03.04.2009

Jornal Correio Braziliense

Caderno: Economia

Brasil sai prestigiado

G-20 encampa propostas brasileiras. Decisão fortalece a credibilidade do país no exterior

Vicente Nunes e Ricardo Allan

O Brasil saiu como protagonista da reunião do G-20, grupo que reúne os 20 países mais ricos do planeta. Se antes do encontro havia muita desconfiança na capacidade de o país influir nas decisões, o que se viu depois do anúncio das medidas foi que boa parte das propostas brasileiras foram encampadas. Entre elas, a punição aos paraísos fiscais e a maior regulamentação do sistema financeiro mundial. "O Brasil mudou de patamar. Entrou para o centro das decisões mundiais", disse o economista Eduardo Collor, da Ativa Corretora.

Na avaliação de Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial do Fundação Getulio Vargas (FGV), a imagem e a credibilidade do Brasil saíram muito fortalecidas do encontro realizado em Londres. "O Brasil tem sido o exemplo de país emergente que está gerenciando a crise com responsabilidade macroeconômica, sem cair na armadilha do protecionismo nem no canto da sereia do populismo", afirmou. "E isso tudo foi magnificado pela figura do presidente Lula, que mostrou, mais uma vez, o seu carisma. Mostrou para o mundo que é popular sem ser populista, o que é raro na América Latina", completou.

Para Langoni, a figura de Lula cresce num momento em que há uma terrível escassez de líderes no mundo. "Não deixa de ser muito interessante o que aconteceu. O Brasil era cliente preferencial do Fundo Monetário Internacional (FMI) e, agora, vai ser um dos principais atores no fundo e vai participar da sua capitalização", destacou. A seu ver, o Brasil terá um papel muito importante na regulamentação do sistema financeiro internacional por causa das suas regras prudenciais e sua experiência com o Proer, o Programa de Reestruturação do Sistema Financeiro, que evitou o colapso do mercado bancário brasileiro com o fim da hiperinflação.

 

Jornal da Câmara

Caderno: Plenário

PLENÁRIO - Junqueira: adesão da Venezuela ao Mercosul beneficiará o Norte e o Nordeste

O Brasil deve ver a Venezuela não como o país de um presidente, mas o de um povo. As questões políticas não podem estar acima dos interesses nacionais.

Ao defender a adesão da Venezuela ao Mercosul, o deputado Marcio Junqueira (DEM-RR) destacou a importância do País vizinho para o desenvolvimento do Norte e do Nordeste. No caso de Roraima, disse o deputado, a Venezuela já contribui com fornecimento de energia, através do Linhão de Guri. "Graças a esse fornecimento, temos energia segura e até excedente", disse. Além da energia do Linhão de Guri, Junqueira informou que o Brasil assinou acordo bilateral que prevê a possibilidade de acesso ao sistema de comunicação virtual, por meio da internet banda larga, fornecida por fibra ótica, que já chega a Boa Vista pelo mesmo Linhão de Guri. Esse sistema, completou, pode também alcançar o Amazonas. O deputado elogiou o esforço do embaixador da Venezuela no Brasil, Julio Montoya, para promover a integração entre os dois países.

Em relação à importância da Venezuela para o Nordeste, Junqueira lembrou a parceria firmada entre a Pedevesa, companhia de petróleo da Venezuela, e a Petrobras na exploração de petróleo em Pernambuco, no intercâmbio de tecnologia e de conhecimento. "E, mesmo estando num partido de oposição, sou obrigado a reconhecer que essa união pode fazer com que possamos superar a crise com mais facilidade", admitiu. Na avaliação do parlamentar, o Brasil deve ver a Venezuela não como o país de um presidente, mas o de um povo, de um grupo de sul-americanos que quer se integrar à realidade do Mercosul. "As questões políticas não podem estar acima dos interesses nacionais", afirmou. Junqueira disse que, apesar de o DEM ser contrário à adesão da Venezuela ao Mercosul, ele é favorável, pois sabe "da importância que essa integração tem para o povo da Amazônia, do extremo norte e agora do Nordeste".

 

 

Jornal Valor Econômico

Caderno: Brasil

Após 5 anos, Brasil tem déficit com Argentina

Janes Rocha

Pela primeira vez em cinco anos, a Argentina voltou ao azul na balança comercial com o Brasil. O saldo do comércio exterior bilateral de março mostrou um superávit de US$ 20 milhões para a Argentina, resultado de exportações de US$ 915 milhões e importações de US$ 895 milhões, segundo levantamento de dados preliminares feito pela consultoria Abeceb.com. O déficit argentino com o principal sócio do Mercosul, que em 2008 bateu o recorde, com aproximadamente US$ 4,3 bilhões no acumulado do ano, vinha caindo mês a mês desde agosto. No primeiro trimestre de 2009, o resultado ainda é negativo para a Argentina em US$ 39 milhões. "A reversão do saldo segue em linha com a marcada tendência descendente do déficit, que se aprofundou a partir de dezembro devido a uma retração maior do lado das compras que do lado das vendas ao país vizinho", afirmam os analistas da consultoria. Em termos anuais há uma forte queda do comércio bilateral como reflexo da crise internacional. Comparado a março de 2008 houve uma queda de 10,4% nas exportações, 33% nas importações e 23% na corrente de comércio.

No entanto, a Argentina registrou uma reação das exportações para o Brasil em março, que cresceram 37,4% em comparação a fevereiro. No acumulado do primeiro trimestre de 2009, as exportações caíram 33,5% comparado ao mesmo período de 2008, totalizando US$ 2,19 bilhões. Contribuiu para a queda das exportações a redução nas vendas de combustíveis minerais, óleos, veículos terrestres e autopeças, plásticos e suas manufaturas e químicos.

As importações somaram US$ 2,232 bilhões entre janeiro e março de 2009, com queda de 43,7% comparada ao mesmo período de 2008. Entre os produtos que a Argentina passou a comprar menos do Brasil se destacam automóveis (particulares e transporte de passageiros), autopeças, telefones celulares, laminados planos de ferro e aço, bombas e compressores. Dois fatores explicam a queda das importações: a menor demanda local, devido à diminuição do nível de atividade do país e as medidas restritivas implementadas pela Argentina para ampliar o controle do fluxo de importações dos chamados "produtos sensíveis", em que a produção nacional perde em competitividade com a estrangeira.

 

 

Jornal Valor Econômico

Caderno: Brasil

Acordo bilateral favoreceu mais as exportações do México

De São Paulo

A indústria mexicana está se beneficiando muito mais que a brasileira dos acordos de abertura recíproca de mercado que vigoram entre Brasil e México, as duas maiores economias do continente latino-americano.

As exportações brasileiras para o México no setor automotivo, por exemplo, cresceram 47% entre 2002 (um ano antes dos acordos entrarem em vigor) e 2008. Por outro lado, as exportações mexicanas para o Brasil de carros e peças subiram mais de 500%. Nos outros itens que desfrutam de benefício tributário - incluindo químico, elétrico, plásticos e outros - as vendas do Brasil para o vizinho avançaram 107%, enquanto os embarques do México aumentaram 586%.

As informações são de um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), obtido pelo Valor. A indústria brasileira quer ampliar significativamente os acordos, para incluir produtos do seu interesse, mas encontra forte resistência dos mexicanos.