Deputados devem se reunir com Embaixador da Turquia para saber mais sobre associação islâmica

Comissão promove audiência pública para debater o possível tráfico de crianças e adolescentes indígenas para a Turquia. Polícia Federal segue investigando denúncia de envolvimento de uma associação liderada por turcos no Amazonas
10/05/2023 15h21

Vinicius Loures

Deputados devem se reunir com Embaixador da Turquia para saber mais sobre associação islâmica

Brasília – Os membros da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) pretendem reunir-se com o Embaixador da Turquia no Brasil, Halil İbrahim Akça, para tratar do possível tráfico de crianças e adolescentes indígenas, de São Gabriel da Cachoeira (AM), para a aquele país.

O assunto foi tratado nesta quarta-feira, 10, em audiência pública da CREDN, solicitada pelo deputado Alfredo Gaspar (UNIÃO-AL). A sugestão partiu do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Para ele, “é importante que levemos a nossa preocupação ao Embaixador e que possamos saber se essa associação existe na Turquia e em outros países”, afirmou.

De acordo com o requerimento, reportagem do site Metrópoles, mostra que a Associação Solidária Humanitária do Amazonas (ASHAM), que tem como um dos seus responsáveis, o turco Abdulhakim Tokdemir, estaria submetendo crianças e adolescentes indígenas à islamização desde 2019.

“Na reportagem, é descrito todo o processo de islamização que culminaria na emigração para a Turquia. É preocupante a facilidade com que o grupo estrangeiro adentrou em território nacional e aqui atuaria sob um possível falso cadastro de abrigo e guarda de crianças e adolescentes”, destacou Alfredo Gaspar.

Investigação

A delegada Letícia Prado da Silva Cavalcanti de Holanda, da Superintendência da Polícia Federal no Amazonas, lidera as investigações e afirmou que não há indício de radicalização islâmica, embora não esteja clara as razões pelas quais há o interesse específico nos indígenas amazônicos.

Por outro lado, reconheceu a transnacionalidade, uma vez que pelo menos 6 brasileiros já se encontram em cidades turcas, levadas pela ASHAM. A delegada também revelou que Brasil e Turquia não têm um acordo de extradição e que há turcos e brasileiros entre os investigados.

Lúcia Alberta Andrade, diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), informou que diversas reuniões têm sido realizadas desde o ano passado para tratar do assunto e que, no dia 28 de fevereiro, as crianças e adolescentes foram retiradas do internato na associação.

Ela disse, ainda, que os pais assinavam um termo, sem qualquer valor jurídico, autorizando os turcos a levarem as crianças para aquele país. Na sua avaliação, é preciso dotar a região de políticas públicas que inibam as ações dos aliciadores.

No dia 3, o deputado Amon Mandel (CIDADANIA-AM), esteve em reunião na sede da ONU, em Viena, para discutir iniciativas e acordos para o combate ao tráfico humano e a exploração de mão de obra em municípios no interior do Amazonas. Segundo ele, “a ONU assumiu o compromisso de acompanhar essa questão e ajudar a treinar e instruir profissionais da área no Amazonas para lidar com esse tipo de problema”, revelou.

Uma das ideias, é replicar, no Amazonas, o “Projeto Tapajós”, implementado nas áreas de mineração do ouro na Bacia do Rio Tapajós, e que ataca diretamente o tráfico humano e a exploração de mão de obra.

Assessoria de Imprensa - CREDN