Um conjunto de árvores, denominado “Aléia das Autoridades” foi inaugurado pelo Diretor da Câmara, Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida, que plantou uma muda de pequi (Cariocar brasiliense). Também alguns dos idealizadores da criação do Bosque – a arquiteta Ivelise Longhi e os professores Aylê-Salassié e Eleazar Volpato – plantaram mudas de  Erythrina  velutina Wild. (Mulungu) na nova aléia.
 
Além destas, o Parque também ganhou 180 novas mudas de catorze espécies do cerrado, plantadas por servidores, seus familiares e por parceiros do Bosque. Todos os que participaram do plantio receberam certificados de participação e tiveram a oportunidade de gravar seus nomes em placas de argila, que serão transformadas, por cozimento, em cerâmica, sendo posteriormente afixadas às árvores, permitindo o acompanhamento individualizado de seu crescimento.

Uma grande quantidade de sementes de gramíneas, arbustos e árvores, misturadas com adubo, serragem e sementes de leguminosas (que funcionam como adubo verde, fixando nutrientes no solo),  ainda foi espalhada pelos presentes em áreas previamente demarcadas, de modo a contribuir com a regeneração da vegetação típica do local. Sementes selecionadas de  árvores do cerrado também foram distribuídas aos presentes para o plantio doméstico, como forma de incentivo à disseminação dessas espécies.

A Seção de Manutenção de Jardins da Câmara dos Deputados aproveitou a ocasião para apresentar  três novos projetos sob sua responsabilidade: “Flores Selvagens”, que busca  fotografar, identificar, preservar e multiplicar as flores que nascem espontaneamente na área, muitas delas  minúsculas,  escondidas junto à grama; “Regeneração Espontânea”, que visa identificar e preservar a espécies vegetais, de diferentes portes, cujas sementes foram trazidas  naturalmente – vento, águas, animais – e germinaram no local, e “Proteção às Abelhas”, que tem por objetivo identificar as diferentes espécies de abelhas e vespas que habitam o Bosque, protegendo as que não oferecem risco de acidentes ao visitantes e realocando as perigosas, em parceria com a  organização SOS Abelhas.

Saiba mais sobre o projeto “Flores Selvagens”
Saiba mais sobre o projeto “Regeneração Espontânea”
Saiba mais sobre o projeto “Proteção às Abelhas”

Segundo Sérgio Sampaio, diretor-geral da Câmara dos Deputados, os cuidados com Bosque simbolizam o resgate de um momento histórico importante, para entregar às futuras gerações, não só o conhecimento sobre o processo que levou à Constituição de 1988, mas também consciência da importância da preservação do meio ambiente.

Pioneiros

Aqueles que participaram da criação do Bosque, em 1988, mostraram-se emocionados com a oportunidade de plantar em seu entorno.

A vice-governadora Ivelise Longhi, que como arquiteta do Governo do Distrito Federal (GDF)  foi responsável pela demarcação da área onde ficaria o Bosque em 1988, declarou: “Toda vez que plantamos uma árvore, plantamos vida”, ressaltando que o Bosque “é a continuação do sonho de muitas pessoas”, parabenizando também os servidores da Câmara, que abraçaram a idéia. Ela lembrou ainda a importância, para o Parque em particular e para Brasília como um todo, de Ozanam Coelho, engenheiro agrônomo do Departamento de Parques e Jardins da Novacap na época da criação do Bosque (que não pôde comparecer ao evento por motivo de viagem), “um dos responsáveis por hoje termos uma cidade tão verde”.

O engenheiro florestal Eleazar Volpato, que participou da criação do Bosque como  funcionário do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF, hoje Ibama) e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais (SBEF), chamou a tenção para a importância da adoção do Bosque pela Câmara dos Deputados, “o que vem permitido que o espaço receba os cuidados que merece por seu valor histórico, simbólico e ambiental”.

Já o jornalista Aylê-Salassié Filgueiras Quintão, ex-servidor IBDF  e um dos responsáveis pela concepção inicial do Bosque, agradeceu aos presentes e concluiu com satisfação: “O bosque está consolidado, pela luta de todos vocês.”

Servidores

Os servidores da Câmara compareceram em grande número ao evento, muitos deles acompanhados por suas famílias, e mostraram-se empolgados com a oportunidade de contribuir com a proteção do Parque plantando mudas nativas.

Sebastião Machado, ex-diretor do Departamento de Comissões da Câmara, aposentado há cerca de 15 anos, fez questão de estar acompanhado de seu filho Alberto e de sua neta Anne. Ele conta que veio “da roça” e sempre manteve uma ligação com sua origem rural, tanto que hoje é especialista em hibiscos híbridos. Não poderia, portanto, perder uma evento como esse: ”Qualquer muda é uma vitória, quando vemos tanto desmatamento. Mais uma árvore é uma gota de água que precisamos para somar”.

Humberto Martins, diretor da Rádio Câmara,  plantou uma muda da palmeira jerivá e declarou: “O mais importante aqui é preservar essa área verde, sem prédios, e replantar uma parte de vegetação nativa”. Já a engenheira civil Carolina Salomão, técnica em orçamento do Serviço de Instalações da Câmara, contou que nunca havia plantado uma árvore. Para ela, trata-se de “um gesto bonito, juntar a comunidade, reunindo a todos em torno do parque”.

Ana Paula Faria, técnica legislativa lotada no Departamento Médico da Câmara (Demed),  plantou, em conjunto com sua filha Nina, uma muda de araçá, segundo ela sua fruta preferida durante a infância. “É ótimo ter esse legado, podermos acompanhar o crescimento da árvore que plantamos juntas, quiçá trazermos nossos netos para conhecê-la”, disse. Além disso, ela ressaltou a importância da iniciativa para aproximar as pessoas da natureza: “Brasília tem muitas áreas verdes, mas nem sempre interagimos com elas”.

O Parque Bosque dos Constituintes

O Bosque dos Constituintes é uma área de 70.814 m², ao lado da Praça dos Três Poderes, que abriga cerca de 600 árvores plantadas pelos parlamentares que elaboraram a Constituição de 1988, em comemoração à inclusão nesta de um artigo dedicado à proteção do meio ambiente. Em 2008, o Bosque foi transformado em Parque e “adotado” pela Câmara dos Deputados, que passou a ser responsável por sua gestão, manutenção e revitalização, dentro do programa “Abrace um Parque”, do Governo do Distrito Federal.

A idéia é que o Parque Bosque dos Constituintes esteja plenamente revitalizado até 2013, ano em que se comemoram os 25 anos de promulgação da Constituição Cidadã. O próximo passo, a partir daí, será pleitear o seu tombamento como Monumento Vivo e Histórico de Brasília, segundo os preceitos de proteção aos jardins históricos previstos na Carta de Veneza (1964) e de Florença (1981).

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