Encontro com o artista

Lêda Watson

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Esta edição do programa traz uma entrevista com a artista Lêda Watson, de alto prestígio nacional e internacional. Suas 24 gravuras em metal que ambientam o Gabinete de Arte da Presidência da Câmara dos Deputados foram selecionadas num recorte cronológico.

A primeira sala da exposição concentra trabalhos do início da trajetória, no Rio de Janeiro; a segunda reúne gravuras criadas em Paris, quando Lêda estudou com o mestre germânico Friedlaender por três anos e meio e cursou a Escola de Belas-Artes da Sorbonne; já a sala principal congrega trabalhos feitos a partir de seu retorno a Brasília, em 1973. Nesta última sala, há uma mescla de obras das séries “Momentos”, “Emoções” e “Sonhos” — produzidas na capital federal, cidade que tão bem acolheu a artista e que tão profunda e inexplicavelmente a tem inspirado, seja pelos deslumbrantes matizes do pôr-do-sol seja pelas oníricas formas da vegetação do cerrado.

Com mais de 50 anos dedicados à produção artística, Lêda Watson também deve ser celebrada por seu incansável trabalho como agente cultural e como arte-educadora. Já ministrou inúmeras palestras, oficinas e cursos na Universidade de Brasília e em outras escolas pelo mundo afora e ainda hoje mantém um ateliê, em Brasília, onde repassa aos discípulos, de forma didática e apaixonada, os segredos das técnicas de gravura em metal que ela domina com maestria.

Oriunda da família de artistas Campofiorito, Lêda Watson não traiu suas origens e se dedicou inteiramente à arte. Nascida em Niterói-RJ em 1933, graduou-se em Artes Plásticas pela Escola Nacional de Belas-Artes (Rio de Janeiro), École Nationale de Beaux Arts — Sorbonne (Paris) e pela Universidade de Brasília. Especializou-se em gravura em metal na Escolinha de Arte do Brasil Augusto Rodrigues com o mestre Orlando Dasilva (Rio de Janeiro) e no Atelier Friedlaender (Paris).

Quando morou em Paris, sua obra foi bem recebida pelos editores de arte franceses e pela crítica especializada, sendo a artista convidada pela Société des Femmes Bibliophiles para ilustrar um livro de Jules Laforgue (a edição anterior havia sido ilustrada por Salvador Dalí).

Voltou ao Brasil em 1973, tornou-se professora de gravura, tendo ministrado vários cursos, palestras e oficinas em universidades e museus do Brasil e Exterior por mais de 30 anos. Criou uma Escola de Gravura em seu próprio ateliê, onde formou novos gravadores de 1975 a 1987. A partir daí, deu origem ao 1º Núcleo de Gravadores de Brasília e ao Clube da Gravura. Mais de 420 alunos já aprenderam nas oficinas de Lêda Watson a arte de gravar em metal.

Como agente cultural, criou o 1º Museu de Arte de Brasília, foi a coordenadora de museus da Secretaria de Cultura do GDF, coordenou prêmios regionais e nacionais de artes plásticas e fez a curadoria brasileira na X Bienal Internacional de Gravura de Valparaíso, Chile.

Desde 1970, participa de exposições coletivas e individuais no Brasil, Europa, América Latina, EUA, Canadá e Oriente.