Política e Administração Pública

Economista critica juros e Banco Central na CPI da Dívida Pública

11/11/2009 - 19:33  

O economista e secretário de Cultura de São Paulo, João Sayad, criticou nesta quarta-feira a política de juros adotada pelo Banco Central. Para ele, a instituição exagera na política de juros altos para conter a inflação, prejudicando o desenvolvimento do País. "Já gastamos mais de 100% do nosso PIB anual graças a um princípio tirado não sei de onde por esses jovens economistas de que nossos juros nunca podem ficar abaixo de 10%", afirmou.

As declarações foram dadas durante audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública. Sayad criticou também as propostas de ampliar a independência do Banco Central.

Juros x indústria
Autor do requerimento para a realização da audiência, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) concordou com Sayad em todos os pontos. "Os juros atrapalham a indústria e o Brasil não tem nada a ganhar com essas propostas de autonomia total para o Banco Central", disse.

O deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR) afirmou que o Bacen já anunciou que a taxa de juros deverá subir no próximo ano para evitar que a inflação suba. Sayad reforçou a crítica aos defensores dos juros altos. "Eles dizem que há dificuldade para rolar a dívida. Isso não é verdade. Dizem que tem dólar demais entrando no Brasil. Bem, tem dólar demais entrando no mundo todo. Essa é uma discussão esotérica, no sentido de que as pessoas usam termos difíceis para esconder aquilo que realmente pensam", defendeu.

Kaefer concordou. "Ainda vão conseguir quebrar as indústrias brasileiras com essa política de juros eternamente altos", protestou.

Sem desconfianças
Questionado pelo relator da CPI, deputado Pedro Novais (PMDB-MA), se tinha alguma desconfiança de que poderia ter ocorrido alguma adulteração ou deturpação da dívida pública, Sayad respondeu que não há motivos para crer em alguma irregularidade. Ele afirmou que a maior parte das análises que se realiza sobre a dívida é feita conforme intuições e opiniões pessoais, o que pode, em alguns casos, provocar equívocos interpretativos.

Novais perguntou também qual índice de endividamento do País que Sayad consideraria razoável. O economista respondeu que o atual índice, abaixo de 30% do PIB, é bastante razoável, pois estaria de acordo com as exigências da União Europeia para que um país possa aderir ao Euro.

Continua:
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Reportagem – Juliano Pires
Edição - Patricia Roedel

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