Operação Acolhida: venezuelanos são gratos, enquanto roraimenses cobram mais apoio
Brasília – Em março deste ano, a Operação Acolhida completou cinco anos desde a sua criação em 2018, com o objetivo de prestar apoio aos venezuelanos que fogem da crise no país vizinho. Desde então, 950 mil pessoas ingressaram no território brasileiro, sendo que 500 mil continuam no país.
Enquanto os venezuelanos são gratos pelo acolhimento que recebem no Brasil – cerca de 250 mil estão inscritos no Cadastro Único, dos quais 140 mil recebem o Bolsa Família - os roraimenses cobram mais apoio, pois os serviços públicos de saúde e educação, por exemplo, estão perto de colapsar, tanto em Boa Vista como em Pacaraima, cidade na fronteira com Santa Elena de Uairén.
De acordo com o general Helder de Freitas, atual comandante da operação, 112 mil venezuelanos foram interiorizados, a maioria deles em cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A interiorização é inédita em termos de operação humanitária em todo o mundo e contribui para aliviar a pressão sobre o estado de Roraima. Até o momento, 988 municípios brasileiros acolheram venezuelanos.
Freitas disse, ainda, que o fluxo de refugiados continua crescendo. “Em 2022, recebemos, em média, 10 mil venezuelanos todos os meses. Este ano, a média é de 12 mil e o número pode ser maior, pois nem todos os que entram no Brasil procuram a Operação Acolhida”, explicou.
O tema foi tratado nesta quinta-feira, 14, em audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), por iniciativa dos deputados General Girão (PL-RN), General Pazuello (PL-RJ), Alfredo Gaspar (UNIÃO-AL) e Marcel van Hattem (NOVO-RS). Os deputados também pretendem realizar uma missão parlamentar a Boa Vista e Pacaraima, em Roraima, e Manaus, no Amazonas, as três cidades que sofrem os impactos imediatos do êxodo venezuelano.
Além disso, como forma de chamar a atenção da comunidade internacional para a importância e o ineditismo da operação, a Câmara dos Deputados realizará sessão solene em comemoração aos seus cinco anos, no dia 17 de outubro. “Não podemos afrouxar o garrão. O fluxo continua crescendo e pelo menos 450 pessoas cruzam a fronteira da Venezuela com o Brasil todos os dias”, advertiu Pazuello.
Segundo ele, “o país vizinho está com problemas e está jogando a responsabilidade para o Brasil. Enquanto isso, o governo faz vistas grossas para o que acontece”, afirmou. “O Brasil precisa usar toda a sua força política e diplomática para chamar a atenção do mundo para a gravidade desta crise”, completou Alfredo Gaspar.
“O prognóstico é bastante negativo, com uma tendência de piora significativa por conta das eleições na Venezuela”, observou general Girão para quem “a Venezuela faliu como Estado há muito tempo”. Na mesma direção, Marcel van Hattem elogiou os responsáveis pela Operação Acolhida, mas chamou a atenção para a origem do fluxo migratório. “Não se pode relativizar e muito menos considerar uma narrativa, o que se passa na Venezuela. Os venezuelanos nas nossas cidades o demonstram”, assinalou.
Pazuello também pretende discutir com as mais de 120 agências que atuam no âmbito da Operação Acolhida, a criação de uma operação humanitária sob mandato das Nações Unidas, para atuar dentro da Venezuela. Além disso, ele propôs a criação da Frente Parlamentar dos Refugiados, Apátridas e Migrantes, para promover o diálogo permanente sobre o tema, dentro da Câmara dos Deputados.
Assessoria de Imprensa - CREDN