Deputados, artistas e estudiosos defendem registro do forró como patrimônio cultural brasileiro

Audiência Pública realizada em 13/06/2018
14/06/2018 14h25

Processo está parado por falta de recursos do Iphan

Parlamentares, artistas e pesquisadores defenderam, nesta quarta-feira (13), a continuidade do processo de reconhecimento do forró como patrimônio cultural do Brasil. O tema foi discutido em audiência pública da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados.

Iniciado em 2011, o processo está com o andamento prejudicado por falta de recursos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A coordenadora do órgão, Marina Duque, lembrou que, para alguma manifestação ser declarada patrimônio nacional, primeiro é preciso fazer um inventário, atividade que está acima da capacidade financeira do Iphan.

“O custo de uma pesquisa antropológica é muito alto para que a gente possa identificar como o forró se desenvolveu em diferentes locais do País. O projeto começou a ficar grande demais e isso inviabilizou os trabalhos”, explicou. “O primeiro orçamento que foi feito para registrar as matrizes tradicionais do forró ficou em torno de R$ 1,5 milhão. O Iphan tem um orçamento na coordenação de identificação e registro de aproximadamente R$ 1 milhão por ano para tratar de inúmeros projetos, ficou completamente inviável.”

Marina Duque elogiou a atuação do Fórum Nacional do Forró, que está angariando verbas e realizando encontros de mobilização, o que demonstra, segundo ela, o interesse da comunidade em prol do registro.

Tradição
A presidente da Sociedade dos Forrozeiros de Pernambuco, Tereza Acioly, destacou que o reconhecimento do forró por parte do Iphan é fundamental para que a tradição não se perca e os artistas possam cada vez mais se profissionalizar.

“Tendo o reconhecimento do forró como patrimônio cultural, serão criadas mais políticas públicas para nossos representantes. Passaremos a participar da cadeia produtiva, da economia criativa”, disse.

O reitor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Rangel Junior, afirmou que já se foi o tempo em que o forró era uma manifestação nordestina; hoje em dia, ressaltou, o ritmo é reconhecido dentro e fora do Brasil.

“Devemos defender, sim, o reconhecimento do forró e de suas matrizes estéticas, a fim de evitar que, com o tempo, essa tradição seja destruída, como a indústria de diversão vem tentando fazer aos poucos”, comentou.

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Geração de empregos
O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), um dos que solicitaram o debate, acrescentou que o forró embala as festas juninas em todo o País e gera milhares de empregos – razões pelas quais merece a proteção do Estado.

“Trata-se de uma manifestação cultural e artística extremamente democrática. Digo sempre que o forró chega com o mesmo brilho no rancho – debaixo do pé de árvore – e nos salões mais sofisticados do Brasil”, salientou.

A presidente da comissão, deputada Raquel Muniz (PSD-MG), comprometeu-se a discutir com os demais integrantes do colegiado formas de alocar recursos para que o processo de reconhecimento do forró como patrimônio cultural brasileiro possa ter continuidade no Iphan.

Reportagem – Karla Alessandra
Edição – Marcelo Oliveira