposta ao parlamentar, o executivo da OI esclareceu que a reversibilidade atinge apenas os bens necessários à prestação do serviço. “Quais serão os bens necessários em 2025?”, indagou. Segundo ele, as operadoras elencaram esses bens passiveis de serem revertidos em listas que foram reconhecidas pela Anatel.

Ele informou ainda que na época da privatização o Estado detinha 23% de todos os bens dedicados aos serviços de telecom; 70% já estavam nas mãos dos privados, “nada aqui é público”.

Reportagem - Emanuelle Brasil
Edição – Regina Céli Assumpção

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