Agropecuária

Renda de agricultor familiar aumentou 285% após crédito fundiário, diz diretor

08/06/2016 - 19:24  

Cleia Viana / Câmara dos Deputados
Audiência pública para tomada de depoimento do diretor de Políticas da Agricultura Familiar e da Pesca, da Secretaria de Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, Hilário Gottselig
Hilário Gottselig: agricultor vem crescendo e produzindo, e a área que ele adquiriu já não é mais o suficiente e ele tem que arrendar de terceiros

O diretor de Políticas da Agricultura Familiar e da Pesca, da Secretaria de Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, Hilário Gottselig, afirmou que a renda do agricultor familiar aumentou em 285% ao entrar no crédito fundiário. Porém, com o aumento na produção local, a área dos agricultores ficou menor do que a necessária para plantação.

“O agricultor vem crescendo e produzindo, e a área que ele adquiriu já não é mais o suficiente e ele tem que arrendar de terceiros. Em pesquisa realizada, os profissionais afirmaram que o maior problema é a falta de mão de obra e área insuficiente para a expansão”, afirmou Gottselig.

Ele participou de audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na demarcação de terras indígenas e quilombolas.

O aumento na produtividade agrária após inserção do produtor no crédito fundiário foi o principal tema da audiência pública desta quarta-feira (8), proposta pelo sub-relator da comissão, deputado Valdir Colatto (PMDB-SC).

Financiamento de terras
Gottselig criticou o valor de R$ 80 mil para o financiamento das terras no crédito fundiário. “Deveriam mudar o regramento único para o País porque em outros estados R$ 80 mil pode ser muito, mas em Santa Catarina só é possível comprar uma pequena área de baixa qualidade”. Ele sugeriu que a quantia aumente para R$ 140 mil por propriedade.

Em relação à sucessão de terras, Gottselig destacou que a política do crédito fundiário deveria ser modificada: “Em Santa Catarina, mais de 38 mil famílias do meio rural não tem sucessor porque o financiamento só permite que um familiar receba a área depois que o dono morre. Até que a pessoa morrer, o filho ou qualquer outro parente já foi para a cidade e não vai voltar para cuidar da terra”.

Modelo errado
Em concordância com o palestrante, o deputado Valdir Colatto reprovou a reforma agrária e defendeu o crédito fundiário. “É o modelo que está errado, falido, e deu grandes despesas para a União. Já o crédito escolhe pessoas que tem vocação para a agricultura, que são filhos de agricultores, pessoas que vivem na roça, essas pessoas que vão realmente produzir”.

Segundo o parlamentar, a CPI quer apresentar um modelo agrário mais econômico e eficaz para o País. “Queremos usar bem o dinheiro público e fazer com que realmente funcione. Se tiver que mudar alguma lei, nós vamos mudar, e vamos apresentar para o Brasil um novo modelo, mais barato, e que realmente funcione”.

Reunião cancelada
A comissão cancelou a reunião ordinária de amanhã (9) que teria como palestrante o delegado de Polícia Federal Wagner Mesquita, secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária do Estado do Paraná. O presidente da mesa, deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), informou que o convidado não confirmou presença.

Reportagem – Clara Sasse
Edição – Newton Araújo

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