Trabalho, Previdência e Assistência

Deputados pedem inclusão de pessoas com deficiência cognitiva

19/08/2009 - 13:56  

Parlamentares defendem maior acesso ao mercado de trabalho e adaptação da escola para receber alunos com deficiência intelectual.

Participantes do 1º Fórum sobre Deficiência Intelectual, que ocorre hoje na Câmara, afirmaram que toda a sociedade deve contribuir com o processo de inclusão de pessoas com alguma dificuldade cognitiva. Segundo o deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG), que sugeriu o evento, depende principalmente da sociedade promover a integração social dessas pessoas e seu acesso não só à educação, mas também ao trabalho.

"O deficiente intelectual sofre porque suas especificidades não são tratadas como deveriam. Ele tem um déficit cognitivo e demora a processar uma informação, a elaborar uma resposta. Ele tem dificuldades de expressar ideias com clareza. Não se pode exigir dessa pessoa o mesmo que se exige de alguém que não tem deficiência. Quando se percebe isso, o processo de interação depende de nós, não depende dele", disse Eduardo Barbosa.

O deputado lembrou que as pessoas com deficiência intelectual têm dificuldades de ingressar em um mercado de trabalho competitivo, em que se avaliam resultados e eficiência. Para Barbosa, no entanto, os empresários brasileiros ainda ignoram as qualificações das pessoas com deficiência intelectual. "Eles [os empresários] culpam a condição do deficiente, mas não revêem entre as atribuições existentes aquela que pode ser destinada a essa pessoa, como um cargo de office boy. São entraves de uma sociedade que entende que o Estado tem que tutelar essas pessoas."

Educação
A presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, deputada Maria do Rosário (PT-RS), apontou a necessidade de preparar a escola para receber o aluno com deficiência intelectual, capacitando-o para o mundo do trabalho.

Assim como Barbosa, Rosário disse que a educação não deve ficar presa ao espaço competitivo. "Caso contrário, não conseguiremos incluir essas pessoas", afirmou.

De acordo com a deputada, a Comissão de Educação se baseará nos resultados do fórum para elaborar o Plano Nacional de Educação 2011-2020. Segundo a deputada, o novo plano precisa dar mais abertura à educação e os educadores deverão compreender que cada um tem lugares diferentes de partida e de chegada no processo de aprendizado.

Eduardo Barbosa afirmou que a escola brasileira precisa se adaptar para educar alunos com e sem deficiência juntamente. Ele disse que a inclusão, da forma como é feita hoje, não cumpre nem mesmo a função de socializar.

O deputado lamentou que os alunos com deficiência intelectual ainda enfrentem preconceito em sala de aula. Ele citou dados recentes de pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) segundo os quais 98,9% dos alunos entrevistados preferem distanciar-se de colegas portadores dessa deficiência.

Família
No fórum, a coordenadora nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, Izabel Maior, afirmou que o trabalho de inclusão continuará ainda por muito tempo. "Até que nos acostumemos à expressão `conjunto dos direitos humanos`".

Para ela, é preciso encorajar as famílias a permitir que seus filhos deficientes tenham autonomia e exerçam seu direito de escolha.

O 1º Fórum sobre Deficiência Intelectual é promovido pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias, em conjunto com a Federação Nacional das Apaes e a Apae do Distrito Federal. Os debates prosseguem à tarde, no auditório Nereu Ramos.

Dos debates da manhã participaram ainda o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Luiz Couto (PT-PB), e os deputados Pedro Wilson (PT-GO) e Janete Rocha Pietá (PT-SP).

Continua:
Ex-alunos da Apae sugerem perseverança para garantir inclusão

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Reportagem - Noéli Nobre
Edição – Pierre Triboli

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