Trabalho, Previdência e Assistência

Deputado defende contratação obrigatória de deficiente intelectual

20/08/2009 - 21:19  

O deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG) criticou nesta quinta-feira, em debate na Câmara, a ideia defendida por alguns empresários de revisar o artigo 93 da Lei 8213/91, que obriga as empresas com mais de 100 empregados a contratarem pessoas com deficiência.

Para o deputado, essa foi a primeira lei de ação afirmativa e os empresários poderiam usar o chamado Sistema S (Sesc, Sesi, Senac, Sebrae e outras instituições), sobre o qual têm ascendência, para ajudar no treinamento dos profissionais com deficiência. "Vamos discutir como se pode melhorar o processo de formação. A Confederação Nacional da Indústria não precisa e não deveria querer acabar com essa lei tão importante", reclamou.

As declarações foram dadas no encerramento do 1º Fórum de Deficiência Intelectual, no auditório Nereu Ramos, promovido em conjunto pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) do Distrito Federal e a Federação Nacional de Apaes.

Experiência pessoal
A deputada Nilmar Ruiz (DEM-TO) disse que a acessibilidade deve ser uma das prioridades do País, independentemente do tipo de deficiência em questão. "No Tocantins, percebi que havia muito pouco desenvolvimento em educação, mas já existia uma Apae e sempre procuramos mostrar que, por meio do trabalho e da inclusão social, podemos dar oportunidades para todos", comentou.

Nilmar Ruiz contou que tem uma filha com deficiência intelectual. Segundo ela, esta foi a primeira vez em que falou sobre isso na Câmara. A deputada chamou a atenção para o otimismo de muito deficientes que lidam bem com os seus problemas e se mostram exemplos de vida. "É um privilégio conviver com eles", disse.

"Minha filha Daniela teve diagnosticada deficiência com seis meses. O médico disse que ela não falaria, não andaria e poderia até não viver por muito tempo. Trinta anos depois, ela tem deficiência intelectual, mas é formada em magistério, trabalha, é casada e tem dois filhos", informou.

Outros pais
No fórum, pais de profissionais com deficiência intelectual que passaram pelas Apaes deram seus depoimentos. Paulo Sérgio Zucoli narrou uma situação parecida com a descrita pela deputada. Ele descobriu a deficiência da sua filha quando a levou a um otorrinolaringologista e ficou impressionado com o despreparo do profissional: "Ele virou para a gente, de modo muito duro, e disse que a nossa filha era surda e não iria falar".

Felizmente para Zucoli, esse diagnóstico pessimista fez com que ele e a esposa se mobilizassem para superar a situação e hoje a filha vive em condições muito superiores às previstas. "Ela fala muito bem, se comunica perfeitamente, trabalha em uma loja de um shopping e compete em provas de hipismo", disse.

Eduardo Barbosa concordou com a crítica feita por Zucoli: "Realmente, os médicos precisam aprender a lidar com essas crianças. Nenhum profissional pode fazer um diagnóstico definitivo no início da infância. Eu mesmo sou médico e achei que havia ocorrido alguma evolução e temo que não tenha ocorrido", lamentou o deputado.

Dione Dantas Favero, mãe de um ex-aluno da Apae, chamou a atenção para a falta de preparo dos profissionais do ensino regular para lidar com crianças deficientes. "Esse processo da inclusão social é vital. É muito bacana ver seu filho sair de ônibus, trabalhar, ganhar o dinheiro dele e ainda juntar uma poupança", relatou. Ela chamou a atenção para a responsabilidade que o filho adquiriu em aspectos como cumprir horários e demais responsabilidades.

Linda dos Santos Lemos contou que teve dois filhos com síndrome de Down. O primeiro faleceu com apenas um ano, mas a segunda, Michele, hoje tem 28 anos e trabalha em conservação de livros na Câmara. "Ela tinha muita dificuldade na escola e ficou no ensino regular até os 16 anos sem muito progresso. Ela só foi realmente apreender na Apae. Foi lá que conseguiu saber um pouco de matemática, depois conseguiu um emprego e hoje está pensando até em casar", comemorou.

Continua:
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Reportagem – Juliano Pires
Edição – João Pitella Junior

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