CDHM pede informações ao governador e justiça de São Paulo sobre agressão a jovens e ameaças ao padre Júlio Lancelotti

Na noite desta terça-feira (4), o padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo e defensor de direitos humanos, sofreu mais uma ameaça por parte de agentes da segurança pública do estado. De acordo com o religioso, jovens acolhidos pela Pastoral foram agredidos por policiais que teriam enviado um “recado” em tom ameaçador. Segundo Lancelotti, os jovens foram agredidos enquanto policiais diziam “vocês são protegidos daquele padre que defende bandido, avisem a ele que a hora dele vai chegar”. Lancelotti denunciou a violência na corregedoria da polícia acompanhado de advogada e dos jovens agredidos. Houve reconhecimento fotográfico.
05/02/2020 17h40

Nesta quarta-feira (5), a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) enviou ofício ao governador de São Paulo João Dória, ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio e ao corregedor-geral da Polícia Militar, coronel Marcelino Fernandes da Silva.  Nas correspondências, o presidente da CDHM, Helder Salomão (CDHM), pede a apuração rigorosa do caso, a aplicação das sanções legais cabíveis e informações sobre as providências tomadas pelo executivo e judiciário paulistas.

“O acirramento da criminalização de lutas sociais e o desmonte de políticas públicas mostram que o Estado tem sido o principal violador de direitos humanos. Padre Júlio tem uma luta que deve continuar, porque demonstra a existência de uma rede de proteção aos direitos humanos”, afirma Salomão.

 “Esses jovens foram agredidos à noite, como sempre acontece. Eles batem nas pessoas, fazem acusações, levaram para a delegacia. É uma verdadeira tortura contínua”, contou hoje Júlio Lancelotti à revista Fórum. De acordo com o padre as ameaças são recorrentes, tanto pela Guarda Civil Metropolitana quanto da Polícia Militar.

Em novembro de 2018 a CDHM também atuou em outra agressão sofrida pelo defensor de direitos humanos. Na época, o então presidente do colegiado, Luiz Couto (PT/PB), encaminhou pedidos de informações ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio e Mágino Barbosa Sílvio, na época secretário de Segurança Pública do estado.

Na ocasião, Lancelotti foi agredido durante uma ação policial na região central de São Paulo, chamada Cracolândia. Além de usuários de drogas que estavam no local, os policiais teriam usado violência contra moradores em situação de rua e agentes da Pastoral de Rua. De acordo com o religioso, durante a operação foram ditas frases como “nós não mataremos vocês, mas os exterminaremos até o Natal deste ano, podem esperar e inclusive o padre que defende vocês”.  

Pedro Calvi / CDHM