>> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Sexta-feira, 6 de setembro de 2013. Está começando ao vivo, para todo o Brasil, pela TV Câmara, pela Rádio Câmara e pelo Portal da Câmara na internet mais uma edição do Participação Popular. Eu sou Fabrício Rocha, e, no programa de hoje, nós vamos debater a violência no futebol. O que leva torcidas organizadas a deixarem de lado a paixão pelo esporte, o amor ao time e literalmente saírem na porrada, uma pancadaria generalizada? A gente tem visto casos cada vez mais numerosos e cada vez mais violentos. Por que isso acontece? O que pode ser feito para evitar esses problemas? O que dizem os membros das torcidas organizadas? Para debater todo esse assunto aqui, com a gente, nós temos a presença do Aldo Antônio de Azevedo, que é professor de Educação Física, doutor em Sociologia. É autor de um livro também sobre o assunto, não é, Aldo? >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Também. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Qual que é o livro? >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] É o Torcedores, Mídias... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Torcedores, Mídias e Políticas Públicas de Esporte e Lazer. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] No Distrito Federal. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Mostra aqui para a nossa câmera, aqui, faz um close aqui. Esse é o título do livro, para quem estiver assistindo a gente pela TV Câmara. Está aí o livro do Aldo Antônio de Azevedo, que é o nosso convidado de hoje. Nós também temos aqui a presença do Bruno Osmar Vergini de Freitas, que é promotor do Juizado Especial aqui do Distrito Federal, membro da Comissão de Segurança nos estádios do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Bruno, bem-vindo ao Participação Popular. >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Obrigado, Fabrício. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Espero que goste do programa. Entende bem desse assunto aí, e nós esperamos... Nós que estamos aqui, no estúdio, no auditório da Câmara dos Deputados, esperamos ter a sua participação no programa. É só você mandar sua pergunta, sua opinião para a gente, ligando para o 0800-619 619. É uma ligação gratuita. Você também pode mandar um e-mail para o endereço participacaopopular@camara.leg.br. É tudo junto, sem cedilha e sem til, aí, no Participação Popular. E, se você usa o Twitter, na internet, também pode mandar uma mensagem para a gente. É só escrever, ali, no seu “tuite”, o nosso nome de usuário, @participacaopop, do mesmo jeito, também, tudo junto, sem cedilha e sem til. As suas perguntas, as suas opiniões vão se juntar àquelas de pessoas que estão no centro de Brasília, que vão conversar com meu amigo Sandro Faria. Oi, Sandro. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Oi, Fabrício. Boa noite a todos que estão nos assistindo pela TV Câmara e, também, nos ouvindo pela Rádio Câmara. Eu estou, mais uma vez, aqui no centro de Brasília, em um shopping bastante movimentado da cidade. A cidade que, aliás, está movimentadíssima, porque, amanhã, 7 de setembro, nós temos a parada aqui do Sete de Setembro. Temos algumas festas aqui, também, no centro de Brasília, e tem... Estamos falando de futebol. Tem o jogo Brasil e Austrália que vai acontecer no Estádio Mané Garrincha, que é um dos novos estádios que foram construídos para a Copa, e o tema a gente sabe que não é um tema... É um tema grave, sério, mas a gente vai tentar fazer um programa bem para cima, porque a gente trouxe inclusive alguns líderes de torcida, que vão explicar para a gente um pouquinho de como é que é essa dinâmica. Eu estou com o Tony, que é radialista e é líder de torcida, aqui, em Brasília, da Gaviões da Fiel, né, Tony? Primeira coisa que eu quero saber de vocês é: por que essa paixão toda por um time de futebol? >> [TONY] A paixão pelo futebol nasce com o brasileiro. Não dá para eu explicar para você por que eu sou apaixonado pelo Corinthians, ou por que o outro torcedor é apaixonado pelo time dele. É uma coisa que nasce com a gente, uma paixão nacional, né, o nome já diz. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Agora, o que a gente está discutindo hoje, infelizmente, é o outro lado da questão, que é a violência nos campos de futebol e arredores. A Gaviões da Fiel é uma... No caso, é uma torcida que já se envolveu. A gente já teve notícias de ter algum envolvimento em alguns episódios como esse. Como é que vocês, que estão dentro... ali dentro da organização, veem esse momento de violência e de... Enfim, às vezes, até meio sem controle? >> [TONY] A sociedade pode até não entender dessa forma, mas a gente vê com tristeza, Sandro. Tristeza porque, se você for olhar o histórico de nove meses atrás, nós estávamos em evidência na mídia, e havia um sentimento, uma comoção pró-Corinthians no Brasil todo. Até quem não era corintiano se comoveu com aquela movimentação de mais de 30 mil pessoas do Brasil com destino ao Japão, só para assistir a duas partidas de futebol. Então, naquele momento, todo mundo se orgulhava da torcida do Corinthians; hoje, as pessoas procuram ficar meio ressabiadas. Hoje em dia, ninguém quer muito ser de torcida organizada. Naquela época, todo corintiano, mesmo que não é filiado à torcida, naquele momento, falava assim: “Olha lá o que nós somos capazes de fazer”. É lógico que as últimas imagens que foram vistas na tevê não são de fazer orgulho para ninguém. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Aquele episódio que aconteceu lá na Bolívia, inclusive com uma morte, você acha que tem muito a ver com isso, também? >> [TONY] Não, eu acho que foi isolado, sabe? O episódio da Bolívia, primeiro que, no meu modo de ver, foi acidental. Ninguém saiu do Brasil com um artefato, pensando em chegar lá e detonar esse artefato e provocar uma morte. Eu acho até que a pessoa que levou o artefato, ele se enganou, errou, assim, grosseiramente, comprando um sinalizador de navio, que é aquele sinalizador que sai daqui, voa e atravessa o estádio, quando ele, na verdade, queria comprar aquele sinalizador que a gente costuma ver nas imagens. Recentemente, alguns jogos têm sido parados pela arbitragem quando acendem-se os sinalizadores. Todo mundo já pensa imediatamente no episódio da Bolívia, mas aqueles sinalizadores que a gente vê em todos os estádios, em todas as torcidas, são sinalizadores que são bombinhas comuns. Você acende, ele fica ali piscando. Quer dizer, é mais aquela festa visual, a tevê mostra, quem está no estádio, do outro lado, vê, bate foto. Ele não provoca incidentes nem para quem está portando e nem para quem está a sua volta. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Agora, é possível, Tony, ter controle? A gente... Por exemplo, houve denúncias de que alguns dos envolvidos, que estavam presos na Bolívia, foram vistos também, envolvidos em confusão aqui em Brasília. É possível ter controle das pessoas que fazem parte dessa torcida? >> [TONY] Olha, se esse controle tem que partir de alguém, não é das torcidas. Se você for analisar friamente o episódio da Bolívia, ficaram 12 corintianos presos que foram escolhidos meio que a esmo. “Olha, você, você, você. Vamos tentar encontrar um ou mais culpados dentre esses 12”. A Justiça boliviana utilizou todos os recursos legais que ela tinha para segurá-los, segurá-los, segurá-los, até que se esgotou todo e qualquer meio legal de provar. Não foi provado, tiveram que libertá-los. Agora, se coloca na posição de um dos 12 torcedores. O cara ficou preso lá por seis meses - uma metade, a três meses; a outra metade, a seis - e saiu de lá como inocente. O cara voltou para cá, não tem nada que manche a ficha policial dele, por conta daquele episódio. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Aproveitando que você está falando em ficha policial, você acredita que a polícia brasileira, ela é preparada para conter esse tipo de violência nos estádios e ao redor? >> [TONY] Para falar genericamente, a resposta seria não. Agora, se eu fosse setorizar, existem praças, e eu vou citar São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, que são praças melhor preparadas, mas não é porque as polícias de lá são mais competentes do que aqui. Na verdade, é que as polícias de lá lidam com esse problema constantemente. A polícia de Brasília, para citar o exemplo do Mané Garrincha, não está habituada, não estava habituada. Eu acho que a polícia de Brasília pegou uma bomba, pegou uma... Assumiu um ônus que não deveria ser totalmente dela. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Tá certo. Tony, te agradeço aqui pela entrevista. Fabrício, a gente tem outras entrevistas, outros líderes de torcida, e vamos ouvir também pessoas que estão passando por aqui. Ou seja, o programa, hoje, está bem recheado, tem bastante coisa. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Beleza, Sandro, legal. Assim que você tiver mais coisa aí, pode trazer para a gente. Bacana a entrevista com o Tony. Sandro que, para quem não sabe, está nadando de braçada nesse assunto aqui, porque ele é o colunista esportiva justamente do programa Feijoada Completa, da Rádio Câmara, que você pode ouvir... Quem não ouve em Brasília, na emissora FM, pode ouvir também via satélite, em todo o Brasil, e também pelo portal da Câmara, na internet. Daqui a pouco a gente volta com você, Sandro. E, também, aproveitando essa onda de radialistas, aí, do Sandro e do Tony, vamos mandar um abraço aqui também, bem à moda do rádio, para o pessoal que está sempre com o Participação Popular, para os nossos amigos, como a Rosimary(F), operadora do gerador de caracteres da TV Câmara, que está fazendo aniversário hoje. Um grande abraço a toda a equipe do Participação Popular. Um abração também para o Marco Clemente. O Marquinho está fazendo falta aqui. Ele é de Sobradinho, Distrito Federal, também, aqui, um integrante da nossa equipe, que está fazendo muita falta aqui no programa. Um abraço para a Leonice Ferreira Ribeiro e para o Juarez Freire(F) Ribeiro, nossos espectadores de Bom Jesus do Piauí, e também para o pessoal que participou do nosso programa sobre educação especial para pessoas com deficiências mentais, nosso programa do dia 30 de agosto. Algumas pessoas mandaram as suas colaborações, não deu para ler todas aqui no programa, mas fica o registro e o abraço para Vívian Morosini Testa, que mandou um e-mail, não disse da onde era; para Berenice de Souza Otero, de Ouro Preto, Minas Gerais; a D. Dirce Pelágio, de Saquarema, Rio de Janeiro, que está sempre com a gente; o Sérgio Soares Albuquerque, de São Sebastião, Distrito Federal; Odete(F) Lopes de Santana, de Osasco, São Paulo; Selma Maria de [ininteligível], de Santo André, São Paulo; Margarida Maria do Nascimento, do Rio de Janeiro, capital; Margarete Cristina Vieira, também, lá do Rio de Janeiro; Maria Carmen Xavier, de Apucarana, no Paraná; Celso Berto Ferreira Dias, de Florianópolis, Santa Catarina; Vitor José de Castro, daqui de Brasília, Distrito Federal, e José Sérgio Nascimento Passos, de Pitimbu, da Paraíba. Um grande abraço a todos, e espero que estejam mais uma vez com a gente no Participação Popular, que hoje está discutindo a violência em torno do futebol. E eu vou começar esse papo nosso aqui, com os nossos convidados do estúdio, com o Aldo Antônio de Azevedo, professor de Educação Física, doutor em Sociologia, autor de um livro sobre o assunto, que, com certeza, com essas credenciais todas, poderia responder para a gente, Aldo. O que caracteriza uma torcida organizada no sentido estrito do termo? >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Fabrício, meus cumprimentos ao nosso procurador de Justiça do DF, Dr. Bruno; agradecimentos à produção do programa, aos nossos telespectadores da TV Câmara e aos nossos ouvintes também da Rádio Câmara, e parabenizar a iniciativa do programa, porque o programa tem uma relevância social muito grande. Se nós formos considerar que a ação de torcidas organizadas nos estádios, não é, historicamente, já tem registrado aí um número... E eu vou falar um pouquinho de números, depois eu vou fazer essa conceituação de como eu percebo, de como eu entendo a torcida organizada. Desde 1967 até 2009, nós temos aí um total de 68 mortos já envolvidos em conflitos nos estádios. Se nós pegarmos de 1990, que é quando a mídia efetivamente começou a tratar do assunto, até 2009, nós já temos um total de 48 mortos envolvidos com conflitos de torcedores organizados em estádios, né? >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Quantos anos? >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] De 1990, quando a mídia assumiu o noticiário, começou a tratar matéria sobre o assunto, até 2009, nós temos 48 mortos. Desses 48 mortos, 22 foram causados por torcidas organizadas, conflitos entre torcedores, tá? >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Não, eu já peguei um número de que 23 morreram em brigas, só em 2012. Acho que talvez sejam fontes diferentes. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Eu vou falar um pouquinho... Porque existem dois grandes pesquisadores no Brasil. Um é o professor Maurício Murad, da UFRJ, da Federal do Rio de Janeiro... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Esse número é dele. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Que diz que... Nós temos um número de 13 mortos, agora, já em 2013, né? >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Exato. Até julho, né? >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Isso. E também pego números, aqui, da professora Heloísa Reis, que é da Unicamp, Universidade Estadual de Campinas, que aponta muito já essa questão sobre... Fala um pouco dessa... De qual seria o perfil desses torcedores organizados. Agora, eu já vou começar a falar um pouquinho, quer dizer, do conceito, não é? São associações, são grupos em que você tem pessoas que livremente se afiliam, tá certo? E essas pessoas obviamente, segundo estudos, não é, até desses pesquisadores que eu já citei e até de informações internacionais, nós temos uma faixa etária aí que vai dos 15 aos 25 anos, tá? Muitos até afirmam que a faixa etária correta seria dos 18 aos 24 anos, uma faixa etária onde nós temos problemas sociais detectados para essa faixa etária. Problemas como falta de primeiro emprego, falta de oportunidades de educação e outras questões aí envolvidas, né? Crime, marginalidade, já atingindo essa faixa etária. A torcida organizada seria, nessa perspectiva, portanto, um grupo social, uma associação, em que você tem aí relações sociais envolvidas, você tem... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Cidadãos de classes diferentes, realidades diferentes. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Você tem diretores... É, você tem diretores, você tem um presidente, não é, como se fosse, de fato, uma associação, não é? E, na seara jurídica, o Dr. Bruno pode falar melhor sobre isso, é uma associação que se constitui e que deveria, juridicamente, não é, cometer, né, digamos assim... Não cometer atos ilícitos, não é? Não cometer atos ilícitos, porque as associações juridicamente são criadas para não cometer atos ilícitos, né? Então, até mesmo esses... Essas revoltas, essas manifestações que têm acontecido em estádios e até fora, nas imediações, no entorno dos estádios, né, podem ser considerados, se nós fizermos uma extensão aí dos atos jurídicos, como atos ilícitos, digamos assim, praticados por uma associação, por membros de uma associação. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Mesmo que seja informal? >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Mesmo que esteja na informalidade, e o tratamento que tem sido dado é muito um tratamento ainda na seara mais administrativa, né, embora a gente tenha aí inúmeros dispositivos jurídicos. A gente tem a Constituição Federal de 88, que já faz uma previsão sobre essas questões das associações. Nós temos o próprio CDC, que é o Código de Defesa do Consumidor. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] O Estatuto do Torcedor. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] O Estatuto do Torcedor, que seria a lei direta que poderia já ter uma aplicação mais imediata, né? E até o CBJD, que é o Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Então, são quatro dispositivos. Sem falar na própria Lei Pelé, que já fazia uma previsão de que o torcedor seria um consumidor de espetáculos esportivos e que, portanto, pelo fato de ser um consumidor de espetáculos esportivos, deveria ter uma guarida de... em relação à responsabilidade social, né, e até de reparação de danos, né? >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Exatamente. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Tá certo. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Está aí o professor de Educação Física, doutor em Sociologia, Aldo Antônio de Azevedo. Eu vou perguntar agora ao Bruno Vergini de Freitas, que é membro da Comissão de Segurança nos Estádios, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Bruno, eu pedi essa definição de torcida organizada ao Prof. Aldo porque o... Alguns... Alguns colegas, promotores, do senhor, em São Paulo principalmente, estão determinados até a pedir à Justiça... Já houve o pedido justamente para acabar com as torcidas organizadas, porque seria uma forma de formação de quadrilha. Nesse caso, assim, é possível diferenciar uma torcida organizada de uma quadrilha, propriamente, né? Qual é a visão do senhor? >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Fabrício, não vamos generalizar, né? Nem toda torcida organizada é uma quadrilha. Como o Prof. Azevedo já colocou, a torcida organizada, ela é um ente juridicamente reconhecido, previsto no Estatuto do Torcedor, que também pode se organizar como uma entidade de fato, para fins lícitos, não é? O art. 5º da Constituição prevê isso. O Estatuto do Torcedor também conceitua o que é torcida organizada. São essas entidades que prestam apoio, incentivo às afiliações esportivas, ao qual há um comprometimento emocional do torcedor. Agora, infelizmente, é inegável a gente ver que determinadas torcidas organizadas utilizam esse... essa formatação jurídica e agem, de fato, como bandos, quadrilhas mesmo, né? Esses números que já se adiantou aqui, com certeza, não refletem a realidade, porque, mesmo fora dos estádios, torcidas organizadas e membros de torcidas organizadas, isso é fato, promovem emboscadas, encontros, com mortes, inclusive com usos de armas de fogo e esse tipo de recurso. O que nós não queremos, e Ministério Público, historicamente, já vem trabalhando com esse problema, que é um problema sério de segurança pública, é que esses marginais - eu vou usar essa expressão, que é isso mesmo - utilizem esse arcabouço jurídico de torcida organizada para praticar crimes, para ter uma conduta antissocial. Nós queremos torcedores cidadãos, não torcedores bandidos. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Agora, também, não dá para dizer nem que é toda... Uma torcida organizada inteira que é responsável pela violência, não é? >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Fato. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Ou há, pelo menos, a conivência nesse... >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Mas, veja bem, o problema é esse. Como se trata de um ente coletivo, aquele elemento que tem como intenção praticar crimes, provocar tumulto, ser violento, ele se utiliza desse recurso, do anonimato, das relações dentro da torcida organizada, a proteção que isso confere, para cometer crimes. É esse indivíduo, e a torcida organizada é responsável por esse indivíduo, o Estatuto prevê isso, cível e criminalmente, inclusive, que deve ser coibido. O ideal seria que torcidas organizadas existissem de maneira pacífica, ordeira, promovendo o espetáculo público, fazendo parte dele, mas, infelizmente, o que se vê é que, dentro dessas subculturas de torcidas organizadas, vamos dizer assim, há uma relação espúria com marginalidade. É uma relação que está identificada até em alguns nomes, não é, máfia verde... Só para dar um exemplo... Até o próprio nome de algumas torcidas – Pavilhão - evoca uma relação promíscua com a criminalidade, com a marginalidade. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Semelhança, um paralelo. >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] O próprio nome já diz. Não precisa se indagar muito. Os membros, todos, a maioria jovens, dessa faixa etária que o Prof. Azevedo colocou, muitos deles têm um passado criminal pesadíssimo. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Tem ficha, né? >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] São criminosos contumazes, tem... Inclusive, há ligações até com o crime organizado. É preciso reconhecer isso. É... Talvez haja uma apropriação desses... dessas entidades por esses elementos ligados à marginalidade, que mereçam uma atenção maior, não é, das autoridades, e é nesse sentido que o Ministério Público age. O resultado a gente vê: mortes, tanto dentro como fora do estádio. Porque, veja bem, a torcida organizada, a princípio, ela... O cenário dela é o estádio, não é? Mas, lamentavelmente, é onde se vê brigas, mortes, confusões, fora dos estádios, durante o trajeto, não é, nos meios de transporte público, uns resultados que a população vem vendo. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Foram esses números que o Prof. Aldo trouxe para a gente, né? Esse aí foi o Bruno Vergini de Freitas, integrante da Comissão de Segurança nos Estádios do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. E você, que está acompanhando o Participação Popular sobre a violência no futebol, pode mandar a sua pergunta, a sua opinião. É só ligar para a gente no 0800-619 619. Ligação gratuita. Ou mandar um e-mail para o endereço participacaopopular@camara.leg.br, ou uma mensagem no Twitter, ali, não é, uma mensagem para a gente, usando o nosso nome de usuário, @particiaçãopop, tudo junto, sem cedilha e sem til. Aqui, pelo 0800-619 619, já chegou até uma mensagem do Gilberto Cândido Rocha, de Guarabira, na Paraíba... Um abraço para todo mundo que está acompanhando a gente lá do interior da Paraíba, de Guarabira, dizendo: “Acho que deveria ter um controle rígido e um código de conduta interna para ingressar nos estádios, se possível, com portas eletrônicas com detectores de metais e um reforço de segurança fortíssimo”. Em cima dessa questão do... da segurança, daqui a pouco, eu vou fazer umas perguntas, mas o Sandro Farias parece que está chamando a gente lá do centro de Brasília, não é, Sandro? >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Isso aí, Fabrício. Antes, eu quero fazer uma pequena correção. Eu utilizei, no início, agora, do programa, na primeira entrevista que eu fiz com o Tony, a expressão “líder de torcida”. O correto não é esse; o correto é “integrante de torcida organizada”. Eles me corrigiram, eu estou aqui fazendo essa justiça. Estou aqui com um não integrante de torcida organizada, que é o Hugo. Ele é estudante, tem 19 anos, né, Hugo? Você torce para que time? >> [HUGO] Flamengo. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] E, em casa, todo mundo torce para o Flamengo? >> [HUGO] Não, só meu pai é botafoguense; o resto dos meus irmãos, tudinho, é flamenguista. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Quer dizer que vocês resolveram, em casa, fazer aí um dissenso em relação ao seu pai? Tem briga em casa por causa disso ou não? >> [HUGO] Tem não. De vez em quando, quando o Flamengo não está jogando com o Botafogo, a gente torce tudo para o Botafogo. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Ah, tá certo. E me conta uma coisa aqui. A gente está discutindo sobre violência nos estádios de futebol, né? Você, hoje em dia, se sente seguro para ir a um estádio assistir uma partida de futebol, principalmente entre times de torcidas que consideradas rivais? >> [HUGO] Na verdade, não sinto muita segurança, mas o que me incomoda mais é o lado desagradável de, no final do jogo, sempre ver confusão, briga e tudo mais. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] E você acha que... Se falava muito que o estádio de futebol, esses novos estádios, por exemplo, que foram construídos, aí, para a Copa do Mundo, eles deviam incentivar a família a frequentar. Você já fez esse programa com a sua família ou ainda não? >> [HUGO] Ainda não, não tive essa oportunidade. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] O que você acha que devia ser feito - só uma ideia que você tenha - para evitar esse tipo de violência que acontece? >> [HUGO] Justamente mais policiais, na rua, assim, na hora... Principalmente quando acaba o jogo, assim, para que não haja essa interação e briga entre as torcidas. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Tá certo, Hugo. Pois é, o Hugo que torce para um time, ele e os irmãos, o pai torce para outro, mas jurou que tem a maior harmonia em casa, mesmo assim. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Pois é, não precisa sair no tapa com ninguém, dentro de casa, por causa do futebol, né? Nem dentro de casa e nem na rua. E em cima disso aí, Sandro, eu vou puxar outro assunto, até como foi mencionado já pelo nosso espectador lá do interior da Paraíba, pelo 0800-619 619, o Gilberto Cândido Rocha, que é a questão da segurança dentro do estádio. Eu vou perguntar aqui para o Aldo Antônio de Azevedo, que é o nosso doutor em Sociologia que está aqui, professor de Educação Física. Aldo, o que causa... Vamos começar por isso aí. Numa análise sociológica e um pouco psicológica, o que causa essa violência toda em torno de algo que deveria ser, simplesmente, assim, esporte, confraternização da rivalidade só dentro do campo, ali? Enfim, você acha que o brasileiro é muito exagerado nessas emoções com o esporte ou não? >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Olha, Fabrício, a questão é o seguinte: não é um problema muito simples, tá? É um conjunto de fatores que são causadores da violência nos estádios. Primeiro, eu vou aproveitar um gancho, aqui, da fala do nosso promotor, Dr. Bruno, quando ele mencionou que há marginais inseridos nas torcidas organizadas e que se apropriam dessa possibilidade de associação para poder cometer seus crimes. De fato, isso se dá no sentido sociológico, não é, pelo fato de, quando você se associa, quando você se insere num determinado grupo, você sente, em relação àquele grupo, uma sensação de pertencimento. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] De proteção também, não é? >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Exatamente. E de proteção. E isso confere ao indivíduo, não é, uma certa liberdade para poder dar vazão aos seus impulsos, aos seus... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Canal de frustração. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Exatamente. Os seus impulsos violentos. Agora, em relação a isso, não é, e até em relação à questão do telespectador, eu vou comentar depois, mas, assim, é um conjunto de fatores que causa isso. Primeiro lugar, há uma relação disso com a violência que está na sociedade. Nós não podemos abstrair, porque esses atos violentos não estão na sociedade, e, portanto... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] É exclusividade de arquibancada. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Exatamente, eles são... Em razão dessa sensação de pertencimento de um grupo, não é, essa violência social, ela é canalizada para dentro de um espaço social fechado, que é o estádio. Então, essa é uma primeira interpretação. Uma outra “causação” disso seria a rivalidade entre torcidas. É um outro elemento. Um outro ponto que eu gostaria de colocar é um elemento histórico e cultural da nossa sociedade, que chama-se impunidade, tá? Impunidade. A impunidade, ela gera uma certa liberdade e uma certa potencialização para determinados indivíduos cometerem crimes, não é? Então, uma outra questão, também, que eu apontaria aqui seria, por exemplo, questão de desigualdades sociais, não é? Isso eu não posso abstrair. Questão de miséria absoluta, pobreza, falta de oportunidades educacionais, oportunidades de primeiro... de trabalho, porque a gente tem uma faixa etária, aí, entre 18 e 24 anos... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Homens. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Então, são questões sociais que estão aí envolvidas. Eu diria, também, que um pequeno percentual disso também seria uma causa, a própria ação da mídia, no sentido em que a mídia, também, ela divulga atos violentos, e pode potencializar, em certo sentido, essas questões também. Então, não há uma causa direta; há um conjunto de fatores aí. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Fatores sociais, individuais, enfim. E, em cima disso, vou perguntar aqui para o Bruno Vergini de Freitas, que é promotor aqui no Distrito Federal, se, na sua opinião, Bruno, o investimento em segurança, não só nos jogos, ali, o investimento diretamente em segurança nos jogos, mas também a questão da capacitação policial, como tocou, ali, o primeiro entrevistado do Sandro, o Tony, né, que é da Gaviões da Fiel, aqui no Distrito Federal, a questão da capacitação policial, da capacitação de seguranças, ali, para lidar com o estádio. Na sua opinião, esse investimento é suficiente ou ele é até exagerado ou é desviado? Porque até saiu uma reportagem recentemente falando que, aqui em Brasília, por exemplo, gasta-se muito mais do que nos outros estádios do país, os gastos declarados são muito maiores. Isso aí está certo? Esse dinheiro chega lá, realmente, na segurança, e é dinheiro suficiente? >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Fabrício, a responsabilidade pela segurança nos estádios é do Poder Público, mas não só do Poder Público. A entidade que está patrocinando o evento esportivo é responsável. A princípio, a segurança dentro do estádio devia ser privada. Deveria, não é? Mas o que se vê... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] A gente sempre vê a Polícia Militar, né? >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Exatamente. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Ela recebe alguma coisa por isso ou não? >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Recebe. Por exemplo, aqui, no Distrito Federal, o policial militar que se voluntaria, ele recebe um valor, uma gratificação, que alcança R$ 300,00 brutos, e ele recebe. Mas, muitas vezes, ele é convocado e não recebe nada. Mas o que eu quero dizer é o seguinte, Fabrício: a entidade que patrocina o evento é que é responsável, também, pela segurança do evento. Não é só o Poder Público. O Poder Público tem sua parcela de responsabilidade, mas esta entidade, ela também deveria concorrer... Com isso, uma responsabilidade solidária de todos, não é, que deve ser partilhada. E deveria investir, só que não é investimento. O que se vê, infelizmente, é que eles colocam um contingente mínimo de seguranças e de pessoal... De socorro, né, socorristas, que também é responsabilidade da entidade. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] E, muitas vezes, é o Corpo de Bombeiros. >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Exatamente. Mas por quê? Para manter o lucro elevado, os custos... Com os custos diminuindo. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Mas não tem uma coisa errada... Me diga, então, você que é do Ministério Público. >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Muitíssimo errada, muitíssima... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Quem ganha dinheiro aí é clube, Federação... >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Só para dar um exemplo... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Emissora. >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] É razoável, Fabrício, a revista, dentro dos estádios, ser feita pela Polícia Militar, como é feita? Não, não é. Quem... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] É papel de segurança privada, né? >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] É, a segurança privada deveria fazer isso, e a segurança pública, a Polícia Militar, fazer a segurança deste tipo de revista de prevenção e segurança. É isso que realmente está faltando. É uma preocupação do Ministério Público. Nós... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Já existe uma ação, já existe um movimento? >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Já. Nós estamos, aqui no Distrito Federal e em outros estados também... Chamar a responsabilidade. O patrocinador do evento, a entidade que é mandante de campo, não é, o clube, é responsável. Muitas vezes, o que ocorre, Fabrício, é que ela vende os direitos de... Uma empresa que explora economicamente esse espetáculo, com lucros altíssimos, reduz os custos, e o concurso da segurança pública é esperado, é uma mão de obra barata, porque não se paga. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] É deixada a cargo do contribuinte. >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] É claro. Quem paga é você, contribuinte, lamentavelmente. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] E quem que o Ministério Público poderia processar para esse tipo de coisa? >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] As entidades. Nós estamos já fazendo levantamentos. E não só no aspecto de torcida organizada, mas de segurança física das instalações. Por exemplo, só para dar um panorama, a UFRJ, Prof. Azevedo, Fabrício, realizou um estudo recente, patrocinado pelo Ministério dos Esportes, num convênio, e detectou que 80%... Veja só, 80% dos estádios, as arenas esportivas, não reúnem condições de segurança adequadas para receber jogos. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Isso inclui os estádios Fifa, agora? >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Não, os estádios desse padrão Fifa, o chamado padrão Fifa, eles já são mais novos, foram recém-construídos e... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] E já têm as normas. >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] E já tem todas as condições para atender os eventos desse vulto, senão a Fifa mesmo não aceitaria, não é? É uma exigência. São estádios que custaram muito dinheiro, não é, para o contribuinte, mas que oferecem, de fato, condições para sediar jogos. Eu concordo plenamente com o Prof. Azevedo, nas colocações dele. Essa sensação de pertencer a um grupo, que reforça laços de lealdade entre eles, não é, também tem um efeito negativo. Por quê? Ao pertencer, ele aliena os outros, aquele que não pertence ao grupo, e a disputa de território, Fabrício, a disputa por dominância e a preeminência junto à mídia... Porque quem aparece mais é quem é mais violento; quem se jacta de ser aquela torcida mais violenta, mais agressiva. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Mais forte. >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Mais forte é aquela que ganha notoriedade, entendeu? E, à medida que eles não pertencem a meu grupo, eles são considerados inimigos. E aí se cria esse ciclo de violência, de morte, de... De destruição, de depredação, não é? Porque, se você não pertence ao meu grupo, eu vou predar o seu. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Engolir o seu, né? >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Exato. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] É nesse sentido, Fabrício... Desculpa, ei queria fazer um comentário breve. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Eu preciso chamar o Sandro, lá, que ele já avisou a gente. Vamos lá. O Sandro está no Centro de Brasília, estava chamando a gente. Diga lá, Sandro. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] O nosso programa é Participação Popular, né, Fabrício, ele abre democraticamente espaço para contrapontos. É o caso do Robson. O Robson, ele é integrante da Mancha Verde, que, para quem não sabe, é torcida do Palmeiras, time de futebol de São Paulo. Robson, do que está sendo discutido hoje, a violência nos campos de futebol, nos estádios, como é que você vê esse cenário? >> [ROBSON] Então, é... A violência está em toda a parte, né? Em todo o lugar a violência existe. Isso é questão de educação. Eu acho que a gente não pode jogar nas costas das organizadas toda a culpa da violência. A violência é praticada por parte dos policiais, é praticada por outras partes também, né? Então, não é só culpa das organizadas. Muitas vezes, a maioria das vezes, as organizadas vão para o estádio para fazer festa, entendeu? >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Mas, quando não vão para fazer festa, o que vão fazer? >> [ROBSON] Festa, vão apoiar o time, entendeu? Agora, a gente chega... Por exemplo, na ocasião que teve aqui em Brasília, agora, no Vasco e Corinthians. Estão querendo mudar uma cultura, entendeu, da noite para o dia, de querer juntar torcida junto, colocar junto as torcidas. Isso não pode. Isso é algo cultural, separar as torcidas desde os anos 70, entendeu? E, de uma hora para outra, da noite para o dia, vocês querem que os torcedores sejam convenientes com isso, com essa mudança? Ainda não é... Isso é cultural, tem que ser mudado aos poucos, entendeu? >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Agora, me conta aqui uma coisa, Robson: as torcidas organizadas, além dos estádios, de frequentar os jogos dos seus times, que outro tipo de ação vocês têm, vocês realizam entre si? >> [ROBSON] Então, eu falo pela Mancha Verde. A Mancha Verde tem diversas ações sociais. A gente visa muito o lado social. A gente tem campanha nacional de agasalho, doação de sangue, doação de alimentos, Dia das Crianças, ação de Natal, entendeu? Eu vi o Dr. Bruno, o promotor de Justiça, marginalizando os torcedores organizados. Eu não vejo dessa forma, pois, pelo que eu sei da Mancha Verde e por alguns estudos de outros sociólogos, os torcedores organizados têm um nível de escolaridade de Médio para Superior, entendeu? São pessoas de idade média de 16 a 25 anos, entendeu, que moram com os pais e que têm um nível de escolaridade bom, sim, entendeu? Então, não vejo como, como... A torcida organizada marginalizada da forma... >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Mas vocês discutem... Vocês discutem entre vocês mesmo algumas outras formas de lidar com o revanchismo das outras... com a rivalidade com os outros times? >> [ROBSON] Sim. No entanto, as nossas lideranças, no caso, a sede de São Paulo, diversas vezes já conversou com o Choque de lá, em cartas abertas à imprensa, entendeu, pedindo para jogador evitar uma provocação antes de um clássico, entendeu, pedindo, entendeu, para que seja feita uma rota diferente de uma torcida para outra, entendeu? A gente aponta onde é que pode ser um possível foco de confusão, entendeu? E, muitas vezes, a gente não é ouvido, entendeu? Aqui, em Brasília, a gente já participou de reuniões e a gente também já falou onde que pode acontecer os focos, porque o meu intuito não é sair para brigar; o meu intuito é só sair para torcer, entendeu? >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Você já sofreu violência? >> [ROBSON] Dentro de estádio? Sim, a truculência policial, no estado de São Paulo, é... É praticamente constante, e não é só com o torcedor organizado; é com todo o torcedor, com o torcedor comum. Se ele estiver com a camisa do time, indo para o estádio, ele pode ser um promotor de Justiça, entendeu, ele pode ser um juiz Federal, ele vai sofrer, entendeu? Se ele estiver na arquibancada, ele vai, sim, sofrer, entendeu? Ele talvez não sofra se ele estiver no camarote, na numerada, mas, na arquibancada, ele vai sofrer, sim. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Tá certo. Obrigado, Robson. Então, Fabrício, vou aí com vocês. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Beleza, Sandro. Valeu, aí, pela opinião do Robson. Ele trouxe o contraponto aqui, que eu vou juntar, rapidamente, antes de começar a uma outra rodada, aqui, as opiniões que chegaram pelo Twitter, do Tiago(F) César Costa, dizendo que a solução é punir e banir com rigor os agressores. Não é suspender as torcidas, mas, sim, identificar os agressores e punir para que eles não acessem os estádios. Já a Fátima Araújo diz acreditar que é necessária uma mudança séria sobre as torcidas. “Fatalmente são unânimes na má conduta e se aproveitam do momento”. Aqui o Aldo Azevedo, nosso professor de Educação Física e sociólogo, queria fazer um comentário aqui, rapidinho, né? Bem rapidinho. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Tá. É que, diante do que foi colocado pelo Dr. Bruno, os conflitos, isso é... Isso tem sido... Registro histórico, não é? Têm sido sempre iniciados pelos torcedores, não é? Então, esse é um dado importante que a gente não pode perder de vista. Uma outra questão, para responder a... A comunicação do... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Do Twitter, aqui? >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] É. Anterior, sobre a questão da segurança. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Sim. Ah, sim. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Eu queria voltar rapidamente, falar um pouquinho, que eu vejo um aspecto de precarização muito grande, tanto por parte das entidades de prática esportiva, que são responsáveis pelo espetáculo, certo, quanto pela Polícia Militar, que tem sido convocada para fazer a segurança, né? Essa precarização, no caso das entidades de prática esportiva, eu vejo ainda que, em relação a esse cadastramento dos torcedores, que foi, inclusive, sugerido para que a gente tivesse uma possibilidade de identificação de quem são aqueles torcedores organizados, vândalos... Não estou me referindo aos outros torcedores, não é? É muito precária, e as catracas, inclusive, das novas arenas não estão ainda preparadas e otimizadas para fazer esse trabalho. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Caberia aos administradores da cidade. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Exatamente. Então, esse é um ponto importante. O outro... E aqui eu faço uma crítica à falta de investimento em inteligência policial. Por quê? O monitoramento, que é uma exigência do Estatuto do Torcedor, ele não tem sido muito bem utilizado, no sentido de que a polícia tenha ações mais imediatas e ações mais corretas em relação aos tumultos, não é? E, nesse sentido, eu... Pelo menos é o que eu tenho percebido, não só em manifestações... Nesses conflitos que acontecem nos estádios, mas também em manifestações nas ruas, não é? E nós tivemos um monte de manifestações agora, nas ruas, não é? Um despreparo da polícia, no sentido de atuar, não é, com uma certa ação mais... melhor preparada, para que pudesse conter esses impulsos. Sobre a opinião do torcedor da Mancha Verde e sobre essa última opinião em relação às punições das torcidas, eu particularmente sou contrário. Sou contrário à extinção das organizadas. E digo por quê. É muito complicado você fazer a extinção de uma associação, porque eu percebo que, dentro da torcida organizada, existem pessoas de boa índole, que participam das organizadas. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] A maioria. A maioria, provavelmente. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Agora, o que eu chamo atenção, até em relação ao depoimento que foi colocado pelo torcedor da Mancha Verde, é que essas ações sociais que estão por trás da torcida, elas deveriam ser melhor... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Divulgadas, talvez. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Divulgadas, para que a gente não tivesse apenas a visão de que o torcedor organizado é o torcedor violento, é o vândalo e aquele que vai para o estádio fazer baderna, fazer bagunça e até chegar ao ponto de cometer crimes. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Para não ter só imagem negativa, né? A direção do programa está me informando aqui que nós temos no telefone um deputado que está tentando criar uma CPI das Torcidas Organizadas já há alguns anos. Deputado Lincoln Portela, do PR de Minas Gerais. Deputado, está ouvindo a gente? >> [DEPUTADO LINCOLN PORTELA] Estou ouvindo perfeito, Fabrício. Boa noite, boa noite ao Prof. Aldo e ao promotor Bruno, e aos telespectadores da TV Câmara. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Deputado, o senhor está em Várzea da Palma, Minas Gerais, é isso? >> [DEPUTADO LINCOLN PORTELA] Várzea da Palma, uma cidade de 50 mil habitantes, que está sendo, inclusive, vitimada também pela violência. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Mas não em estádio, né? Não é violência de futebol, nesse caso aí. >> [DEPUTADO LINCOLN PORTELA] Não, mas a violência... O Brasil tornou-se um país culturalmente violento. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Isso é o que até os nossos convidados estavam discutindo aqui, que essa violência toda dentro dos estádios é meio que um reflexo da violência que está em toda a sociedade brasileira, em todo o país. E o que poderia estar solucionado nisso, deputado, na sua opinião, com essa ideia de uma CPI para investigar as torcidas organizadas, que o senhor está propondo isso, não é? >> [DEPUTADO LINCOLN PORTELA] Essa CPI já passou pelas Comissões, foi transformada em Projeto de Resolução, senão ela ficaria numa fila interminável para ir a Plenário. É só uma questão de boa vontade da Casa para colocá-la para funcionar devidamente, para que ela seja instalada. Na realidade, eu peço a CPI das Torcidas Organizadas. Eu não posso generalizar, mas também não posso me conformar com as coisas que estão acontecendo. Eu, como radialista, como apresentador de televisão, que ainda sou, trabalho na Rede Minas de Televisão, apresentando o programa 30 Minutos, aos sábados... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Um dia vem me ajudar aqui no Participação, então. >> [DEPUTADO LINCOLN PORTELA] Rapaz, você tem que me ensinar. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Que nada. Mas, então... >> [DEPUTADO LINCOLN PORTELA] Uma segunda coisa: fui também secretário municipal de Esportes em Belo Horizonte, secretário municipal adjunto, e as denúncias que eu recebo, elas são além da chamada violência exterior, mas nós temos também as denúncias que me chegam e que sempre me chegaram por várias fontes. Tráfico de armas, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro. Então, o que está por trás, o que está no financiamento de algumas torcidas organizadas no Brasil é que precisa ser investigado. Não é uma questão, na minha avaliação... Lamentavelmente, eu não consegui participar do debate que muito o Prof. Aldo e o Dr. Bruno devem ter contribuído também, os participantes, os entrevistados, essa violência que vem campeã do Brasil e de dentro para fora. Então, há coisas nas torcidas organizadas... Tem várias torcidas organizadas que precisam ser investigadas. O que eu peço é uma investigação mais profunda, que vai além da violência mostrada nos estádios. É o abaixo da linha de fundo, é o iceberg por dentro do mar, não apenas o exterior do iceberg. O exterior do iceberg já é um horror o tamanho da violência que nós temos. Então, o que está por trás disso, o que está abaixo da linha de fundo, é isso que nós precisamos também investigar, além da violência propriamente dita, das pessoas serem punidas, mas há coisas, segundo denúncias que eu tenho recebido de fontes, claro, que eu não posso revelar, essas coisas precisam ser investigadas no Brasil, porque muitas vão além... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Deputado. >> [DEPUTADO LINCOLN PORTELA] Daquilo que vemos através das televisões, das coisas que acontecem nos estádios. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Deputado, o promotor Bruno, aqui, pediu para fazer um comentário sobre alguma coisa que o senhor falou. Diga lá. >> [DEPUTADO LINCOLN PORTELA] Por favor. >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Deputado, excelente iniciativa sua. Eu gostaria até de sugerir como o foco das investigações, quando a CPI for... Atingir o número de assinaturas necessárias. >> [DEPUTADO LINCOLN PORTELA] Ela já atingiu, já foi votada na CCJ. É só ser votada em Plenário, agora. >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Excelente! Um foco importantíssimo que a CPI deve se debruçar é da relação promíscua das torcidas organizadas com os clubes. Porque os clubes providenciam ingressos grátis para os membros de torcidas organizadas, financiam eventos, muitos dirigentes, deputado, o senhor sabe bem disso, com a sua experiência, utilizam as torcidas organizadas como Tropa de Choque, quando... em alguma disputa interna ou disputa política. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Eleições. >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Eleições, exato, Fabrício, exatamente. E, quando a disputa acaba, o dirigente desportivo se afasta da torcida, mas mantém ela como um recurso à mão. Assim, uma sugestão, deputado, é, quando a CPI realmente começar a funcionar, é se focar nessa relação torcida organizada e clube, porque um não vive sem o outro, Fabrício, deputado. Um não vive sem o outro. A torcida não tem condições de se manter se não tiver o acesso privilegiado às torcidas. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Rapidinho, deputado, que a gente já está no limite do tempo. Diga lá. >> [DEPUTADO LINCOLN PORTELA] Eu só não posso... Só para deixar claro, eu não posso generalizar, mas que precisa ser investigado, claro. Há uma suspeita. A suspeita tem que ser investigada. Isso é o óbvio, isso é o claro, é o insofismável e que o estado democrático de direito pode fazer. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Deputado Lincoln Portela, do PR de Minas Gerais, vou agradecer a participação do senhor. A gente já está perto da hora da “Voz do Brasil”, aqui. Vamos ter que interromper por causa da Rádio Câmara. E muito obrigado por ter estado com a gente no Participação Popular, deputado. >> [DEPUTADO LINCOLN PORTELA] Obrigado Fabrício, Prof. Aldo e promotor Bruno, e aos telespectadores, muito obrigado. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Grande abraço para o senhor, para todo mundo que está em Várzea da Palma, Minas Gerais, interior do estado mineiro. Vamos de novo ao Centro de Brasília, que o Sandro Farias tem mais alguém aí para o nosso programa, né, Sandro? >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Para provar que nós não estamos num clube do Bolinha só, não, viu, Fabrício? Eu estou aqui com a Patrícia, que é integrante da... Ela está aqui com a camiseta da Candangalo. Patrícia, explica para a gente a Candangalo, o que é? >> [PATRÍCIA] Vamos dizer que é uma agregação de mineiros que sentiram muita saudade de Minas e têm um grande amor pelo clube Atlético Mineiro. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] No caso, vocês se organizaram aqui em Brasília para acompanhar o clube de vocês. Qual é a sua opinião... Você é integrante de uma torcida organizada. Qual a sua opinião sobre a violência promovida por algumas torcidas? Ou, enfim, o que acontece também da polícia, essa violência que ronda os estádios do Brasil? >> [PATRÍCIA] Essa parte da torcida, de torcida organizada, que se une para brigar, para mim, não é torcedor. Isso aí é outra caracterização. A torcida que vai para o estádio para torcer para o seu time é que é o correto, e a gente já sofreu uma violência em Goiás com a polícia, que terminou um jogo entre Atlético Mineiro e Goiás, e nós fomos acuados, e a polícia deu uma pegada na gente. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Agora, muitas vezes, o comportamento da torcida acaba prejudicando o próprio clube, não é isso? Aconteceu isso aqui em Brasília. Como é que você, no caso, você e o seu grupo veem isso? >> [PATRÍCIA] A torcida que vai para torcer, ela vai só para torcer; aquela que não vai para torcer, em nada ela contribui com o próprio time. Ela vai prejudicar em muito o seu time. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Fora que não vai ganhar nada, né? >> [PATRÍCIA] Não, não ganha nada. O time pode ganhar, pode empatar ou perder, e só quem sai perdendo é quem perde a própria vida. A torcida organizada não vai deixar de existir porque ela torce para um time, ela tem que torcer para um time de futebol, e não pelo contrário, não tem que torcer pela violência. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Tá certo, Patrícia, obrigado. Fabrício, nós temos mais integrantes de torcidas que vão conversar com a gente, né? >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Tá bom. Eu até vou pegar um pouquinho disso que você tocou nessa última questão, Sandro. Duas pessoas ligaram aqui para o 0800-619 619. O Marcos Antônio Ferreira dos Santos, de São José do Rio Preto, Paulo, e o Luís Talasa(F) Santos, de Campinas, também de São Paulo, falando sobre essa questão das punições esportivas. Eles sugerem... Eles sugerem como necessárias as punições desportivas como uma forma de penalizar as torcidas, não é? Os estádios seriam responsáveis. Até perguntar aqui para o Aldo Antônio de Azevedo... Eu acho que o Sandro está com problema de som. Lá ele não ouviu essa pergunta aqui, mas perguntar para o Aldo se... Você acha justo, Aldo, que o time receba punição por uma confusão causada por alguns indivíduos de sua torcida ou seria o único caminho? >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Fabrício, eu não sou favorável a esse tipo de... Por exemplo, perda de pontos da equipe. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] É, ou suspensão, como sugeriu o Marcos Antônio. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] É, é. Porque isso penaliza também a associação esportiva que é o clube. Então, eu sou favorável até que, em termos de medidas punitivas, sejam adotadas medidas punitivas mais brandas, mais repressivas, por exemplo, com penas mais curtas, tá, de 30 dias, tá? E, se houver uma reincidência, não é, que você tenha aí de 60 a 90 dias, porque eu acredito, tá, que esse tipo de punição mais branda, mais curta, ainda que repressiva, ela possa ter um efeito muito mais eficaz do que penas muito longas, não é, dois anos, essas questões todas aí. E outra coisa que eu queria chamar atenção: que um investimento na educação dos torcedores, não é, talvez seja um recurso muito mais barato, não é, do que medidas como essas que são adotadas, por exemplo, nos clubes, por exemplo, jogar sem torcida, jogar sem... com perda de pontos, porque isso penaliza, não só o torcedor organizado, mas você penaliza o telespectador que está em casa, assistindo o seu jogo de futebol, no seu final de semana. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Torcedor que não teve nada a ver com a confusão. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Que não tem nada a ver com a confusão, entendeu? >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] E o próprio clube, né, o time. >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] E os torcedores que vão para o estádio assistir o jogo ordeiramente, que querem torcer, de fato, pelo seu clube. Então, em relação a essas medidas, eu... >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Tem uma posição mais... >> [ALDO ANTÔNIO DE AZEVEDO] Tenho uma posição mais contrária. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Tá certo. Vamos voltar ali ao Centro de Brasília, que o Sandro restabeleceu o contato. Diga lá, Sandro. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Conforme prometido, estamos aqui de volta, Fabrício, com os nossos integrantes, que fizeram parte do nosso programa, hoje, das torcidas. Não é de propósito que está... A Gaviões da Fiel está separada da Mancha Verde. Não é por nenhum problema, não. É só porque a gente achou que o quadro ia ficar melhor composto com a Patrícia aqui no meio, eles estão super-harmonizados, aqui, que é um quadro que a gente espera que acontecesse sempre. Vamos terminar aqui... Cada um de vocês diz o que acha, uma proposta rápida do que fazer para melhorar esse cenário. >> [TONY] Primeiro eu queria falar que eu fotografo melhor quando o palmeirense está mais para lá, tá? >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Não ia perder a piada, né, Fabrício? >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] É lógico. >> [TONY] Uma proposta: eu acho que os responsáveis pela segurança nos estádios têm que ser padrão Fifa. Porque você construiu um estádio padrão Fifa e quer um comportamento padrão Fifa do torcedor, eu acho que as autoridades também têm que ser padrão Fifa, têm que estar preparadas para lidar com esse tipo de situação que a gente tem visto na televisão. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] O que você acha, Patrícia? >> [PATRÍCIA] Bom, a Candangalo coloca, disponibiliza no seu site o rosto e nome de cada membro da sua torcida. Eu acho que, começando por aí, ajuda muito. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Em relação à Mancha Verde, Robson. >> [ROBSON] Que a mídia dê mais espaço aos projetos sociais que são praticados por todas as organizadas. Eu acho que é um trabalho bonito, que deve ser mostrado, sim, porque eu acredito que não mostram muito porque talvez não venda. O que vende é a violência. >> [REPÓRTER SANDRO FARIAS] Tá certo, gente. Muito obrigado pela participação de vocês. Fabrício, estamos aí com esse depoimento final aqui dos integrantes, e aí eu deixo você com os convidados do estúdio. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Sim, até para manter o equilíbrio aqui, o tempo já está no limite, né? O último foi o Aldo a falar. Passar rapidinho para o Bruno. Bruno, sua opinião, aí, de promotor do Ministério Público, o que poderia ser feito, assim, rapidamente, para melhorar essa situação? >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Olha, aquela torcida organizada, que é... Como eu coloquei no início, que é apropriada por marginais... Eu vou usar essa expressão mesmo, mas sem generalizar, como eu disse anteriormente. Esta deve ser incapacitada. Mas é difícil promover a extinção, porque se muda de nome, a gente tem que ser honesto, os componentes só migram para um... para uma outra entidade juridicamente, com um outro nome, e a coisa continua. Mas o nosso interesse, no Ministério Público, é acabar com a violência nos estádios, e, no meu ponto de vista, a melhor forma é incapacitar essa torcida organizada antissocial, atacando onde mais dói, no bolso, incapacitando ela financeiramente, cortando os recursos que vêm de clubes, bloqueando contas-correntes. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Multando. >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Multando, entendeu? Isso, talvez, tenha um efeito mais contundente do que a simples extinção. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Tá certo, Bruno. A gente vai continuar discutindo violência no programa, no Participação Popular da sexta-feira que vem, ao vivo, às seis da tarde, a questão das armas em casa. Apesar do Estatuto do Desarmamento, que já está aí faz tempo, muita gente ainda tem arma em casa, mesmo que seja ilegal, e, de vez em quando, a gente vê, no noticiário, algumas notícias, como daquele caso da família de policiais militares de São Paulo. Afinal de contas, é realmente necessário ter uma arma em casa? Quem tem deve tomar quais cuidados? A arma, dentro de casa, é realmente a vilã da criminalidade? Você pode mandar as suas opiniões e também as suas perguntas sobre esses assuntos já para o nosso e-mail, para o participacaopopular@camara.leg.br. Você pode ligar para o 0800-619 619, dando a sua opinião, a sua pergunta, ou mandando uma mensagem pelo Twitter, com o nosso nome de usuário, @participacaopop. Esse é o tema, então, da próxima edição do Participação, sexta-feira, ao vivo, seis da tarde, armas em casa. Eu vou agradecer aos nossos convidados aqui, ao Aldo Antônio de Azevedo, professor de Educação Física, doutor em Sociologia. Muito obrigado por ter estado com a gente no Participação, Aldo. E ao Bruno Vergini de Freitas, que é promotor do Juizado Especial no Distrito Federal, membro da Comissão de Segurança nos Estádios do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Bruno... >> [BRUNO OSMAR VERGINI DE FREITAS] Obrigado. >> [APRESENTADOR FABRÍCIO ROCHA] Muito obrigado. E a você, que nos acompanhou em mais essa edição do Participação Popular, muito obrigado pela sua audiência. Eu sou Fabrício Rocha. A gente se fala, a gente se vê. Tchau!