17/09/2014 19:44 - Administração Pública
Radioagência
Ex-diretor da Petrobras não responde perguntas da CPMI; parlamentares vão ao STF
Ex-diretor da Petrobras se recusa a responder as perguntas da CPMI e parlamentares vão ao STF reforçar o pedido de acesso ao conteúdo da delação premiada. Escoltado pela Polícia Federal, Paulo Roberto Costa viajou, nesta quarta-feira, de Curitiba, onde está preso, para Brasília, onde a CPMI da Petrobras aguardava a confirmação ou não da denúncia de envolvimento de políticos com o esquema de lavagem de dinheiro investigado na Operação Lava-Jato. Segundo a revista Veja, o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, que está em processo de delação premiada, teria citado o envolvimento de mais de 30 autoridades. Porém, já na primeira pergunta do relator da CPMI, deputado Marco Maia, do PT gaúcho, Costa deixou claro que nada revelaria aos parlamentares.
Marco Maia: "É verdade que vossa senhoria delatou à Justiça brasileira a ocorrência de superfaturamentos e pagamentos de propina oriundos das contratações da Refinaria de Abreu e Lima?"
Costa: "Seu relator, repito aqui, me desculpa aí novamente, mas eu vou permanecer calado".
Parlamentares de oposição tentaram transformar a audiência pública em reunião fechada, a fim de convencer Costa a dizer o que sabe de maneira mais reservada. Mas, por 10 votos a 8, a maioria governista da CPMI decidiu manter a reunião aberta, o que gerou bate-boca.
Onix: "A investigação só tem uma chance: é fechar essa reunião. Se não fechar, vai ganhar quem não quer investigar".
Florence: "Protesto, senhor presidente. Não é verdade. Essa é uma acusação que não tem pertinência".
Sem o depoimento verbal de Paulo Roberto Costa, os parlamentares se concentram, agora, na permissão de acesso ao conteúdo da delação premiada que ele faz sob a supervisão da Justiça do Paraná. O comando da CPMI vai se reunir, na próxima terça-feira, com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, para reforçar o pedido de compartilhamento automático dessa delação. O relator da comissão, deputado Marco Maia, não descarta uma nova convocação de Costa.
"Vamos continuar com o trabalho. Temos muita informação que está chegando todos os dias à CPMI e eu não descarto que o Paulo Roberto Costa, depois que tenhamos as informações da delação premiada, retorne a esta CPMI para tratar dos temas da delação premiada".
Durante e depois da reunião desta quarta, os líderes partidários manifestaram a frustração com a falta de esclarecimento das supostas denúncias de Costa às vésperas da eleição, como afirmou o deputado Carlos Sampaio, do PSDB paulista.
"Eu estou preocupado com quem assaltou a Petrobras. Não é justo a população brasileira definir o seu voto sem saber quem, de fato, agiu como político ou como marginal, surrupiando a Petrobras".
O líder do PT, deputado Vicentinho, foi outro que lamentou a falta de depoimento.
"Lamento porque, ao não falar, continuam o espetáculo e a postura enganadora e mentirosa. A oposição tem uma grande aliada que é a grande mídia. Nós queremos a verdade em todas as circunstâncias".
O líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha, também protestou.
"O PMDB não tem nada a esconder. O PMDB gostaria, sim, que o senhor Paulo Roberto aqui confirmasse ou desmentisse os nomes dos parlamentares que supostamente foram mencionados como participantes ou não de sua suposta delação. Porque pior do que deixar em aberto nomes de parlamentares que não foram citados, é citar ou vazar nomes de parlamentares que não têm, sequer, o direito de defesa porque não sabem, sequer, daquilo que estão sendo acusados às vésperas de um processo eleitoral".
A comissão aproveitou a reunião desta quarta para aprovar o requerimento para ouvir Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, apontado como figura central do esquema de evasão de divisas investigado pela Polícia Federal.