Ciência, tecnologia e Comunicações

Mercadante quer apoio de empresas para financiamento de bolsistas

Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação espera que o setor privado colabore com a cessão de 25 mil bolsas de estudo no exterior, que se somarão às 75 mil oferecidas pelo governo federal para diversos cursos.

16/08/2011 - 15:32  

Beto Oliveira
Seminário:
Seminário na Câmara discutiu a inovação tecnológica no País.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, disse esperar que o setor privado financie 25 mil bolsas de estudo para brasileiros em instituições no exterior, que vão se somar às 75 mil bolsas a serem concedidas pelo governo por meio do Programa Ciência Sem Fronteiras. Mercadante afirmou que o setor privado ainda investe pouco em pesquisa e desenvolvimento. Ele lembrou que o Brasil ocupa a 47ª posição no ranking global de inovação e o 11º lugar em gasto público e privado em pesquisa e desenvolvimento.

As declarações foram dadas nesta terça-feira no seminário sobre a extensão tecnológica no País, promovido pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; pelo Conselho de Altos Estudos; e pela Comissão Especial do Plano Nacional de Educação (PNE - PL 8035/10). No evento, o ministro destacou que hoje serão disponibilizadas as primeiras 2 mil bolsas de estudos e que já foram mapeadas as 50 melhores universidades do mundo.

De acordo com Mercadante, a prioridade do programa será a concessão de bolsas nas áreas de ciências básicas (química, física, matemática e biologia), ciências médicas, todas as engenharias e todas as áreas tecnológicas. “Há um deficit de graduados nessas áreas”, destacou. Das 75 mil bolsas, 27 mil serão para graduação, 34 mil para doutorado e 8,9 mil para pós-doutorado, entre outras previstas.

O ministro ressaltou que o número de alunos graduados em ensino superior triplicou na última década e que também houve crescimento do número de mestres e doutores. Segundo ele, o Brasil ocupa hoje a 13ª colocação entre os países com maior participação percentual em produção científica. Já a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) conta com 170 mil teses digitalizadas na internet.

Beto Oliveira
Dep. Inocêncio Oliveira (pres. do Conselho de Altos Estudos)
O deputado Inocêncio Oliveira defendeu a capacitação da população.

Capacitação tecnológica
No seminário, o presidente da Comissão Especial do PNE, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), lembrou que os alunos da rede pública de ensino no Brasil aparecem em penúltimo lugar mundial em pesquisa da Unesco que testou a compreensão de leitura de estudantes de 41 países. O deputado considera que o PNE pode alterar esse quadro. “É o melhor Plano Nacional de Educação que já foi formulado no Brasil”, afirmou.

Já o presidente do Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), e o deputado Ariosto Holanda (PSB-CE) defenderam a capacitação tecnológica da população brasileira. Para Inocêncio, o analfabetismo tecnológico é pior do que o analfabetismo educacional, por ser ainda mais excludente.

Holanda, que propôs o evento, também destacou a importância da capacitação tecnológica da população, inclusive da parcela que não tem educação formal. Para ele, esse é o caminho para a desconcentração de renda no País. Segundo o parlamentar, essa capacitação poderia ser feita por meio dos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVT). Holanda informou que, ao final do seminário, será divulgado manifesto pela criação de uma rede de extensão tecnológica no País.

Beto Oliveira
Aloizio Mercadante (Ministro da Ciência e Tecnologia)
O ministro Aloizio Mercadante espera apoio do setor privado.

Novos centros
O secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio de Oliveira, afirmou que o ministério pretende criar Centros Vocacionais Tecnológicos móveis (em ônibus, caminhões ou barcos) para capacitação da população em municípios de baixa densidade populacional – com menos de 10 mil habitantes.

Segundo Oliveira, o foco dos centros será a extensão tecnológica, a inclusão digital e a educação profissional de base tecnológica. “Os CVTs também poderão ser utilizados, pelo Ministério da Educação, para o ensino a distância”, complementou.

Conforme o secretário, será feita parceria entre entes públicos federais, estaduais e municipais para a implantação dos centros. Ele destacou que houve mudança no modelo dos CVTs nesta gestão: o programa técnico-pedagógico dos centros agora está a cargo de instituições federais de educação superior e escolas técnicas, às quais os CVTs terão de estar vinculados.

Oliveira lembrou que, atualmente, os CVTs são criados por iniciativa parlamentar. “Isso vai continuar, mas o ministério também quer fazer chamada pública para os interessados em constituir os centros, para tornar mais democrático o processo de criação”, destacou. Entes privados também poderão participar, desde que em parceria com entes públicos. Até o momento, o ministério apoiou a criação de 236 CVTs, instalados em todo o Brasil desde 2003.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Ralph Machado

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