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Já passaram 125 anos desde que a Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353) foi sancionada em 13 de maio de 1888, e com isso, o país extinguiu a escravidão, mas não o preconceito contra a cultura que se tornou essencialmente brasileira. De governo a governo, políticas de ações positivas para quebrar as correntes do preconceito foram feitas e implantadas.
A capoeira, que na época do Império era uma luta dos chamados negros fujões e má vista pela sociedade, passou de ser uma expressão cultural de arte-marcial, esporte, cultura popular e música. Suas manifestações culturais religiosas, denominadas inicialmente de macumba e bruxaria, ganharam espaço no circuito nacional de músicas. Hoje, temos o samba, o batuque do Olodum, a tecnomacumba e outras manifestações musicais com ritmos e instrumentos da cultura afro. A artista Rita Ribeiro, por exemplo, mesclou o som dos batuques dos terreiros com os beats eletrônicos, o que agradou a sociedade.
Na opinião da presidenta da Comissão de Cultura deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) “em pleno século 21 podemos diagnosticar uma sociedade preconceituosa, que não enxerga que as raízes culturais afro estão presentes no dia a dia, seja como manifestação musical, religiosa, esportiva ou gastronômica. Se você come, por exemplo, uma feijoada, considerada o prato nacional do Brasil, você está comento um prato criado nas senzalas, que foi servido de alimento para os escravos na época colonial e são poucos que possuem essa saber”, destacou a parlamentar.
Em 2003, foi lançada a lei federal nº 10.639, que modificou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). A lei estabelece a obrigatoriedade do ensino de cultura africana e afro-brasileira nas escolas públicas e privadas de todos os estados brasileiros.
“É um importante mecanismo do governo para se quebrar o preconceito. A ideia é que ao se implantar aulas sobre a cultura africana e afro-brasileira nas escolas, o preconceito iria ser combatido desde cedo, mas como a lei ainda não foi implantada, ainda vemos muitas manifestações preconceituosas manifestadas pela simples falta de conhecimento sobre o assunto”, explicou Jandira.