6- Resultados Obtidos

6.1 Estudo Quantitativo: TABELA DE PESAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Tabela -  TIPO DE RESÍDUO GERADO NO ED. ANEXO IV

Representação Gráfica

Representação Gráfica

Após a pesagem, retirada dos papéis, papelões e etc.

6.2 Estudo Qualitativo

A efetividade da coleta seletiva pode e deve ser medida de várias formas.

Entretanto, destacamos duas:

• a primeira, em função do grau de mistura dos materiais que ocorre nos diversos tipos de coletores colocados à disposição dos geradores nas salas e gabinetes;
• a segunda, em função do procedimento de recolhimento dos mesmos, feito pela equipe de serventes da limpeza.

Num primeiro momento, a avaliação qualitativa dos conteúdos dos sacos recolhidos pela equipe de limpeza tomou por base os resultados e as informações colhidas durante a pesquisa de opinião realizada, por iniciativa do membro voluntário do EcoCâmara, Leandro de Castro Siqueira, no Anexo IV.  Esta pesquisa revelou a intenção, por parte dos servidores lotados neste prédio, de participar da segregação dos materiais, registrando diversas reclamações ou informações enviadas por e-mail, ou escritas nos próprios questionários, como por exemplo, de que nos gabinetes o "lixo é separado e o pessoal da limpeza mistura ao recolher".

A tabulação desses resultados encontra-se em fase de elaboração e, tão logo seja concluída, poderá ser de grande valor no cruzamento de dados.

Outra razão para a realização da avaliação qualitativa dos resíduos gerados nos gabinetes do Anexo IV é a intenção de se estudar, com detalhes, se existem os chamados "desperdícios de materiais de consumo", ou se ocorre o descarte indevido de materiais tóxicos ou perigosos (como tonners ou cartuchos, pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, material perfurocortante etc), e ainda, se por ventura existem outras peculiaridades que necessitem de maior atenção.

Como exemplos de descarte inadequados mostramos, a seguir, as fotos feitas durante esta avaliação:

Durante esta avaliação, foi constatado que os serventes têm a informação sobre a forma inadequada de descarte. Porém, não existe procedimento padrão (por escrito), que regulamente como deve se proceder, um sistema de registro, ou de comunicação formal, ou de adoção de soluções junto aos setores responsáveis, ou, ainda, a orientação dos envolvidos.

A escolha dos andares foi aleatória. Cada um dos andares estudados está sob a responsabilidade de diferentes encarregados da empresa Capital, que realiza os serviços de limpeza e manutenção.

Também optou-se por separar, de forma grosseira, o conteúdo dos sacos com os resíduos misturados e, em seguida, pesá-los juntamente com aqueles que foram recolhidos de modo correto e ensacados com sacos plásticos da cor correspondente.

É oportuno que se mencione que a Câmara, por meio do setor competente, solicitou à empresa Capital que adquirisse outras cores de sacos plásticos, além dos tradicionais sacos pretos, com o objetivo de melhorar a segregação, o acondicionamento e o recolhimento dos materiais recicláveis. Cabe lembrar que sacos coloridos são mais caros que os tradicionais pretos, pois, normalmente, os pretos são reciclados localmente, a partir de filmes plásticos de Polietileno de Baixa Densidade (PEBD) usados, coletados aqui mesmo na região.

Assim :

• os sacos plásticos vermelhos (100 litros) são para plásticos em geral, como garrafas de água ou outros, copos descartáveis, plásticos sacos finos (PEBD) e outros tipos de plásticos. Devem ser colocados em cestos altos, próximos às copas, áreas de serviço e elevadores. Podem ser utilizados pelos serventes para recolher copos, garrafas e outros plásticos separados nos gabinetes,
• os sacos plásticos azuis (100 litros) são para papéis, papelões, revistas, encartes e outros. Devem ser colocados nos cestos maiores, próximos às copas, área de serviços e elevadores. Podem ser utilizados pelos serventes para recolher os papéis, revistas, jornais e outros separados nos gabinetes,
• os sacos azuis menores (40 litros) são colocados dentro das lixeiras pequenas, nos gabinetes e banheiros, independente da identificação da lixeira,
• os sacos plásticos pretos (100 litros) são colocados dentro das lixeiras grandes, para lixos diversos, e nas lixeiras pequenas, para materiais diversos, nos banheiros, nas copas e nos gabinetes.

Lixos diversos ou não recicláveis são :

• Nas copas - os restos de comida, borra de café, embalagens não recicláveis, papéis toalha e outros tipos de lixos comuns em uma copa.
• Nos banheiros - das áreas comuns e nos gabinetes, os papéis higiênicos usados, toalhas de mãos, absorventes higiênicos, eventualmente restos de alimentos, tubos de pasta dental, algodão, embalagens de doces e salgadinhos, pedaços de borrachas, canetas usadas e outros.
• Nos gabinetes - as lixeiras pequenas para diversos servem para resíduos não recicláveis gerados, como os restos de alimentos, embalagens de papel, isopor, alumínio ou plástico, engorduradas ou sujas, canetas usadas, papéis de bala ou bombons, papel toalha, e outros materiais considerados não recicláveis para fins da coleta seletiva na Câmara.

6.3 Procedimento adotado no estudo qualitativo:

Os resíduos foram trazidos separadamente dos respectivos andares, utilizando o container azul com rodas, e colocados à disposição da equipe de investigação, no local destinado ao estudo.

Os membros da equipe de investigação abriram os sacos, observando o seu conteúdo e o grau de mistura de materiais recicláveis e dos resíduos orgânicos.

Verificaram a correspondência do conteúdo com a cor do saco plástico, a possível origem e se existem aspectos peculiares.

É feita a classificação da segregação encontrada (boa, média ou ruim), e, finalmente, após a separação dos materiais, é feita a pesagem.

Todas as observações são anotadas e posteriormente discutidas entre os investigadores.

As pesagens foram feitas separadamente para papéis em geral e, de forma conjunta, para as garrafas de plástico, os copos descartáveis, os plásticos finos e os resíduos orgânicos (restos de alimento, papel toalha e higiênico, lixo das copas e, eventualmente, sacos contendo muitos resíduos misturados).

O trabalho de investigação abrangeu os dois turnos dos serventes.

Resultados das pesagens:

OBS. Parte das garrafas plásticas recolhidas foram enviadas para reaproveitamento como recipientes para os produtos de limpeza que são distribuídos aos serventes.

Resultados do estudo qualitativo:

O estudo qualitativo dos resíduos gerados nos andares estudados permitiu que a equipe de investigação envolvida fizesse as seguintes observações a respeito do conteúdo dos diversos tipos de sacos retirados dos andares:

• Os sacos azuis, contendo papéis e assemelhados, que foram trazidos dos diversos andares, apresentaram a seguinte ordem de eficiência na segregação: 7 melhor que 3, melhor que 4 e melhor que 8.
• De uma forma geral, o material recolhido pelos serventes do turno diurno, nos sacos azuis, ou seja, papéis, estava melhor segregado do que os do período noturno. Esta constatação pode levar a dois entendimentos:

1. a segregação feita pelos servidores e o recolhimento feito pelos serventes do turno diurno são melhores, ou
2. a segregação feita pelos servidores não é tão perfeita, mas os serventes do diurno fazem uma segregação, tipo "grosso modo" posterior à retirada do material das salas.

• Como os geradores são os mesmos em ambos os turnos, sugere-se que a equipe noturna deverá ser melhor preparada, para não misturar os resíduos no ato do recolhimento.
• Grande parte dos sacos coloridos examinados não continha o que deveriam conter, quanto ao tipo de lixo e cor correspondente. Os procedimentos devem ser repassados e cobrados com mais rigor pelos encarregados.
• Alguns sacos pretos recolhidos pela equipe diurna no 7º andar continham papel higiênico no fundo e papéis brancos na parte de cima. Este fato leva a crer que, no 7º andar, um dos serventes fez o recolhimento de forma irregular, ou seja, os coletores foram esvaziados todos no mesmo saco preto.
• Os sacos provenientes das copas do 7º e do 4º andares, ora são pretos, ora são vermelhos, e vêm muito misturados. Logo, a equipe das copas deverá ser treinada com mais eficiência.
• Alguns sacos pretos com papel higiênico e toalhas de papel continham garrafas plásticas com produtos de limpeza, provavelmente descartadas pelos serventes.
• Pelo conteúdo examinado de alguns sacos recolhidos, percebe-se que, em todos os andares estudados, ainda se fuma no interior do edifício.
• Os sacos de lixo provenientes das salas de reprografia demonstram que o manuseio de embalagens vazias de tonner é feita de modo que permite o espalhamento do pó, sendo estes descartados sem cuidados especiais. Tal procedimento deve ser revisto, já que se trata de resíduo perigoso, contendo metais pesados.
• De uma forma geral, percebe-se que, no material recolhido das salas, em que pese a mistura dos materiais recicláveis, são poucas as situações onde os resíduos orgânicos (úmidos, como restos de alimentos, água e café) contaminam ou prejudicam os recicláveis.
• Foi observado o uso excessivo de sacos plásticos, em todos os andares estudados. Este fato pode ser perfeitamente explicado pela frequência com que são recolhidos os resíduos, resultando em um sub-aproveitamento deste material.
• Foram encontradas muitas revistas e correspondências informativas ainda dentro de seus respectivos sacos plásticos protetores, o que significa que se quer foram lidas.
• Livros, livretos e outros materiais contendo informações interessantes, quando descartados, de um modo geral, são recolhidos pelos serventes, que os reaproveitam para leitura.
• Durante a semana em que foi realizado o estudo quantitativo, foram encontradas quantidades significativas de envelopes brancos novos, de diversos tamanhos, que foram devolvidos ao almoxarifado do Anexo IV (foto à esquerda). Segundo as informações recebidas pela equipe de serventes que participou do estudo, este é um fato que se repete com frequência.
• Foram encontrados documentos que deveriam ter sido distribuídos, e que foram  indevidamente descartados.

6.4 Processamento e armazenamento das informações.

Todos os dados quantitativos e as informações qualitativas colhidas no monitoramento dos resíduos gerados no âmbito dos anexos da Câmara deverão ser compilados sob a forma de relatórios, os quais

ficarão à disposição no EcoCâmara. Ao mesmo tempo, resumos dos dados estarão disponibilizados no link do EcoCâmara, e serão enviados ao diretor de administração dos Edifícios e aos coordenadores de edifícios.

6.5 A forma de divulgação dos resultados

Os resultados serão consolidados sob a forma de um relatório detalhado e um resumo será entregue ao Diretor de Administração dos Edifícios, via coordenação do EcoCâmara.

A continuidade do monitoramento nos demais prédios da Câmara deverá seguir um procedimento padrão, de modo a possibilitar o agrupamento de todos os dados colhidos nos diferentes prédios.

As equipes de investigação escolhidas para proceder o monitoramento dos resíduos, em cada prédio, deverão ser treinadas por um membro do EcoCâmara, antes de iniciarem os levantamentos.

Um relatório final sucinto será entregue pela equipe de investigação aos respectivos coordenadores de edifícios, que encaminharão os resultados ao EcoCâmara para compilação e divulgação, pelos meios escolhidos.

6.6 Conclusões

Pelo estudo quantitativo pode-se registrar que a geração de resíduos no Anexo IV alcançou, em média:

• antes das eleições de 2004 - 27.000 Kg (média de setembro)
• depois das eleições de 2004 - 37.000 Kg (média de outubro)

Ou seja, durante o período pré-eleitoral, o volume de resíduos gerados foi cerca de 30% menor que no período pós-eleitoral.

As observações feitas durante o estudo qualitativo dos resíduos gerados nos andares escolhidos aleatoriamente estão detalhadas no item 2.9.3, e permitem as seguintes sugestões:

1. Fazer nova campanha informativa para servidores, a cerca da coleta seletiva no Anexo IV.
2. O uso de coletores de maior tamanho para a colocação de papéis e assemelhados - já que este é o resíduo mais significativo, poderá ajudar a melhorar a segregação.
3. A operação de recolhimento, concentrada sempre no mesmo servente, em cada andar, poderá dar mais escala e evitar que os resíduos sejam misturados no recolhimento.
4. É preciso melhorar o treinamento dos serventes, em relação ao uso dos sacos coloridos para cada tipo de resíduo.
5. A adoção de sacos plásticos de cores diferenciadas foi positiva, porém, é preciso achar uma forma de reduzir a utilização de sacos plásticos, mudando o critério de troca ou a frequência do recolhimento;
6. Alguns casos de desperdício são muito evidentes e devem fazer parte de um sistema de registro, para que se possa adotar algum tipo de ação.
7. O simples descarte de resíduos perigosos deve ser evitado, por meio de informação ao gerador, a fim de que este descarte-os adequadamente ou que seja negociada a devolução dos mesmos ao fabricante.
8. Quando os encarregados de cada andar identificarem a falta de informação dos servidores sobre a forma correta de descarte, deverá ser feita uma comunicação ao Ecocâmara, para que façamos uma intervenção, no sentido de disseminar aos servidores informações sobre a coleta seletiva e as suas vantagens socioambientais. Esta forma de campanha de sensibilização, além de ter um custo muito baixo, fica mais pessoal, e com certeza, produz ainda mais efeito.
9. As copeiras não podem ser esquecidas. Para elas, uma palestra ou reunião de caráter oficial poderia ser bem oportuna.
10. A equipe de investigação deverá sempre ser envolvida antes e depois da realização do monitoramento. O trabalho deles deve ser enaltecido, e a eles dado valor e reconhecimento, tanto por parte da CAEDI quanto do Ecocâmara.
11. As oficinas de arte-educação são fundamentais para fixar conceitos e mudar comportamentos. Sugere-se que elas aconteçam pelos menos duas vezes ao ano, contemplando grupos diferentes, e de preferência formando novos multiplicadores no próprio grupo treinado;
12. Reuniões periódicas entre encarregados, serventes e responsáveis, a fim de avaliar possíveis necessidades de sensibilização (para saber como anda o descarte por parte dos geradores) são importantes para o monitoramento.

Relatório produzido pelo Núcleo de Gestão Ambiental - EcoCâmara:
Jacimara Guerra Machado - Assessora Técnica
Hugo Alves de Matos Silva - Estagiário
Maria José Paes Maracaípe - Secretária