Ligas Municipais se mobilizam em busca de recursos para futebol amador

Em debate na Comissão do Esporte, representantes do setor pedem criação de subcomissão permanente em defesa do esporte amador e mudanças na Lei de Incentivo ao Esporte
14/12/2023 08h56

Renato Araújo/Câmara dos Deputados

 Ligas Municipais se mobilizam em busca de recursos para futebol amador

Debate na Comissão do Esporte dá início à mobilização nacional em defesa do futebol amador, segundo deputado Airton Faleiro (PT/PA)

Dirigentes de ligas municipais de futebol e de clubes amadores de futebol estiveram presentes em debate promovido pela Comissão do Esporte nesta quarta-feira, 13, sobre a valorização do futebol amador – ou social – brasileiro. O deputado Airton Faleiro (PT/PA), autor do requerimento para a realização da mesa redonda sobre “Valorização do Futebol Amador Brasileiro e das Ligas Municipais” conduziu a discussão, que pretende ser o início de uma mobilização nacional. “Quem não se mobiliza, se atrofia. A gente não pode se desmobilizar. É um movimento nacional. Não é contra ninguém, é a favor o futebol amador, o futebol social”, disse Faleiro.

Ricardo da Silva Oliveira, presidente da Associação das Ligas Esportivas Brasileiras (ALEB), agradeceu a oportunidade de discutir o tema na Câmara dos Deputados e destacou a importância de a discussão ser feita no parlamento:  “Precisamos ter mais voz nessa Casa. Precisamos dizer para os ricos e poderosos que a gente se organizou e que esse segmento está aqui”.

Além das entidades desportivas, também estavam presentes representantes do governo federal e dos municípios. Para o representante da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, do Ministério do Esporte, Lúcio Flavio Vale da Silva, o futebol amador é a principal manifestação popular do Brasil. “Não é o Carnaval, não é o futebol profissional”, afirmou.

A criação de uma Subcomissão Permanente do Esporte Amador, no âmbito da Comissão do Esporte, na Câmara dos Deputados, foi uma das sugestões apresentadas pelo assessor jurídico da Associação de Ligas Desportivas do Estado do Pará (ALIDESP), Mário Célio Alves. Ele pediu também alterações na Lei de Incentivo ao Esporte e na lei orçamentária para que os clubes amadores possam ter mais condições de serem beneficiados com recursos públicos.

Para a diretora de Esporte Educacional da Secretaria Nacional de Esporte Amador, Educação, Lazer e Inclusão Social, do Ministério do Esporte, Cássia Damiani, o futebol amador pode ser fator de formação e inclusão social de jovens e ser usado para ensinar valores importantes: “Futebol hoje é a prática pela prática, mas pode ser usado para formar a cidadania, que a gente combata o racismo, que enfrente o sexismo e a homofobia”.

Para João Luiz dos Santos Santos, consultor da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a primeira porta em que o dirigente do clube amador vai bater em busca de recursos é sempre a do secretário municipal ou a do prefeito. “Quando se fala em futebol amador, o cenário é o município. Temos que pensar políticas públicas para otimizar, para melhorar o que estamos fazendo. Para esse esporte que tantos benefícios traz”, afirmou o consultor.

A principal dificuldade apresentada pelos dirigentes presentes foi descentralizar a distribuição de recursos dos grandes centros. “Temos que trabalhar focado para que os recursos cheguem às Ligas municipais de todo o país. Aqui também estão inseridas as crianças, está inserido o futebol feminino”, afirmou Edson Prestes Ferreira, presidente da Associação Amazonense das Ligas de Futebol Amador (AALFA).

A escassez orçamentária também foi citada por Geraldo Ricardo de Lima, presidente da Liga Esportiva de Juatuba, município mineiro localizado a 40km de Belo Horizonte. “O futebol amador leva as famílias aos campeonatos das ligas. É a única coisa de lazer que o município de Juatuba tem, mas a gente tira dinheiro do bolso para custear os campeonatos locais”, disse o dirigente esportivo. Lima disse ainda que o promotor de Justiça do Fórum recém-inaugurado na cidade procurou a Liga Esportiva para saber o que poderia ser feito para incluir jovens presos no esporte, o que reforçaria a importância do futebol social.

Foi o mesmo aspecto citado pelo secretário Municipal de Esporte, Lazer e Juventude de Imperatriz (MA), Luiz Gonzaga Pereira Sousa: “muito nos dói quando chega um presidente de Liga pedindo recursos e não conseguimos atender. Estamos nos preocupando em salvar vidas. Quando um jovem está jogando futebol, ele não está fazendo algo que possa colocar sua vida em risco”.

Ao final da mesa redonda, o deputado Airton Faleiro afirmou que iria pedir a criação, no âmbito da Comissão do Esporte, de um Grupo de Trabalho para organizar todas as demandas apresentadas pelos dirigentes das ligas. E afirmou ainda que levaria o assunto ao ministro do Esporte, André Fufuca. “Você pode ter um belo projeto, que o Parlamento abrace. Mas se o governo não abraçar, não anda”, disse o parlamentar.